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PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG E BLOG ESQUIZOFIA

 

Todo fim de ano, as companheiras e os companheiros do site Afinsophia.org e do Blog Esquizofia, entrevistam uma Mãe de Santo ou Pai de Santo para ouvir suas previsões sobre o ano entrante. O badalado Ano Novo, embora o Tempo seja Ayon, o Tempo Caosmótico, incapiturável, e não o Tempo Pulsado que nos determinou o nosso Tempo-Social, muito bem materializado como Relógio-Social,  o que o filósofo-psiquiatra, Félix Guattari, chama de “reiteração narcísica-obsessiva” do cotidiano que nos leva a creditar em nossos estereótipos domesticados-domesticantes.

 

Neste fim de ano de 2024, as companheiras e os companheiros foram ao encontro da excelsa, nobre e inteligentíssima, além de engajadíssima, Mãe Nanagô que habita – no sentido Oikia – em uma Comunalidade na Zora Rural de Manaus, junto com várias famílias responsáveis pela manutenção material e espiritual das relações de afetos e cognições de todos.

 

Mãe Nanagô, recebeu todas e todos com uma saborosa cachaça e peixes embrasados com molhos de pimentas, carregados pela sua belíssima simpatia, amor e companheirismo. Foram abraços e beijos para todos os lados. Uma verdadeira festa de terreiro com direitos as participações de galinhas, galos, porcos, cutia, anta, preguiça, macaco, cobra, capivara, cachorros, gatos e,também, mucuras. Uma festa realmente Ecológica sem qualquer intermediário-ficcional sobre a Natureza e os presentes.

 

É dispensável comentar sobre a Potência Intelectual, Semiótica, Cognitiva, Sensitiva e Ética de Mãe Nanagô, já que durante a entrevista seus conhecimentos, afetos, práxis, poieses, engajamentos, formação política e atuações ficarão bem visíveis, até para os anti-epistemológicos.

 

Queremos informar, entretanto, porque se faz necessário, que as previsões feitas por Mãe Nanagô, não tem qualquer elemento místico, mágico ou mitológico como expressões supersticiosas. Suas previsões são processuais de seus conhecimentos histórico, filosófico, político, econômico, jurídico, sociológico, esquizoanalítico, antropológico, religioso, ético e estético. Que são partículas sociais, que ao serem encadeadas ou condensadas, possibilitam analisar o em-si, o presente-passado, e ter uma concepção indicadora do futuro, o fora, como para-si. E que é chamada de previsão, mas que não tem qualquer sinal metafísico sobrenatural, visto que trata-se de exame do finito – o atual – com olhar ao infinito, novos possíveis. Ou seja, os possíveis que poderão se tornar realidade. Como se sabe, o futura não se encontra distante concretizado, acabado que nós só vamos ao seu encontro. Não. O futuro é um processual-criativo. O futuro só se realiza quando a mulher e o homem se tornam um presente-concreto.

 

Como a coceira-jornalística-previsional era incontrolável, e a ambiência Materna, carinhosamente, envolvente, as carinhas e os carinhas virtualizados, iniciaram a entrevista impulsionados pelo desejo-futurista do em-si brasileiro do momento deslocando-se pelo para-si-político-interrogativo.

 

                                                                                                             A ENTREVISTA

 

AFINSOPHIA.ORG e BLOG ESQUIZOFIA- Mãe Nanagô, nos responda. O Bolsonaro, embora esteja inelegível e com vários processos pela frente, pelas costas, pés e cabeça, anda divulgando que vai sair candidato à Presidência da República no ano de 2026. Perguntamos: Ele vai se candidatar mesmo presidente?

 

MÃE NANAGÔ (Sorrindo) – Vai.

 

AE (Surpresos) – Vai!?

 

MN – Vai.

 

AE (Ainda muito surpresos) – E vai ganhar?

 

MN – Não.

 

AE (Distendendo) – Ainda bem! Dos males o menor.

 

MN – Ele vai se candidatar presidente do time de futebol da Papuda e vai perder. Depois vai se candidatar para ser roupeiro do time, mas, também, vai perder. Como é sabido, Bolsonaro não joga nada. Só joga praga contra a Democracia, mas sempre perde.

