PALESTINA MON AMOUR
A realidade atual na Faixa de Gaza, dia 16 de janeiro de 2009, revela mais 1.133 mortos, mais de 5.000 feridos, 70% vítimas civis, entre elas centenas de crianças; escolas bombardeadas, matando principalmente crianças; uso indiscriminado do agente químico fósforo, fumaça desnorteante; armazém da ONU, que guardava alimentos e remédios para auxiliar as vítimas, bombardeado; explosão do prédio onde se encontram as empresas jornalísticas; mesquitas destruídas; fome e sede; desespero… Porém, nada que tenha saído da natureza. Nada que tenha a substância Naturante. Tudo, nada mais que a reação cruel de um Estado cujo o entendimento do homem como criatura imagem e semelhança de Deus não conta, está fora. Onde o que conta é a própria imagem e semelhança gerada e armada pela estúpida anti-razão.
COMO UM HOMEM, UM ESTADO É O QUE FAZ
O filósofo Nietzsche, que não era anti-semita, mesmo tendo escrito que os judeus criaram o pior personagem da história — o sacerdote —, aquele que vive da negação da vida, afirmou que a única função da memória é impedir que o passado domine o presente, negando a experiência do novo. Desdobrando Nietzsche, o filósofo Sartre, conhecedor e defensor da causa sionista e palestina, afirmou que o homem é aquilo que escolhe em situação: ser autêntico ou inautêntico. Daí que tomando os dois filósofos, todos os argumento históricos que constituíram a história de Israel, não possuem conteúdos racionais para se defender e nem tomar posição favorável ao seu ódio genocida executado na Faixa de Gaza, em nome da paz judaica. Talvez alguém argumente, afirmando que é um direto de um povo se vingar depois de ser tão perseguido, humilhado e assassinado. Pior seria a confissão que o motivo real do genocídio é a pura vingança da culpa sobre um povo, tirando o Hamas, desarmado e inofensivo. O que mostraria o maior sadismo do Estado de Israel, que, não tendo poderes e nem coragem para enfrentar um estado desenvolvido e bem armado, vira-se contra um povo já vitimado por tantas dissoluções internas.
Portanto, diante da escolha, em situação, de ser um estado inautêntico atuando com o mesmo ódio anti-semita, para quem a segregação, a discriminação, a violência, a covardia, os anátemas da razão, são seus credos, os mais de vinte séculos de comunidade desfeita em experiências passadas pelo cativeiro na Babilônia, a subjugação diante dos Persas, a dominação romana, entre outras violências sofridas, especificamente a desencadeada pelo nazismo hitlerista, não servem de pretexto para o plano de extermínio na Faixa de Gaza. Como é fácil sintetizar do imperativo paranóico enunciado pela chanceler Livni, quando afirma que os ataques continuarão até enquanto o Hamas não se desarmar. Aí se ouve a voz despótica do estado anônimo, abstrato, que tem um fim em si mesmo, e como um delírio, faz com que personagens alucinem terem capturado sua voz, como bem escreveu o judeu Kafka em suas obras Na Colônia Penal, O Castelo e O Processo. Esta a alucinação estatal dos governantes de Israel em tempo de eleição.
Estes judeus, anti-semitas, excluindo a genética e alguns elementos políticos, nada se assemelham aos racionais judeus Bérgson, Charlie Chaplin, Hannah Arendt, Chagall, Einstein, Walter Benjamim, Lukács, Shoenberg, Gustav Landauer, Ernst Bloch, Gershom Scholem, Martim Buber e o próprio Kafka. Todos que afirmaram racionalmente a universalidade dos judeus como homem no mundo. A essência ontológica do homem que se escolhe em liberdade existir com o outro, como afirma Sartre.
DO AMOR
Nos través da linguagem, o amor se confunde em dois sentidos. Um como afeto bom, adequado, que sai de um encontro processual de crescimento da potência de agir. Outro, como um afeto mau, inadequado, que imobiliza a potência de agir, revelando-se pelo ódio contra outrem. No caso oriental, a Palestina, é esse amor que Israel escolheu para odiar. Mas para a maioria da população mundial, que repudia o genocídio em Gaza, a Palestina é o afeto adequado que nos leva a enunciar, “Palestina Mon Amour!” Esta Palestina que, vinda do mundo antigo, quando em um território encruzilhada das rotas do comércio, dos saques e tráficos, “comprimida entre poderosos impérios”, conseguiu sobreviver, e que foi proclamada em 1988 como Estado pela Organização para Libertação da Palestina – OLP, e tem o dia 29 de novembro como Dia Internacional da Solidariedade ao Povo Palestino, declarado pela ONU; e, hoje, experimenta sua substância-povo com seus atributos e modos de ser vilipendiado, mas não se abate, esta Palestina, sim, é para a racionalidade internacional, Mon Amour!