Se a Vertebral não analisou nada se realizou

# Segura essa: Dia de Natal, segundona, cinco dias após do TDPM – Transtorno Disfórico Pré Menstrual. Segura mais essa: Ano Novo, muita lombra, período fértil, e como diz o bolereiro Nunes Filho, “estou subindo pelas paredes”. Pode, mamãe? Entrar o Ano Novo sem um novo imbricamento erótico/existencial é pecar contra carnedade. “Mas não tem nada não. Tá tudo azul na América do Sul”. Na falta da covardia dos cinco contra um, la palmita della mana, dos ditos homens, vai o el dedo delator. Como disse o antipsiquiatra africano, David Cooper: “Não importa a forma, o que conta é o orgasmo”. Ou como afirmam, os chê, Kleiton & Kledir: “Ser feliz é tudo que se quer”.

# Concorrências entre as TVs Globo, Roberto Carlos e Record, Fábio Júnior. Empate em audiência. Saltar de uma para outra, Ambrósio, ‘tu viu’, tudo igual conforme o princípio de identidade. “Mas que a terra se move, se move”, como disse o ajudante de Galileu, Andreas, na peça de Brecht Galilleu Galilleu.

# Um bêbado na frente da igreja São Sebastião gritou: “Papai Noel não existe!”. Uma senhora saindo da igreja, contrariou-o: “Existe sim. Não está vendo ele na praça?”. Ao que o amigo de Dionísio respondeu: “Só se for o do prefeito Serafim e do governador Eduardo Braga que vivem brincando de governar a capital e o estado”.

# Enquanto isso o companheiro Lula comenta os feitos de seu governo. Mobilidade social ascendente das classes pobres. Os ricos gemem e a classe média deplora. Como diria seu Paduk na peça Lux In Tenebris, Luz Nas Trevas, de Brecht: “A inveja é uma merda!”. E nós daqui da linha do Equador que não temos nem a merda para invejar como política.

# Ambrósio, estando o Papai Noelson distribuindo sorvete para as crianças do bairro Novo Aleixo, abraçou uma que lhe disse não querer sorvete, mas sim brinquedo. Ao que o bom velhinho, em sua performance, respondeu que não tinha brinquedo, só sorvete. A criança baixou a cabeça e foi embora. E aí, Ambrósio, o que dizes? A infância está na comida ou no brincar? Nas duas? Mas o que faz uma criança rejeitar o comer e preferir o brinquedo? Será que esta criança já estava tão alimentada e por isso elegeu o brinquedo como sua necessidade? Ou apenas queria manter a fantasia do poder de Papai Noel em realizar sonhos fora da perversa realidade social? Ou será que seu devir criança lhe deslocou para um território onde percebeu ser o brinquedo o elemento de criação de sua existência movente? Hein, Ambrósio? Por onde andam os governos que não sabem da fome e do brincar das crianças? Ambrósio, Ambrósio… Olha lá.

# Perdoa-me, meu amor! Nesta noite de Natal não posso ficar contigo. No meio desta rua deserta,

            Eu vejo a criança que passa

            Carregando a marca

            Da insensatez

            Seus olhos sem presente e futuro

            Levam o orgulho do mundo burguês

            E quem vai pagar esta obra prima

            Cuja letra rima

            Com assassinar

            E quem vai pagar as noites

            Em que os açoites

            São as canções de ninar

            E você que se acha inteligente

            Mostra-se inconseqüente

            Ao não querer tomar partido

            Mas não se iluda

            Por acaso está salvo
Pois você também é alvo

            Mas se sua sorte mudar

            Está perdido

            Enquanto você fica consumindo

            Discursando lindo

            Sobre a sua segurança

            Na rua abandonada e escura

            A tara da loucura

            Assassina

            Outra criança

            Cansei do Rock!

            Não sei onde

            Me coloque.

            O meteoro se aproxima

            Não sei se suporto

            O choque.

Abraços e beijos Vertebrais natalcientes!

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