A Seleção de Futebol do Iraque entrou hoje, dia 17, mais uma vez em campo na África do Sul, desta vez para enfrentar a Seleção da Espanha, considerada, com toda razão, apesar da mídia especuladora, a melhor do mudo. Com um futebol coerente, bem postado e um tanto veloz, entretanto, não conseguiu a vitória. A Espanha levou a melhor com um gol de cabeça de Villa.

Como diria o compositor negro maranhense João do Vale, “a questão não é esta”. Não se trata de reduzir o jogo da vida ao jogo de não jogar que pretende a FIFA com sua enunciação anódina de que o futebol é festa de congraçamento. Comunhão entre os povos, onde todas as rivalidades são desfeitas em função da alegria dos jogadores e torcedores. Nada disto. É impossível haver para a Seleção iraquiana comunhão entre povos quando seus membros sabem que seu país está sob o julgo da força prepotente e intervencionista do maior império anti-democrático quanto à política exterior. Ainda mais quando esta Seleção sabe que a maior parte destes países que participam da Copa das Confederações está aliada com o fator prepotente, Estados Unidos. E que em nenhum momento se manifestaram contra a situação desumana em que está submetida esta Nação, com civis, crianças, jovens e anciãos sendo presos arbitrariamente, torturados e mortos.

Muito já se falou e escreveu sobre a sordidez das relações esportivas que se manteve nas Olimpíadas Nazista. Muito se exclamou: “Como pode diante de tanto horror países corroborarem, com suas participações, neste funeral macabro consignado como comunhão dos povos”. Hoje, alguns assistem os filmes da época, e sem nenhum pejo, se defendem: “Como me indignar com o ocorrido se eu não estava lá? Além do mais, já faz tanto tempo.” Assim, como muitos não se indignam com o ontem, hoje, quando a Seleção do Iraque participa desta Copa, a maioria não se indigna. Quer tão somente embalar seus bocejos indiferentes. Nada importa. Não importa que estes jovens que vestem a camisa de sua pátria, no momento em que estejam comemorando um gol, ou tristes por sofrerem um gol, um de seus parentes ou conterrâneos estejam sendo presos e torturados. Servindo com seus espíritos e corpos escravizados de prazer sádico aos seus algozes. Nada de indignação. O futebol é uma celebração. Dirão muitos: “Mas vai ver que no seu próprio país o povo está vibrando com sua Seleção”. Cretino argumento. Tão cretino quanto o coro que a mídia entoa, juntamente com a FIFA, afirmando que a participação do Iraque serve para levar um pouco de alegria ao povo iraquiano e diminuir seu sofrimento. Ou, quem sabe, pelo menos em 90 minutos, fazer com que ele esqueça de sua angústia. É a irracionalidade expressada como sadismo.

Futebol não é política internacional para aliviar a dor de um povo subjugado em seu próprio território cultural. No mínimo, se a FIFA pretendesse levar alegria aos povos submetidos ao neo-colonialismo pós-moderno, deveria impedir a participação dos países intervencionistas nas suas realizações esportivas. Mas isto é uma pura ingenuidade política, quando se sabe que quem mantém a FIFA são grupos que também têm suas participações lucrativas nestes Estados intervencionistas. Principalmente empresas que impõem suas mercadorias a estes povos submetidos.

Todavia, apesar de todos os pesares impostos pelo terror econômico, via FIFA, a participação da Seleção do Iraque na Copa das Confederações traduz para os lúcidos, não indiferentes, a tenacidade de um povo que se quer vivo e independente. Não importa se a participação da Seleção iraquiana na Copa só aconteceu com o consentimento do Estado Americano em conluio com o governo atual do Iraque, pois com gol ou sem gol, o importante é que a Potência-Povo sobreviva.

3 thoughts on “O IRAQUE NA COPA DAS CONFEDERAÇÕES

  1. 90 milhões em ação/Pra frente Brasil/do meu coração. Não vamos longe, 1970, enquanto o escrete canarinho jogava a ditadura corria solta aqui no nosso país. Noventa milhões em ação e a porrada comendo solta. Prisões, tortura, esquadrão da morte, Fleury, Exílio. O futebol/esportes olímpicos sempre foram usados por ditadores. Ditadores/capitalistas. Futebol que é bom, já era. E em Manaus vão construir um novo estádio. Prá quê? Só pra três ou quatro jogos e depois? Bom está fazendo o palmeirense Serra, o Morumbi não vai receber um centavo do Estado pra sua reforma, enquanto aqui 600 milhões serão destinadas para essa obra. Enquanto isso, os hospitais estão sem médidos. Agora com essa tal terceirização basta criar uma cooperativa e firmar convênios pra tomar vagas de possíveis concursados que teriam toda uma vida de dedicação, estudo e estabilidade para cuidar da da doença das pessoas. Tudo isso vale nesta digressão, porque, é a vida humana que esses ditadores não levam em consideração. O mal do capitalismo está em todo lugar. João Cambeba/Cidade de Deus/Manaus.

  2. Companheiro idiota,
    você é o verdeiro idiota dostoievskiano, é claro que o Brasil sempre vai ganhar, já que nestes torneios não existe jogo, só cartas marcadas, trapaça, blefe, por isso tudo está certo.
    Valeu pelo saque!

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