Uma das vertentes da psicanálise diz que em se tratando de amor Eros é, deslocado da mitologia para as proposições existências, o personagem que simboliza o amor adulto dessublimado da fantasia. O amor do Princípio da Realidade. O conluio racional dos casais. Já o personagem que simboliza o amor imaturo, a infantilização dos afetos e da genitália, é Cupido. A criança danadinha que sempre está aprontando as suas e jamais cresce. Fica sempre nas névoas da fantasia do Princípio do Prazer. A atrofia da vida. Segundo esta vertente psicanalística.

Tomada esta vertente como modelar dos programas “infantis” das televisões, de Maísa a Angélica, todas são atrofiadas. Só que a atrofia maior é Xuxa. Não por que é a mais velha na ordem da sublimação, tia sem simbolização, mas porque ficou presa nos brinquedos ‘desbrincados’ da infância. Daí porque Xuxa não permitiu que sua filhota Sasha crescesse. Jogou a criança, ainda criança, nas miras de Cupido. O pior Cupido: o Cupido televisivo da sociedade de consumo. Bem provável que Xuxa tenha acreditado na sentença castradora de que os pais sabem muito bem o que é bom para seus filhos.

Desta forma, Xuxa pretende que sua filhota seja sua continuadora no espetáculo de atrofia pedófila – no sentido grego em que as crianças não recebem orientação pedagógica de acordo com suas condições cognitivas e afetivas infantis –, por isto programou o concurso “Procura-se um Príncipe”, para selecionar um mancebo capaz de contracenar com sua filhota no filme “O Mistério da Feiurinha”, que será dirigido pela ‘ex-cineasta’ Tizuka Yamazaki (como decaiu).

É certo que a Xuxa não seria esta obreira de Cupido se não houvesse um número gritante de pais também atrofiados em seus amores afetivos e genitais. Por isso, a ex-Pelé, consegue 6.000 concorrentes cupidianos, com 15 anos, com a intenção de contracenar com sua filhota de 10.

Tudo que permite Xuxa, no meio de sua eterna “infância”, proferir, no momento da graduação do escolhido, Bernardo Mesquita, a culposa condenação: “Com o posto de Rainha dos Baixinhos, eu te consagro agora Príncipe do filme, “O Mistério da Feiurinha”. Como diria o moralista do deboche: “Que coisa feia, Tia Xuxa”!

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