 

AE (Gargalhando) -Puxa, Mãe! A senhora é muito gozadora. Nos deu um puta susto.

 

MN – A Lei é clara: Alguns presos podem votar, mas não podem se candidatar Presidente da República. Entendam: 2025 vai ser o pior ano para Bolsonaro, porque fica próximo de 2026, o ano que ele vai ser definitivamente enterrado na larga cova da antipolítica.

 

AE – O Tarcísio, governador de São Paulo, vai se candidatar presidente? Ele pode ganhar?

 

MN – Ele só se candidataria presidente, e ganharia, se a maioria da população brasileira fosse miliciana. Mas, não é. É Democrata.

 

AE – A Michelle Bolsonaro, pode ganhar se se candidatar presidente?

 

MN – Ela não ganha nem para presidenta da AESEF: Ala dos Evangélicos Sem Fé.

 

AE – E o Lula, consegue o Tetracampeonato?

 

MN – Até o Hexa, se quisesse! Com o governo que está realizando, não tem para ninguém. Os nazifascistas, de todas as cores e tons, não ganham nem com ajuda da Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja, IstoÉ, todas mídias acéfalas do jornalismo antidemocrata, o agronegócio, os parlamentares comerciantes de emendas, os empresários venais e corruptos.

 

AE – E o genocídio praticado descaradamente por Israel contra o Povo Palestino, apoiado pelos EUA e outros paíse, vai acabar ou diminuir?

 

MN – Moçada, a minha praia é o Brasil, mas eu posso aventurar um piteco internacional. Vai diminuir um pouco. Não por decisões políticas-humanitárias de organismos internacionais que já caíram pelas tabelas. Não. Mas porque, é doloroso afirmar essa realidade, matar cansa. Não cansa pela morte do outro, mas porque todo assassinato implica, psicanaliticamente, a representação simbólica do assassinato dos pais dos assassinos.

Quando Israel mata palestino, mata, também, a si. Mesmo que seja em nome de um deus-vingativo e ambicioso. Mas, também, não vai ser só a canseira de Israel. Vão aumentar às revoltas internacionais contra o estado genocida de Israel. E, mesmo, os EUA não vão suportar todas implicações que lhe vão envolver. Apesar dos delírios de Trump. O apocalipse vai virar contra o estado de Israel. Mesmo só um pouquinho.

 

AE – O Congreso Nacional vai declinar de seu ângulo-reacionário um milésimo para o lado Democrático?

 

MN – É quase impossível. Grande parte desses parlamentares tem um estrutura de ego muito bem estratificada na concepção do medo. Por isso, são profundamente domesticados contra o Novo. E fizeram seus treinamentos de base em seus próprios estados com falsos políticos que entendem a Democracia como antidemocracia. E Brasília é só o lugar onde eles vão ser confirmados como sujeitos-sujeitados reacionários antidemocratas.

 

AE – Nós estamos sabendo que a senhora gosta, além de vôlei, também gosta de futebol. O como a senhora analisou as vitórias do Botafogo, inclusive nas Libertadores e como vai ficar esse ex-Botafogo?

 

MN – Analiso com preocupação. Pela primeira vez no futebol brasileiro um time ianque disputa campeonatos como se fosse brasileiro e a torcida do verdadeiro time brasileiro, ainda comemorou como ianque. O Botafogo já muito não é time brasileiro. Ele faz parte do esporte-mercadoria-multinacional. Ele não é o Botafogo do meu tio Lauro Gomes Pinagé, que jogou pelo Fast F.C.

Hoje, ele é apenas um elemento freudiano para alimentar ilusões de torcedores dominados por tristes afetos de insegurança e carência ontológica do Existir como Gravidade Existencial. Talvez assim afirmasse o filósofo, Sartre, se gostasse de futebol. Quanto ao que vai acontecer com ele? Já aconteceu: já acabou. Como jogador de futebol é mercadoria, a maioria já foi vendida. Esse ano o Botafogo não vai ganhar nem o campeonato carioca. E disputasse o campeonato dos lagos no Amazonas, ficaria no último lugar bem distante do Careiro da Várzea. 

 

AE – E em outros territórios, como agenciamentos de anunciações-coletivas, como serão nossas atuações?

