NECROSAUDADE, QUERIDA!
Eu, hoje, acordei com uma saudade
Daqueles para além do cemitério
Que faz o coração pular e gritar dentro peito
Que nem água com açúcar
Consegue dá um jeito.
Não quis brigar e deixei que a saudade
Fizesse comigo gato e sapato
Me vi pela infância brincando com os companheiros
E a nossa professora
Ameaçando os bagunceiros.
Pelada, papagaio, boi-bumbá no São João,
Trapaça na bolinha, pé furado com pião
A primeira punheta
E o medo da castração.
Manga, buriti, abricó, abiorana,
“A chuva, já vem vindo! Olha a roupa, Dona Ana!”
As vezes até gosto que a saudade
Me leve por aí, pra dar rolê
Beijar bocas passadas, e tramar revoluções,
Latino heroísmo cheio de desilusões.
Agora, compreendi porque a saudade
Justo, hoje, veio me amar
Contar os meus acertos,
E, também, os meus pecados
Querida, é que hoje, hoje, é Dia dos Finados!