FOGUEIRA DE DONA MARIANA PARA SANTO ANTÔNIO NO TERREIRO DE MÃE VALKÍRIA
“Rei da Turquia
Já içou sua bandeira
Venha ver como é bonita
A Mariana na trincheira”
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Essa festa, com sua ritualidade singular, ocorreu no dia 12 de junho passado lá no João Paulo II, no terreiro da sempre alegre e cativante Mãe Valkíria, que sempre recebe todos os filhos e convidados com muita amizade e carinho. E foi Pai Geovano quem começou a puxar os pontos, que logo tomaram conta da sala, com a participação de todos no canto, na dança e na palma da mão.
“Lá de trás daquele morro
Tem sete espadas guerreiras
Uma é de Santa Bárbara
Outra é de Babá Soeira”
“Eu vou passear
Meu pai me chamou pra passarinhar
Passarinhar, passarinhar eu vou
Passarinhar, passarinhar eu vou”
Enquanto o tambor soava ritmado e enlevo, com tamanha devoção, logo vários cabocos começaram a baixar e receber dos convidados o reconhecimento e distribuir suas bênçãos. Enquanto isso, pegamos com Mãe Valkíria o significado dessa festa:
Essa festa de Santo Antônio é uma festa que eu faço todos os anos, há sete anos. É por um milagre que se deu a uma sobrinha minha, que teve uma grande necessidade. E foi uma festa que ela se comprometeu de fazer para a caboca Mariana, que foi uma caboca que ajudou a ela sair de uma situação difícil. É uma festa em que Dona Mariana fica muito satisfeita. É uma festa que ela consagra pros clientes, pros visitantes e pros cabocos que vêm, que ela ama os irmãos dela. Ela abre com o tambor, faz a festa dela lá na frente e toca fogo na fogueira dela. Pra mim é uma satisfação ter essa caboca, é uma caboca que eu amo de coração. Ela é uma caboca parteira, curandeira, ela protege muito as crianças. Ela é tudo pra mim. Então, eu agradeço a todos que estão homenageando a ela e a Santo Antônio, que é protetor dos namorados e é protetor dos exus. Mas a Dona Mariana cativa pra ela, mas se os exus aparecem na festa dela são bem recebidos, assim como todos.
“Quando a lua nasceu
A mata clareou
Ela não é daqui, meu irmão
É lá do interior”
Dona Braba
Seu Sibamba e Seu Zé Raimundo
E logo chegou Dona Mariana, como sempre engraçada e falante, aconselhando alguns, brincando com todos que ali estavam, compartilhando essa festa com os filhos e as outras entidades presentes. E ela própria deu as boas vindas aos presentes.
“Isso é uma brincadeira que fizeram pra mim, e eu agradeço aos filhos de santo que ajudaram, que estão sempre dando uma ajuda pra mãe de santo, e a a todos aqui. Então, todos se sintam à vontade, eu agradeço a todos. Pra mim é uma festa, mais um motivo pra mim tomar umas espumosas. Depois nós vamos parar um pouquinho nosso tamborzinho porque eu quero acender minha fogueira, que é pro povo ver como é que eu acendo minha fogueira.”
“Mariana, Mariana,
Teus cabelos é fio de ouro
E a barra da tua saia
É feita de prata e ouro”
Em seguida passou-se à distribuição da deliciosa, santificada e medicinal jurema. Pai Geovano e a Caboca Braba se encarregaram de comandar o canto e a distribuição.
“Eu vou beber minha jurema
Dê no que der
Se a jurema for boa
Dê no que der
Aqui mesmo eu bebo
Aqui mesmo eu caio”
E quem apareceu também bem na hora da jurema foi o baiador caboco Olho d’Água, com seu trote pungente e sua voz estridente.
“Gostou do índio
Porque não vem ver
Ele é caboco que só veste pena
Venha ver as forças
Que vem da jurema”
Dona Mariana, então, pediu pra fazer uma pausa no tambor, e foi lá pra rua acender sua fogueira. E olha como ela abana o fogo. Todos se deliciaram com as brincadeiras de Dona Mariana e Seu Sibamba. E na presença de todos que estavam ali ou que passavam e paravam pra ver, e na frente da fogueira, a bela turca fez um pacto com seu Zé Raimundo.