 

MN – Bem, o Brasil encontra-se bombando, né. Também, é, de certa forma, moleza depois de quatro anos sem presidente não poderia aparecer ninguém pior que o Bolsonaro. É claro, nesse meio nazifascista todos têm o mesmo talento Democrático: Nenhum. Tem pavor da Vida. Por isso, são niilistas: cultuam a morte como esporte predileto, já que estamos falando sobre esporte.

Mas, com Lula, é covardia. O cara é Democrata puro sangue, nada a ver com a cor da bandeira do PT. Mas se tiver, não poderemos fazer nada. Eu não entendo nada de vinho. Entendo de cachaça, mas posso usar o provérbio populus: Passamos da Água para o Vinho. Mas, cada um em seu tempo certo: vinho quando for necessário, e água sempre. Precisamos dos dois, mas muita mais de água. Não é de graça que somos o Planeta Água e assim deve continuar, mas se lutarmos para mantê-lo sempre puramente molhado.

Mas, afirmo: vamos ter fabulosos progressos. Muitas revelações artísticas. O cinema, teatro, dança, literatura, ciências, a filosofia vai se esparramar revolucionariamente como deve ser, a psicologia em todos seus ramos, muitos médicos e médicas vão compreender que a medicina de mercado não é ciência-médica humana. O Bom e Novo SUS, vai chegar mais perto do Povão para se tornar de vez o melhor Plano de Saúde Coletiva. Lula,ontem apresentou o novo salário mínimo acima da inflação em R$ 1.518. No tempo da estupidez e da brutalidade, não se falava em aumento. Muito pelo contrário: era um desgoverno para o grande capital contra as políticas públicas.

AE – E as expressões Afro-Religiosas, como vão ficar aqui em Manaus?

 

MN – A umbanda, quimbanda, candomblé, macumba, estão ocupando seus verdadeiros espaços com personagens honestos e talentosos, além de engajados afrosoficamente. Só que, com essa boa situação, alguns picaretas e aproveitadores estão se apresentando como representantes da Cultura Religiosa Afro, mas não têm nada de África. São fraudadores da religião-afro.

Tem gente que veste uma túnica e começa a divulgar que é Pai de Santo. E engana até quem é mais difícil de ser enganado:  político  partidário. Mas, não enganaria a Mãe Emília. Que era honesta e sensibilíssima. Conhecia o picareta longe. Certa vez, eu estava em sua casa quando um cara começou a fingir que estava pegando um entidade. Na mesma hora ela mandou o cara sair do terreiro e ir embora. Ela sabia muito bem quando alguém estava com a entidade.  

Tem caso engraçadíssimo. Um candidato procurou um desses falsos Pai de Santo, querendo que ele lhe ajudasse a ser eleito, pois sabia que não seria. Pediu ao tal pai que mudasse seu futuro de candidato derrotado. O tal pai prometeu. Quando chegou a eleição o candidato pilantra, perdeu e foi cobrar do pai pilantra. E ele disse que as entidades não entenderam o pedido, por isso ele não pode mudar o futuro. Só que do lado dele tinha uma Mãe de Santo honesta e disse que era mentira, porque o trabalhos das entidades não é mudar o futuro. O futuro não se muda. O futuro se produz. E o pau cantou. O pai chorou na preta.

 

AE (Sorrindo) – O senhora afirmou que o Brasil se encontra bombando, e Manaus? Vai entrar nessa bombada? Vai se tornar cidade, já que não é?

 

MN (Gargalhando) – Manaus é um caso sério. É um verdadeiro caso de Política. Embora, muitas vezes seja um caso de polícia, principalmente em relação a certas figuras ditas dignas. Moralmente para inglês ver. A velha e tradicional carcaça de mula vai continuar enterrada. Além da alienação de grande parte de sua população, sempre acreditando, edipianamente, que precisa de uma pai, por isso não sabe votar. Além de ser dominada por forte sentimento de culpa e exigindo, claramente, punição, por isso vota errado, contra a Democracia, olha quantidade de bolsonarista que existe aqui, tem uma carência melancólica de artistas, intelectuais, escritores, dominados pela força da impotência leserante.

