As palavras são recursos lingüísticos usados pelo homem como crença em um mundo imóvel e definido. A lógica da segurança como ilusão necessária à sua existência espaço-temporal. Ou história constituída. Modelo referencial para o desenrolar de suas ações. Por tal, dependendo da importância da época, algumas palavras são capturadas e se tornam elementos figurativos a-dialógicos exibidos no mercado da sedução lingüística. Status palavrório. Os clichês enfáticos dos momentos dominantes. Pérolas rolantes dos salões das estrelas das amenidades política, social, econômica artística, mística, etc. Sem elas não há dança. Quer dizer: o mundo não faz que gira. São palavras enunciadas solitárias, mas com grande força discursiva. Ou, palavras se destacando em um texto. De qualquer sorte, elas mostram em qualquer ocasião seus prestígios, pois sem elas o sujeito do discurso não é nada. Não é tido como inteligente, sério e responsável no território onde procura enfatizar seu estado de coisa. Deus, trabalho, ética, moral, segurança, educação, amor, vergonha, corrupção, natureza, são algumas das prestigiosas. Sem essa lógica da imobilidade lingüística, não dá para acreditar na seriedade de um homem se em sua atividade profissional ele, compulsivamente, não evocar a palavra Deus. Ainda mais se confessar-se temente a Ele. O governo Serra em São Paulo não se torna real se não atentarmos para seu marketing: “O governo trabalhando por você”. Assim como, em Manaus, a eficiência da prefeitura sem o seu: “A prefeitura mostrando trabalho”. O mesmo ocorre com o parlamento. Sem as enunciações sígnicas ética, moral, corrupção e vergonha, ele não é crível. Vejamos no nosso caso, principalmente se não forem enuciadas por nossos orgulhos telúricos, Jefferson Peres e Arthur. Já na promoção da fobia social, a segurança cai como um bem enunciativo incontestável a quem faz uso. “A educação que transforma”, excita os educalólogos. O amor, principalmente o “amor ao próximo”, faz um grande bem material ao seu usuário. Embora algumas palavras sejam mais prestigiadas em lugares particulares, entretanto, neste momento a palavra que é o bicho linguístico do glamour palavrório, é a tal da natureza. Mesmo sem ninguém apresentar o seu objeto e seu conceito, ela corre solta em múltiplas bocas e ouvidos. Nem o Ibama, o Inpa, o Gren peece, Ongs, igrejas, universidades, tecnologias… Está na crista da onda. Quer ser enturmado mundialmente? Enuncie: “natureza”. Até o Bush enuncia. Todavia, nunca esquecer a fonte usual deste carrossel palavrório, de onde saltam livres e soltas, sem nenhum pejo estas palavras calculisticamente aderentes: as mídias. Território da festa geral, próprio para o sedutor e inebriante desfile cacolálico regido pela entropia racional. Lá, onde não há movimento, só palavras prestigiadas.

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