Uma sacada fora (ob) da cena (scenus) do lugar de ação (torius) da imprensa

% O colunista da Folha de São Paulo Sérgio Malbergier afirma que “o que aconteceu no Senado Federal foi o retrato exato da classe política brasileira”. É verdade. Só que apenas 3/4. Já que em um postal apareceria também a própria empresa que lhe serve de emprego. Basta que ele estude a história passada e presente de seus patrões.

% Fernanda Krakovizs e Sérgio Navarro, respondendo Bate-Papo. Fernanda: “…Não é possível comprovar, porque o voto é secreto. Eles podem mentir, como fizeram na enquete feita pela Folha”. Como D. Fernanda pode conduzir um colóquio se não conhece o conceito secreto? Qual voto é secreto? O dos senadores na sessão ou na enquete? Sílvio: “O papel da imprensa é fiscalizar a atuação de parlamentares. Não concordo que a atuação da imprensa no caso Renan tenha sido partidária”. Meia verdade. A imprensa que ele defende acusa, julga e condena, sem direito do acusado se defender. Já se tornou uma prática banal. E inclusive produz pauta para o parlamento. É partidária midiática, pois Renan não representa mais nenhum privilégio. Como representava nos outros governos que serviu.

% Outro colunista da Folha, Josias Souza, classificou a resultado da votação com o clichê da vez: “…sessão da vergonha”. Como alguém pode julgar um ato de outro como vergonhoso se sua profissão de fé não lhe permite a desconstrução de sua subserviência para poder envergonha-se?

% Manchetes das inteligentíssimas. Folha: “Senadores absolvem Renan”. Só poderiam ser senadores, ninguém mais. Jornal do Brasil: “Senado contra o povo”. Uma existência reduzida tende a reduzir tudo a sua redução. O Senado não é o povo, assim, como o JB não pode inteligir o povo. O povo carrega heterogeneidades que o jornal não suporta. Correio: “Vergonha Nacional”. Cai no mesmo clichê do sabujo Josias. E na pretensão do JB quanto ao Nacional. Por mais que recorra à ilusão, o correio jamais será uma nação. Estadão: “Renan escapa da cassação com ameaças e a ajuda do Planalto”. Seria bom que o tradicional reacionário jornal apontasse quem ameaçou os senadores do PSDB e PFL (que se quer democrata, mas está difícil) que votaram na absolvição para os dois partidos expulsá-los e eles passarem para base de apoio do governo.

% O mago da amenidade, Diogo Mainardi, da Veja, com sua verve original de capacho, quer saber quem está lhe grampeando. Muita pretensão: quem vai querer conhecer seus textos privados, que são tão cristalinos como sua própria inteligência.

% Reinaldo Azevedo, outro óbvio da seqüelada Veja, diz que os bons jornalistas são aqueles que não foram demitidos pelas empresas que trabalham. Está coberto de logicidade. Eis porque é bem empregado. Jamais seria demitido de muitos outros jornais e revistas. Faz parte dos textos úteis à abstração da vida como esperança da imortalidade.

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