Um dia desses, um grupo estava discutindo, despudoradamente, sobre a literatura inexistente. Um, representante do delírio classe media, capacho de governantes que se toma por crítico literário, sem saber sequer o que é crítica, defendia uma falsa enunciação acreditando que no passado havia verdadeiros escritores, hoje só literatura superficial. E os acusados de superficiais, humilhados, não fizeram a pergunta precisa: E o que foi que tu escrevestes, revolucionário crítico? Ou, então: que escritor amazonense escreveu uma obra que trepidou o buraco negro de Manaus?

O que se tem mesmo é uma classe esquizoanaliticamente sem saber qual é seu delírio. Uma classe de boyzinhos edipianizados e sem medula-política. Uma classe onde predomina o eu-infantilizado e não um ego-socializado. E têm alguns que entram em um partido de falsa esquerda para ser tido como artista de vanguarda, mas quando é visto, encontram-se mesmo é na retaguarda. Uma esfuziante alegoria do Clube da Mãe do Guarda, que embala o ufanismo telúrico.

 

E o pior que essa desalienação não pode vir por via experiência educação universitária, porque tanto as universidades públicas e privadas não oferecem um mundo concreto aos estudantes onde eles possam experimentar o novo. As universitárias são territórios domesticados pela subjetividade da acomodação e da distância da totalização-humana. Não há essencialidade política na maioria dos professores e professoras. São sujeitos-sujeitados pela da consciência-social dominantemente capitalista/capitalística.

Certa vez, lá no Campus da UFAM, ouvi uma professora do Departamento de Ciências Sociais, que se queixava de ser de esquerda, afirmar que a função da universidade era forma mão de obra para o mercado. E me perguntei: Por que não para feira que é um lugar que tem mais cara e cheiro do populus? Lá não tem superficialidade como ocorre no mercado, embora também seja capitalista/capitalística. Todavia, há mais regionalismo. A única mudança que ocorre em quem sai de uma dessas universidades é que fica mais boçal acreditando, porque foi graduado, que é um rosto menos perdido na multidão. Previsão para 2025 para estas universidades? Vai continuar na triste lógica da mesmidade. Aposenta um ou uma descompromissada-histórica, entra outro ou outra igual. É a oferta e a demanda do mercado da educação universitária de Manaus. Efeito bumerangue: vai e volta. 

 

AE – E o escritor amazonense, Milton Hatoum?

 

MN – Ele não mora em Manaus. E também escreve com suas neuroses. O que não trepida o buraco negro, como pensam o filósofos Deleuze e Guattari. Sem falar nos que se exacerbam, tristemente, na internet acreditando que serão reconhecidos como transcendentes talentos. Infelizmente essa gente não desconfia de suas consciências ficcionais, mistificadas e falsificadas e acreditam, em suas vaidades-burguesas, que o mundo tem necessidade dela.

 

AE – E como Manaus poderá se livrar dessa carcaça de mula enterrada para poder ser uma cidade? 

 

MN – Primeiro, descobrir onde a carcaça encontra-se enterrada. Para mim encontra-se enterrada debaixo do chamado Teatro Amazonas, porque ele é um símbolo fálico do progresso e da sensibilidade, sem ser.  E o manauara herdou essa ilusão-ufanista quando foi, na verdade, a concretização da colonização exploradora.

Segundo, é preciso que se crie um mutirão com o Povo, e equipes de arqueólogos, engenheiros e especialistas em zoologia. Para cair na busca da carcaça da pobre mula que foi condenada por péssimos homens manauaras e estrangeiros. E, então, libertá-la. E junto com ela libertar Manaus e torná-la cidade. 

 

AE – Mãe Nanagô, embora tenhamos emborcados algumas queimantes, mas ainda estamos lúcidos para fazer a última pergunta mais brasileira do momento: O Bolsonaro vai ser preso mesmo?

 

MN (Vibrando) – Sem qualquer dúvida, manas e manos! O Brasil precisa ser conhecido nacional e internacionalmente como uma Nação onde a Justiça é Real-Democracia! E quando seu Povo é ofendido o ofensor é julgado e condenado, pois quem não serve para viver em Democracia deve procurar morar em uma ditadura. A Liberdade é para os Sensitivos, Racionais e Éticos! 

 

 

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