“Na porta da minha casa
Tem uma roseira
Toda enfeitada de flor
Passarinho, me diga
Onde mora o beija-flor”
Dona Mariana passou fogueira hoje com seu Zé Raimundo, que é um compromisso que ela faz com os cabocos pra todos os anos eles estarem presentes na festa dela, há cada ano ela passa com um caboco. Ela também faz casamentos, como ela fez hoje o casamento da Val com a Lúcia, que são lésbicas. Não tem preconceito. Ela faz casamento de travestis. Se o pastor, o padre não quer casar, pode vir casar aqui que ela casa. Em Cosme e Damião ela faz batizado de crianças (em primeiro lugar aqui na minha casa são as crianças, porque ela é parteira). Seu Sibamba foi o padrinho de casamento delas. Elas já tem vinte anos que vivem juntas, vivem muito bem, são minhas clientes há muitos anos. Que Deus abençoe elas, que dê muitos e muitos anos pra elas juntas.
O PRIMEIRO CASAMENTO HOMOSSEXUAL DO BRASIL
Ao final, tivemos uma conversa com Lúcia e Val, que nos falaram da realização no Brasil desse que foi o primeiro casamento homossexual que ouvimos falar, demonstrando que realmente as religiões afro têm uma abertura democrática natural que só chegará às outras devido à pressão da multidão livre e atuante. Dona Mariana, como disse Mãe Valkíria, está aí pra ajudar na união, na felicidade das pessoas, independente do sexo.
Ao perguntarmos pra elas sob qual o significado na existência delas daquele ritual de casamento, Val começou:
A gente vive juntas há 18 anos. Ela vivia dizendo pra mim: “Um dia a gente vai casar”. A gente não casou ainda porque no Brasil ainda não foi regulamentada a lei que permita a casais de mulheres ou de homens casarem-se. Mas no dia que regulamentar a gente vai casar. 18 anos já é uma vida. Pela Umbanda, já era pra ter falado há muito tempo, a gente sempre conversava com a Dona Mariana, e acabava não casando. Eu vivo na Umbanda desde pequena; todos esses cabocos que estavam aqui a gente já conhece de outros carnavais. Até que hoje, de repente, a gente falou com ela [Dona Mariana] e resolvemos casar rapidinho.
Lúcia continuou, trazendo detalhes de suas vidas de antes e depois de estarem juntas, que demonstram uma questão muito importante para o mundo gay, que é o fato de não sofrerem preconceitos. Elas sabem que existe, mas da forma como elas se colocam íntegras no mundo, ele não as atinge, porque constroem relações afetivas livres, com pessoas livres.
A gente vive uma vida legal. Já teve muitos altos e baixos, claro, mas a gente conseguiu vencer todas as barreiras e estamos aí. Eu digo que nós somos felizes, a gente já conseguiu juntas realizar vários sonhos. Nós temos filhos. Ela tem uma filha casada. Eu também tenho uma filha, que é casada, e um filho que tá noivo, e a minha nora me recebe muito bem. A minha filha já tem filho, eu já sou avó. As nossas filhas são evangélicas, nós nunca tivemos problema nenhum desde quando eles eram pequenos. Nem com a nossa família também, nossos amigos, todos frequentam a nossa casa, todo mundo nos respeita. A gente é bem querida. Minha família, minhas irmãs, sobrinhas, quase todos são evangélicos; quase não temos amigos gays, nossos amigos, quase todos são casais de homem e mulher, e os filhos deles frequentam a nossa casa, nós vamos na casa deles.
Seguindo o relato, ao perguntarmos que se os políticos não aprovam a lei de união civil para homossexuais é por preconceito da classe política, Val arrematou:
Acho que é, porque no meu trabalho eu nunca sofri discriminação, até hoje a gente viaja, tudo, vai pra fora, e pra onde a gente vai a gente é bem recebido. Nós fomos felizes até hoje, e vamos continuar sendo felizes…
Vendo a alegria com que Lúcia e Val falam do amor que vivem, aquilo que Dona Mariana celebrou e que os cabocos e todos os filhos e convidados viram, pela importância política de um casamento homossexual, mas principalmente por ter percebido — além do que tantos casamento civis oficializados — uma relação de amizade e ternura, uma verdadeira relação homoafetiva, é que esse bloguinho deseja a Lúcia e Val: Feliz casamento!
“Eu avistei um morro
Lá no meio do mar
Eu avistei, senhor meu pai
A minha bandeira real”
PARABÉNS D.MARIANA PELA BONITA FESTA,E PELO CASAMENTO AMBÉM,QUE ELAS CONTINUEM FELIZES.
qero receber mestres
qero receber mestres
qero receber mestres
qero receber mestres
qero receber mestres
qero receber mestres tindo
qero receber mestres tindo
qero receber mestres tindo
qero receber mestres tindo
qero receber mestres tindo
oi quem fala com as pessoas de faros porque quero oraçao boas eruins para fazer maudade paras as pessoas qui eu tenhorraiva porquer tenho terrero minajude poque quero fazer as pessoas vouta para meu terrei porque deboxo muito de mim