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Contrariando o Eterno Retorno do filósofo Nietzsche, a propaganda eleitoral em Manaus confirma o eterno retorno do mesmo: nada de novo sob a luz do sol da Semiótica-Política-Democrática: não importam os candidatos e seus partidos seus enunciados confirmam a tirania da ecolalia, da redundância, a exacerbação da igualdade. Não aprenderam que só se deve falar quando se superou o que se fala. Caso contrário só se tagarela, como diz o filósofo do Humano, Demasiado Humano. Programa eleitoral em Manaus é só mórbida tagarelagem. 

 

Em algumas eleições passadas os eleitores-espectadores ainda aguardavam ansiosos a hora da propaganda eleitoral, pois tratava-se de um verdadeiro espetáculo de humor. Era a hora da gargalhada em família com enunciados dos tipos, “Seja quem fores vota no Flores”. Hoje, ninguém sequer lembra evocar “Para não dizer que não falei de flores”. Como diz Roberto Carlos: “Tudo é igual, não me iludo…”. Há uma compulsiva proliferação do Nada embalado no mítico, mistico, fetichista, coisificação.

 

Ha uma visível constatação que os candidatos não sabem o que seja a força sedutora e dominadora da semiótica como recurso modelador-linguístico do sistema-dogmático-capitalista-capitalístico-paranoico em que todos confirmam a tautologia do discurso pegajoso da linguagem encrática, como mostra Roland Barthes, da sociedade do espetáculo da sociedade de consumo: a vitória do senso comum, da inutilidade-linguística.

 

Nenhum signo linguístico se mostra como um acontecimento político-democrático. Acontecimento como o Novo, no sentido de Foucault. É desfile tenebroso da miséria linguística sem qualquer preocupação em mostrar que se trata de uma disputa por um cargo parlamentar e executivo. Tudo na mais santa paz da nadificação-semiótica.

 

Um candidato, diz: Quero ser eleito para defender Deus! Meu Deus, que pretensão. Outro: Eu sou seu candidato! E a vontade do eleitor onde fica? Vem outro e diz: Eu sou policial e comigo é no pau! Quando foi  tornado obrigatório delegado de policia ter curso superior se acreditou que a tortura ia acabar nas delegacias. Ledo Ivo engano: tudo continua como dantes para confirmar a sabedoria de Lúcio Flávio: “Polícia é polícia e bandido é bandido”.

 

Não faltam candidatos que recorrem aos símbolos abusivamente usados por Bolsonaro de forma misticamente inconsequente: Deus, Pátria, Família e Liberdade. Saberão eles os conceitos fundamentais de tais enunciados?

Sabem que Deus é Substância Absoluta criada por si mesma em si mesma como Sive Natura? Deus é Natureza? Natureza-Naturante: Efeito. Natureza-Naturada: Homem. Nada de antropomorfismo ou antropocentrismo? Como nos mostra o filósofo, Spinoza. Não há imagem e semelhança de Deus para o homem. Deus não tem imagem do homem, exterior, e nem semelhança, interior, seus atributos, pensamento, extensão, movimento, providência, infinitude, intemporarilidade, etc. E que por essas categorias não se pode falar sobre Deus. E que é heresia-estúpida afirmar “Deus acima de todos”. Quando não se sabe nem ser solidário com os humanos

 

E Pátria? Sabem que Pátria é Devir-Povo, Língua, Solo-Sub-Solo, Substâncias-Naturais, Relações-Populacionais como Processual-Ontológico da Existência-Coletiva que tecem as representações simbólicas como Unidade-Cívica materializada na Bandeira, Hino, Corpus-Imateriais que se endereçam para o sentido de Soberania, Nação? Muitos não sabem. Acreditam que Pátria se reduz nas Forças Armadas, como os bolsonaristas. Por isso pedem golpe e militares no poder.

 

As Forças Armadas fazem parte da Pátria e suas funções Constitucionais é defender o Brasil contra o perigo externo. O que não aconteceu quando os norte-americanos comandaram o golpe de 64. E, a pouco tempo, Moro e a Lava Jato, dirigidos pelo Departamento de Estado dos EUA, destruíram a economia brasileira, principalmente a política da Petrobras e prenderam Lula para que o campo de ação antipatriota ficasse livre. Muitos não sabem, por isso não se posicionaram contra a destruição da Amazônia com o beneplácito de Bolsonaro e seu ministro Sales, o do “passar a boiada”. E ainda discursam como defensores da Amazônia, como candidatos bolsonaristas.

