i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO

@ A QUERELA DOS BIOCOMBUSTÍVEIS CONTINUA. Semana passada, o presidente do BIRD. Esta semana foi a vez do diretor do FMI falar sobre a chamada “inflação de alimentos”, e colocar a culpa na produção do biocombustível. Strauss-Khan disse que o uso de produtos alimentícios para fins de produção de combustíveis é um problema moral. Como já comentado neste Bloguinho, a questão é mais econômica. Em se tratando de moral — e moral de classe — a Europa é imbatível. Os mesmos tecnocratas que agora atacam a produção de biocombustíveis não coraram quando os grandes investidores e bancos privados inflaram a economia mundial com especulações de altíssimo risco, com a certeza de que, embora os lucros fossem privados, os prejuízos seriam distribuídos. A alta dos alimentos tem mais a ver com a supervalorização produzida pela corrida dos investidores que fogem das bolhas do mercado do que pelo temor que as terras cultiváveis do mundo sejam inundadas pelo milho, cana-de-açúcar e oleaginosas. Mesmo o comandante Fidel caiu nessa esparrela, embora ele entenda a questão por um prisma que sequer chega à margem da consciência intelectiva dos especialistas em economia de mercado do mundo. Lula, mesmo sem os títulos acadêmicos ornando as paredes da sua casa, resumiu com inteligência e lucidez a questão em duas frases: para ele, o preço dos alimentos tem aumentado “porque o mundo não estava preparado para ver milhões de pessoas comendo três vezes por dia”. Mais: os subsídios agrícolas europeus e estadunidenses dificultam qualquer possibilidade da criação de um mercado equilibrado de oferta e demanda mundial. Sobre isso, Lula disse: “Queremos que se discuta com racionalidade, mas não a partir da lógica da Europa”. Marx já sabia que no capitalismo não há verdadeira crise; sabia, também, para desespero dos até agora poderosos do mundo, que o dinheiro não tem pátria nem fidelidade. I inda tem françêis…
@ FMI DE PIRES NA MÃO. Acostumado a que lhe batam à porta em busca de recursos durante as décadas de 80 e 90, o FMI agora se vê na condição inversa: seu diretor, o francês Dominique Strauss-Kanh, impõe uma gestão austera, a fim de manter funcionando o órgão: demitiu mais de 300 funcionários, e colocou à venda uma parte das suas reservas de ouro. Depois da alforria dos seus clientes contumazes (os países sudamericanos, notadamente Brasil e Argentina), o fundo ficou reduzido a receitar para si as medidas recessivas das economias de Estado mínimo. O déficit do FMI, neste ano já é de 140 milhões de dólares, e caso as medidas não tenham efeito, poderá chegar aos 400 milhões em 2010. Mas Strauss-Kahn não precisa perder o sono: se precisar, pode pedir emprestado ao Brasil de Lula ou à Argentina de Cristina. “Fora FHC! Fora FMI!” virou clichê da moda retrô da facção HH do P-SOL. I inda tem françêis…
@ PESSIMISMO, SUICÍDIO E LOUCURA NOS EUA. Este é o conjunto constituído pelas práticas insistentes do presidente George W Buch em manter a invasão, que classifica como guerra, no Iraque. Em pesquisa realizada pelo “Washington Post” – ABC News grande parte dos norte-americanos entrevistados estão pessimistas quanto a economia do país e são contra a idéia de que os EUA devem vencer no Iraque. Enquanto esta visão pessimista se torna predominante entre os norte-americanos, um estudo do Mental Health Advisory Team (a Equipe Consultiva de Saúde Mental do Departamento Médico das Forças Armadas dos EUA), fundamentado em depoimentos anônimos conseguidos com cerca de dois mil combatentes, revela que os soldados estadunidenses que estão no Iraque são propensos ao suicídio e sofrem constantemente de alucinações. “Muitas pessoas sofrem alucinações e esse não é o comportamento que se quer de alguém que anda armado 24 horas por dia, sete dias por semana.” Nem o pessimismo, nem o suicídio e muito menos as alucinações sofridas pelos soldados são dados constituídos. Ao contrário, são produções humanas provocadas por uma administração pública que priva as pessoas de conviver em um espaço autenticamente democrático e impõe ao seu povo e ao mundo os códigos do capitalismo como os únicos válidos. Um governo, como o de Bush, que não governa autônomo e livremente, é um governo que não leva ao povo o bem comum, mas o pessimismo, o suicídio e a loucura. I inda tem françêis…
