oblíquas variações infinitas dos corpos

______Várias vozes em uma voz. Quem fala? Qual a voz variação nas vozes da loucura? O falso e o verdadeiro encadeados no delírio histórico. Perfeito. Desfeito. Ao tomar conhecimento que nenhum filme brasileiro fora classificado para concorrer ao Oscar, o crítico do cinema establishment, Luiz Carlos Merten, afirmou que mais uma vez o cinema brasileiro fica esperando como Godot, personagem da peça de Samuel Beckett. Como suas opiniões saem do cinema clássico, cinema narrativo: sensório-motor, encadeamento das percepções-ações dos personagens em espaço preenchido e referenciado pela trama começo, meio e fim, e não o cinema ótico-sonoro do espaço esvaziado, sem referência, onde desaparecem as certezas objetivas das percepções e ações; não compreende que Godot, em sua zona de indiscernibilidade do ainda por se fazer, com predominância de corpos horizontais, não espera uma idéia ou um objeto definido em uma linguagem mundo-real, mas tece virtuais, potências que se mostrarão como novo, imagens cristais, como fala o filósofo Deleuze. Além de que o Oscar é a impressão imóvel da filmografia consumista. Em sua história, salvo mínimas películas, a maioria dos filmes reafirma o déjà vu: a denegação da estética como experiência geral e a arte como experiência real. Por analogia, Merten, com seu “Godot” tupiniquim, emparelha com o diretor francês Claude Lelouch, para quem o cinema está morto pela tirania da TV. A TV, com sua imagem reificada, o tempo pulsado, e o espaço exuberante, tríade fílmica de onde o crítico extrai seu conceito de filme para Oscar______ “O sentido é a integração de pequenas mudanças de sentido” (Michel Serres). Importável, importado, importante. Tira o importável, enfraquece o importante, e morre o importado. “Quando as luzes das ribaltas se acendiam…”. Arthur Neto diz que vai começar campanha para presidente por São Paulo. A mãe de Fernando Henrique é amazonense. O doce da ironia é o amargo. “O justo é sumamente sereno, o injusto cheio de perturbação” (Epicuro)_____ Se você me chamar eu não vou: já estou em você. Pedras que rolam também criam limo. Dizem que Romário, como técnico do Vasco, não vai escalar Edmundo para jogar: o animal cansado está velho para o futebol_________ De Davos, no Fórum Econômico Mundial, o filósofo Guattari(1930-19920) afirma não haver sinceridade em tal evento, visto que seus membros não traçam a transversalidade da Ecologia Mental que as Ecologias Social e Ambiental necessitam como Ecosofia da Terra. “Convém ser rico em oposições, pois só assim se é fecundo; para conservar-se jovem é preciso que a alma não descanse, que a alma não solicite a paz. Hoje não desejamos o gado moral nem a aventura gorda da consciência tranqüila” (Nietzsche) _________ Vamos supor que supor fosse uma suposição suspeita. Quando os deuses se enfurecem, é porque os mortais foram embora. Se papai disse que era, porque não foi? Da distância infinita que ele olhava, batia na vidraça dos olhos dela. A mortalidade infantil diminuiu pela metade. Lula está aí implicado. Nascer, tornar-se criança, construir o mundo dos amigos. Para isso, é preciso eliminar a sanha herodescida da mídia. Há pressa neste humor. Brecht disse: “Viver num pais sem senso de humor é insuportável; mas pior ainda é viver num pais no qual se precisa ter senso de humor”. Ao ouvi-lo, o povo brasileiro inferiu: “Já temos um país com humor. Cansamos da moral”: “Quem rir por último, rir melhor”, hoje sabemos que quem rir por último, rir atrasado, e talvez, por ser último, nunca ria. Freud, diz que a perversão é um desvio dos fins. No caso, o desejo é investido em um objeto alheio a estes fins. Para o filósofo Spinoza, a democracia é o atributo político do homem constituído pelas potências de todos dirigidas ao mesmo fim: o Bem Comum. Nisso sua originalidade antecessora de qualquer lei decretada pelo Estado. Nisso sua singularidade incorruptível. Não há como desviar desse atributo, modus de ser político/social. Nisso, Freud psicanaliza: Há em Bush a perversão da democracia desviada pela tirania, cujo fim de seu desejo desviante é a eliminação dos povos. “Mais vale ser vítima do ostracismo do que se tornar uma casca de ostra” (Baudrillard). _______ “Vem buscar-me, filhinho, que aqui estou. Vem buscar-me que ainda sou teu” (of/on: Vicente Celestino). De modos que a Natureza-Naturante (substância e causa) e a Natureza-Naturada (efeito e modo) surge nos destruidores da Amazônia, como perversão da Vida. De modos que eles não sabem o que são elementos vitais. De modos que eles não sabem o que é Hiléia. De modos que, por esses modos, vão ter que se haver com Zeus. No modus ser, há Marina Silva. Atenção! “O homem vai desaparecer, era até aqui minha convicção inabalável. Nesse meio tempo, mudei de opinião: ele deve desaparecer” (Cioran).

3 thoughts on “CLINÂMEN

  1. Do Allan, AFINS…
    “…desencajado en una realidad cerril y desgraciada, en un mundo para gente hábil y fría con el corazón envuelto en rosas de plástico.”(Allan Mcdonald)♥*♪

  2. Parte-se aqui de uma palavra: des-possessão.
    “Visão, possessão, vazio. Errância, pobreza, rebelde, comunidade. Ou pensamento. Escrita. Amor sem significação óbvia nem outra. As palavras vivem de serem vivas, da decisão que as possui, do arrebatamento interior, de não serem bens, propriedades, objectos que se usam e nos desgastam, mas intensidades, sopros onde os corpos se deslocam e se encontram.”
    “_________o encontro inesperado do diverso/ é assistir o belo a comunicar com o silêncio;/ a fraccionar a imagem nas suas diversas formas; /ajudá-las a levantar o véu para que se mostrem mutuamente na beleza própria(…)”.
    “O real é um nó que se desata no ponto rigoroso em que uma cena fulgor se enrola e se levanta” (v. p. 128).
    “ ponto voraz, e que é simultaneamente a fonte de luz intensa que ilumina a cena fulgor, e o lugar onde ela se anula” (v. p. 140).
    “Os meus textos (…) são tecnicamente construídos sobre o que chamei cenas fulgor porque o que me aparece como real é feito de cenas, e porque surgem com um carácter irrecusável de evidência.”
    “(…)Exercitaremos os pés por entre as imagens e as mãos sobre a escrita.”
    — Lá, onde estás, não ouves. Lá, onde estás, só podes ler sinais nos meus lábios. Presta atenção. Mesmo os mortos, continuam a viver. Nestes textos que te estou a ler, soletrando, deixo cair imagens. Sim, sim, podem ler-se. Não te vou dizer quais, ou talvez, lá longe, acabe por –––––– (UBDMT, p. 101).
    Maria Gabriela Llansol

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