A NOBREZA DA GLOBO
Hitler, dirigido por seu Chefe da Propaganda nazista, Goebbels, um conhecedor da psicologia de massa, segundo o psicanalista Wilhelm Reich, interpretava uma técnica eficaz de fazer com que suas enunciações, palavras de ordem, se ajustassem livremente na percepção e cognição do trabalhador. Em uma praça muito bem produzida, sustentada por um lógica sensorial extasiante, com músicas executadas que variavam de fugas, odes e marchas servindo de prólogo corporal preparatório ao seu discurso paranóico sedutor, os trabalhadores, depois de uma extenuante labuta, explorados, cansados, carregando afetos mistificados pelo ressentimento, culpa, com suas percepções e cognições, adentrando no estágio de inebriamento, onde o discernimento é perturbado por imagens e conceitos flutuantes, chegavam e iam se aglomerando envoltos à sonoplastia heroicizante e os ruídos de chegada e saída de veículos do Führer. Cenário midiático hipnótico fundamental para o maneirismo gestual e sonoro do III Reich se alocar no sujeito/sujeitado: o trabalhador. Entretanto, a praça não era só habitada pelos trabalhadores, mas também pela classe média. Só que esta classe não apresentava os mesmos afetos da classe trabalhadora. Pois, enquanto a trabalhadora passava por um processual de sedução para ser vitimada, a classe média, vivendo seus delírios burgueses apocalípticos, a priori, se colocava, por escolha própria, como a grande colaboradora para a ascensão do III Reich. Crente que seus interesses econômicos e sociais estariam garantidos sob um poder nazista.
OS VESTÍGIOS NAZISTAS DA GLOBO
O que é o horário nobre da Globo? É o produto da divisão e tempo de trabalho do sistema capitalista: o estado afetivo e intelectivo reificados enunciados como repouso e entretenimento. Na verdade, a idéia real abstraída como objeto espectral, como diria o filósofo Sartre. É o momento da estagnação do querer. A ausência da autonomia da escolha. O estágio crepuscular da noite, simulando o real. O mágico absorvente dos discursos como seriedade. A nobreza como alegoria infantilizada, expressa na indignação, espanto, moralismo, saber, opinião, como carrossel do vazio excitado principalmente pelo JN e Telenovela. Daí que amparados por psicólogos de mercado midiático, os Marinhos, Kamel e Bonner-Simpson acreditarem que é aí, neste estágio, sem auto-reflexão, onde o telespectador se encontra que eles podem colar suas verdades. Mas não cola. Na dissipação perceptiva e cognitiva promovida pela TV com seus milhões de pontinhos coloridos, suas cascatas de imagens e textos enfáticos proferidos por repórteres, jornalistas, apresentadores e atores hebefrênicos, nada cola. Entra por um buraco e sai por outro. No território que eles acreditam ser o buraco negro de captura do telespectador, eles que são capturados. Sonambúlicos, seus textos/imagéticos são simulacros tencionando ilusoriamente uma realidade privada: a Globo. Sintomas que a diagnosticam como caso de saúde pública. Por tal, sua patologia/áudio/visual/textual não serve para a democracia. O exemplo recente mais óbvio foi o golpe que tentaram dar contra a reeleição de Lula. Mas a maior parte da população, desperta, desreificada, efetivada no real/atual, o elegeu. Só a reificada/quimérica classe média, o ente sem essência e existência, e que por isso não pode ser pensada nem imaginada, votou em seu candidato. Da mesma forma que a classe média nazista. Este, o horário nobre da Globo: o tempo efêmero do vazio. Aí onde só se volatiza quem está cansado da existência e a nomeia como sua deusa psicodélica do alento e da esperança reativa/depressiva. Deste modo, não há como diferenciar a metodologia de sedução nazista de Hitler e da Globo/Capital. Da forma como o capitalismo eliminou o tempo para melhor se apropriar da força de produção do operário e como a propaganda nazista a-temporal operava até nos sonhos dos alemães, a Globo tirou o suporte do tempo, que é o espaço, para fluir com sua programação psicótica continuamente. Mas foi aí que ela se entropizou: sem espaço não existe o fora. E sem o fora a Globo segue se dissipando em si mesma. Para o bem do Brasil, é lógico.