@ OPERAÇÃO DA PF INCOMODA SENADORES. A operação é a denominada “Arco de Fogo”, da Policia Federal, que tem por objetivo combater e impedir extrações e vendas ilegais de madeira na Amazônia Legal. Os senadores são Flexa Ríbeiro (PSDB-PA), Expedito Júnior (PR-RO) e Jayme Campos do (DEM-MT). O incomodo dos senadores é tão grande que eles querem suspender a operação. Para tanto, eles se apóiam na alegação de que a legislação ambiental é muito rígida e não permite a atividade madeireira típica nas regiões onde a operação está sendo realizada. Os senadores dizem ainda querer uma suspensão da operação para confirmar a sua eficiência. Junto aos senadores, outros incomodados são: empresários do ramo madeireiro e alguns deputados estaduais. Os senadores talvez ainda não tenham atentado para o fato de que o sinal mais evidente de que a operação está sendo eficaz é justamente o incômodo que ela vem causando neles próprios, nos empresários e em alguns deputados estaduais. E também se sabe que a atividade de extração de madeira e qualquer outra matéria-prima da natureza é típica quando é realizada com o fim de produzir mercadorias de uso para a preservação da vida. A não ser que os vereadores estejam se referindo à atividade típica própria da lógica do capitalismo, que precisa produzir o excedente para obter mercadorias de troca, explorando mão-de-obra barata e pouco se importando para a preservação da vida. I inda tem françêis…
@ GASTOS DO PREFEITO DE MANAUS, SERAFIM CORRÊA, já rejeitados pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), foram colocados à Câmara Municipal em votação para decisão se seriam ou não aceitos. Porém, o que chamou atenção foi a sessão humorística produzida com as ofensas trocadas por Leonel Feitoza (PSDB), presidente da casa, e Fabricio Lima (PRTB). Após Leonel, afeito a tiradas irônicas — talvez com lições tomadas ao supra-sumo do tucanos amazonenses, Arthur Neto —, ter se referido ao discurso ingênuo do vereador Fabricio, dizendo que o circo Portugal já deixara a cidade, e que a creche já encerrara as matrículas, Fabricio, com sua a indignação característica, vociferou que exigia respeito: “Não sou palhaço e nem criança”. Sem perceber que é exatamente a falta de alegria e ludicidade da criança e do humor e desconstrução dos movimentos corporais do palhaço que deixam a CMM como está: rígida, epistemologicamente reduzida, impossibilitada de mínima compreensão da realidade da cidade de Manaus. I inda tem françêis…
@ O SHOW MIDIÁTICO NO CASO DA MORTE DA MENINA ISABELLA vai recheando as páginas de jornais e revistas e telas televisivas e internéticas, apressando o veredicto de milhões de pessoas, e praticando violência epistemológica generalizada aos telespectadores de qualquer faixa etária. O portal Terra Magazine traz algumas matérias que deixam bem visíveis a promoção do espetáculo e os esforço de pessoas em chamar a atenção das câmeras, para que seus sorrisos ou constrições sejam incluídos na programação. Das lágrimas de Fátima Bernardes até o governador José Serra dizer ao Estadão estar “ansioso para que se chegue numa solução e que as coisas fiquem bem claras, pois tratou-se de um crime revoltante”. Pelo que se sabe, revoltas, lágrimas, comoções não devem fazer parte do processo investigativo policial nem alteram o estado de coisas. Enquanto isso nenhuma discussão sobre as inúmeras formas de violência contra a criança e o adolescente, como a barganha que certos pais fazem com os filhos, cerceações de todos os tipos na família, na escola, na igreja, na televisão, a carência de todos os serviços públicos de que dependem tanto quanto os adultos, etc. Pequenas mortes diluídas nos microfascismos cotidianos. Como na ostentação dos supliciados na Idade Média, a condenação antecipada dos pais, caso se confirme, servirá para que o crime seja mais rapidamente aceito e digerido, ajudando menos no respeito aos desejos e talentos das crianças do que à violentação física e emocional praticada contra elas, como as mídias fazem todos os dias. I inda tem françêis…
Vamos que vamos
Que quem já veio não foi
E quem já foi não veio…