O filósofo francês Deleuze afirma que mesmo capturado por uma subjetividade sujeitadora, cuja pragmática é voz de comando do buraco negro, território imobilizante das potências criativas, todo sujeito carrega um buraquinho por onde pode atravessar a inteligência, linha de fuga/produtiva, capaz de causar rupturas impulsionadoras de novas formas de percepções/cognições-afetivas. Pois bem, e não é que a tia Xuxa, negando a voz de comando do buraco negro Globo, arreganhou seu buraquinho e permitiu atravessar uma nesga de inteligência, enunciando em público a estesia em que está paralisada a fantasmática mídia: “Não sou só eu que estou perdendo audiência, é a Globo como um todo”. Alguém, em sua maldade, poderá perguntar: “Mas isso é inteligência?”. E logo responder: “Isso o eleitor do Lula já sabe”. Certo, mas se tratando de alguém acometida da fabulação infanto-juvenil que muitos acreditavam ser destituída desta faculdade intelectiva, é mais do que prova. Tanto é que seu feito a coloca em grau de superioridade epistemológica ao borbulhante calunista social da Veja meu bem, Mainardi, que mesmo com todo seus rompantes fantasiosos de intelectual, segundo o filósofo Maurício Colares, em seu texto, “Lula é uma Anta?”, é destituído de tal buraquinho; portanto, é tapado. Fato que a tia Xuxa, dita infantilizada (doença da infância), na força de seus hormônios quarentões conseguiu eximir de si diante da opinião pública. O que o seqüelado/midiático não consegue. Além de quê, não ficou só em seu argumento de defesa. Ridicularizou o dogma da mãe do Ali Kamel, afirmando que “a própria novela das oito, que sempre foi o carro-chefe da Globo, está perdendo audiência”. Se ela vai continuar atualizando essas vibrações intelectivas, será ou não sua questão. O que nos importa é que ela disjuntou pontos paranóicos do buraco negro. Cortou por dentro a rede quando se acreditava ser ela um ponto bem fixado. Por tal, pedimos sua bênção, tia Xuxa! Valeu o presente de Natal. Mas como somos gulosos, queremos mais.

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