OBSCENATÓRIO DA IMPRENSA
Uma sacada fora (ob) da cena (scenus) do lugar de ação (torius) da imprensa
Como diria Marx, não se pode apropriar, analisar e encontrar os elos internos de um objeto ou conceito sem colocá-lo fora de seu lugar de ação. Lá onde seu organismo foi urdido como referente social. Não é possível conhecer o objeto e o conceito em seu próprio invólucro. É preciso desembrulhá-lo no território experimental. Caso contrário as metáforas, os eufemismo, os clichês, as palavras de ordem, recursos lingüísticos e imagéticos prevalecerão sobre os fatos, instituindo uma realidade quimérica nocivamente dirigida à obnubilação do público, como acontece no imprensatório, lugar onde o jornalismo age de acordo com seu amor social. Todavia, é possível à própria imprensa se colocar fora, se distanciar de suas ações, como um estranhamento brechtiano, e assim exercer seu auto-exame. Compreender sua verdadeira função cívica em uma democracia. Entretanto, é uma jornada muito sutil, que depende de percepções ainda não codificadas. Senão cair-se-á no logro do falso discernimento, como muitas vezes ocorre com o jornalista Dinner em seu Observatório da Imprensa. Que, ao invés de se movimentar em uma práxis epistemológica analítica, fixa-se em redundância/significante: a lógica ecolálica do discurso dominante. E nisto a observação se reduz apenas ao ato inerte de observar sem transformar. Mudar a forma do jornalismo reacionário, cão de guarda dos patrões. E o Observatório torna-se um palavratório onde as palavras anemizadas bruxuleiam sem suporte móvel mutante.
Então, fica combinado. Será esta a práxis desta coluna deste bloguinho intempestivo: trazer para fora do templo da mídia o que ela ritualiza como verdade com o perverso propósito de dominar e manipular o público para garantir sua segurança maior — o lucro. E não importa os meios escusos que use. O que importa é que sua paixão sobreviva.
