Se a Vertebral não analisou nada se realizou

# Segundona TDPM – Transtorno Disfórico Pré Menstrual, onze horas, o telefone toca, zonza, entre um bode e o sol, a voz do Zofe me intimando para ligar na TV Câmara de Manaus. Rolando na pedra filosofal do Onde estou? Quem sou? Para onde vou?, ligo absorta, e vejo o que jamais vi neste estabelecimento do virtual/real: quase todos os vereadores com os olhares atentos ao mesmo ponto. Intrigada, acordo de vez na dúvida de um pesadelo. Nas vezes que passeio por tal recinto presencio a mesma performance legislativa: um vereador falando na tribuna e o resto conversando, dormindo, lendo jornal, tomando café, atendendo telefone, e por aí vamos nós. Mas desta vez não: com exceção dos vereadores José Ricardo e Waldemir José, o resto, inclusive funcionários, estavam cúmplices na mesma direção perceptiva. A câmara imóvel me torturou por alguns momentos. Logo outra câmara evidenciou-me o fator sedutor dos olhares. Discursando não mais no embalo de seus cacoetes, reflexo de seu infantilizado ato condenado por seus pares, mas como se pudesse tirar proveito do ato pelo menos em sua taba, o senador “orgulho do Amazonas”, Arthur Neto. Qual foi minha primeira indagação, Ambrósio? Esta mesma: o que o “orgulho” tem para ensinar de bom politicamente para esses edis? Logo veio a resposta. A confirmação de que a maior parte destes também é parecida com ele. Aí a atenção vigorosa. Pois, Ambrósio, só alguém muito limitado politicamente pode acreditar na importância popular de Arthur. Ainda mais em um texto rescaldo da CPMF. Ambrósio, o ventriloquado de FH, ainda sugeriu como Lula deveria fazer para cobrir a ausência dos mais de 40 bilhões que vão faltar com o fim da dita cobrança. Como se fosse um bom administrador público. Como ex-prefeito, as lembranças daquela Manaus são cruéis. Tão cruéis como a dos outros que apoiou posteriormente. Ambrósio, meu nego, agora imagina o festival de disparates elogiosos nos pronunciamentos dos conterrâneos. Isso que imaginaste. Eles asseveraram a importância do senador espírita como líder condutor da derrota da CPMF. Nem em jurupita, nenhum desconfiou que não houve nada de líder. Houve uma submissão às ordens dos empresários, que estavam loucos para escapar do pagamento da cobrança. Nenhum desconfiou que o “grande líder” não foi líder em nenhuma das duas: Renan e CPMF. Então foi a vez do vereador José Ricardo, o pouco que restou do PT local juntamente com Walosé. Todo o riso e segurança do paparicado senador desapareceu para dar lugar à coceira na orelha, lábios espremidos, fungados e outros gestos incomodados. Zé Ricardo mostrou que os grandes interessados no fim da CPMF eram os empresários. Afirmou que eles pagam mais 70% do total. Dinheiro, agora, tirado do Bolsa Família, Fome Zero e outras políticas públicas. Deixou claro que o ato da direita foi de total irresponsabilidade com o Brasil. E, de quebra, ainda derrubou o estúpido argumento usado pelo senador, que Lula deveria fazer contenção de despesa, limitando os gastos com o serviço público. Em seu argumento, Zé Ricardo bateu também em FH, mostrando que tudo que Arthur falou era exatamente o que o seu governo havia feito: submissão ao neoliberalismo com o fim do estado e violência com o servidor público. E ainda lembrou dos concursos públicos que Fernando não promoveu, mas Lula tem promovido. Foi um chega para lá na moral. Como se o senador fosse o Zé Ricardo e o vereador o Arthur. Mas destes vereadores. Ambrósio, te segura. Sabe quem aproveitou o embalo ricardino para também tirar uma boa lasca do vergiliano? Adivinha? O Jorge Maia, meu. Falou também que o fim da CPMF era para prejudicar o povo. Não acreditas? Bem, aí já é questão com tua fé.

# “Ninha, não é teu avô que é soldado da borracha?”, perguntou a Valda enquanto chupava uma cabeçade bodó. “Bem, ele diz que foi aposentado assim, mas que isso de soldado da borracha foi apenas um truque pra enganar 100 mil nordestinos”, respondeu a Ninha, levando à boca uma colherada de caldo. “Pois tu sabias que agora ele poderia voltar para o seringal?”. “Arre!”. “É, tu não sabe que o governador Eduardo Guerreiro de Sempre Braga foi à Malásia e à China pra visitar uns institutos de pesquisa e empresas que estão desenvolvendo estudos avançados com a borracha da seringa”. “Será que o Guerreiro de Sempre se acha o vingador, já que os málagos levaram a seringa daqui e deixaram Manaus a ver navios?”. “Você quer dizer: a não ver navios”, arrematou Valda. Nesta hora apareceu Moca, o avô de Ninha. Elas contaram a história pra ele e a neta inquiriu-o: “Vô Moca, tu irias?”. “De jeito nenhum, eu não sou soldadinho de borracha, eles apenas querem algum troco, para a gente nada, depois o Estado nos abandona de novo, até inventarem alguma nova forma de nos explorar de forma desordenada e irresponsável, como foi com a Zona Franca, aí a cidade… Prefiro ficar vendendo meu peixe assado”. “Pô, velho, tu sabe das coisas”, falou Valda, acariciando as mechas brancas de Moca. “Mas não só eu, que vivi isso como experiência, os novos há muito que experimentam estes governos. E passa logo um prato pra cá que eu quero é provardesse bodó…”.

        Cansei do Rock!

                     Como é bom ter muita sede

                                                    E tomar água de pote.

Beijos e Abraços Vertebrais!

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