 

E família? Sabem que já existiram pelo menos cinco formas de família? Família-Primitiva (Comunista), Família-Antiga, Família-Feudal, Família-Moderna e Pós-Moderna. Ou, Família-Teletecnológica. A Família reduzida pelo aparelho celular. Sabem qual é a função da Família-Capitalista? Como diz o filósofo-psiquiatra, Guattari, em que consiste esta família? “Em negar magicamente a realidade social, em evitar todas as conexões com os fluxos reais, só permanecendo possíveis o sonho e o isolamento infernal do sistema-conjugal-familial, ou então, nos grandes momentos de crise, um pequeno território miserável para se retrair solitário“? Pois é. Querem uma família contrária a Substância-Divina para escravizar seus membros e explorá-los como fazem muitos pastores coadjuvados por falsos cristãos alcunhados de evangélicos.

 

E a boa e velha Liberdade, o que sabem? Estudaram por um acaso o filósofo da Liberdade, Jean-Paul Sartre em que afirma que o homem nasce livre. Primeiro é Existência e depois Essência produzida em Liberdade. A Liberdade é um Projeto Existencial do Homem e da Mulher Livres. É por falta dessa condição de Ser-Ontológico que o burguês não tem Liberdade. Ele não passa de um insuportável Em-Si. Um Solipsista. Liberdade significa que a Existência antecede a Essência. A Essência é produção em Liberdade, mas quando alguém, como sujeito-sujeitado pela semiótica-paranoica-dominante só repete o que lhe foi modelado como ego-submisso, não tem Liberdade. E são os que mais pronunciam a palavra-revolucionária.

 

E tem, também, as chamadas candidaturas coletivas das mulheres que seguem a mesma redundância negadora do Desejo-Produção. Não entenderam o que seja o Devir-Mulher. Não entenderam que a própria palavra Mulher foi codificada pela semiótica-hominista. Da mesma forma que foi codificada a palavra trabalho e trabalhador. São palavras codificadas pela semiótica do sistema capitalista-dominante que continuamente, quando elas tentam um corte, ela volta a sobrecodificá-la para não perder a mais-valia semiótica-exploradora. Essa a razão que as levas a se iludirem quando se mostram contestadora, sem saberem que usam o mesmo referencial hominista.

 

É preciso aprender a esquizofrenizar os conceitos paraoicos-molares hoministas que são fálicos e escravocratas para poderem se desterritorializarem e eliminarem essa condição ecolálica-hominista deixando a posição mulherista para se reterritorializarem como fêmeas-revolucionárias. Essa negação de suas próprias condições são apresentadas tantos pelas candidatas do PCdoB como as candidatas do PT. Se não entenderem que não há machismo, mas hominismo, não vão deixar esse território molar que as impedem de realizarem a revolução-molecular. Vão continuar contribuindo para o império do patriarcalismo-fálico. A ordem fantasmática da dominação. É triste e desesperador ser dominada por fantasmas. 

 

O mesmo erro ocorre com as candidaturas-coletivas das chamada juventudes das esquerdas. Os enunciados são os mesmos. Não entenderam que juventude não é idade, mas “saber extrair partículas, velocidades, lentidões e fluxos outros desta juventude (Deleuze/Guattari)” se descodificando da semiótica-dominante que se expressa claramente nos ditos partidos de esquerda. Caso contrário vão continuar epígonos: crianças que nasceram de cabelos brancos, como mostra Nietzsche. E jamais experimentarão a alegria dos afetos alegres e das Potências da Práxis e da Poieses Cognitivas. 

 

Como diz a filósofa Eco Nilda: O programa eleitoral de Manaus é verdadeiro desfile de personagens desnarcisados a procura de reconhecimento. Se fossem narcisados usariam uma linguagem revolucionária onde a Potência-Política-Democrática seria bem vista, entendida, acatada e aplaudida pelo eleitor que procura o Novo. E não as vetustas centenas de anos passados quando ainda nem partidos políticos existiam.  

 

 

 

1 thought on “PROPAGANDA ELEITORAL EM MANAUS: NADA DE NOVO SOB A LUZ DA SEMIÓTICA-POLÍTICA-DEMOCRÁTICA

  1. Muito bom seu texto amigo Marcos José, sem nenhuma pretensão de ser intelectual. Só estou concordando com o “tudo como antes no quartel de Abrantes. É uma verdadeira parafernália esquizofrênica. Ninguém diz coisa com coisa. E em relação Deus, por caridade. Me veio logo à mente a resposta da primeira pergunta que Kardec recebeu da Espiritualidade e que compilou junto com mais de mil respostas (e respectivas perguntas) no Livro dos Espíritos: P. Que é Deus? R. Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisa

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