!ROCK!ROCK!ROCK!!ROCK!ROCK!ROCK!!ROCK!ROCK!ROCK!

Uiiii, meninas! Tem coisa mais rock do que gay? Tem coisa mais gay do que rock? Aproveitando o dia mundial do Rock, esta colunéeeeeesima publica um texto daqui mesmo do Bloguinho, falando sobre o rock e suas linhas intensivas, buracos negros e intensidades-gays. Aproveitem, coloquem pra tocar o som que toca vocês, e mandem brasa!

Dizem as loucas roqueiras que há exatos 53 anos, o radialista americano Alan Freed, usou o termo “rock and roll” para nomear o ritmo tocado pelos negros americanos nos subúrbios, e que pelo seu jeito de dançar, “requebrando as cadeiras”, era ofensivo a boa família cristã-branca norte americana. Chuck Berry, Little Richards, Fats Domino, Wilson Pickett não podem rebolar, é feio? Jerry Lee Lewis é branco, ele pode? Não, ele é branco, mas casou com a prima de 13 anos, toca fogo no próprio piano e anda no meio dos negros, além disso é feio. De nada vale o conteúdo sem a embalagem, diz a regra de ouro do marketing americano, já nos anos 50 era raposa velha.

E logo “descobriram” uma embalagem bonita, com rebolado na medida certa para abalar os coraçõezinhos das donzelas da classe média. E surge o rei, Elvis Presley! Garoto de ouro! Vendeu o rebolado do rock como palatável à classe média, serviu o exército, fez propaganda para o governo, e virou ícone de uma América branca, simplória e reacionária. Morreu inchado, abandonado, depois da decadência, cantando velhos sucessos em ritmo de balada, mas continuando a encantar as agora ex-menininhas da classe média, senhoras casadas e de boa família. RRC (Rei Roberto Carlos, dizem, até hoje imita o jeito “Elvis” de ser. Bom, ao menos a época decadente…)

No rastro do Rei, a televisão abriu um espaço (a contragosto, inicialmente) para os roqueiros negros e outros brancos, como Carl Perkins, que inaugurou o visual bafo-do-dragão no rock, e que compunha a maior parte dos sucessos doRei”, e Bill Haley and The Comets, que tem no sucesso “Rock Around The Clock” o chamado marco inicial do roquenrol.

Enquanto isso, na Inglaterra, o rock pintava, com os mesmos velhos três acordes, mas os roqueiros ingleses, diferente dos americanos, fazem composições melódicas diretamente do blues, do rhythm and blues, alterando a freqüência dos acordes. O resultado é um rock mais “seco”, que virá a ser a base melódica do roquenrol posterior, principalmente com Beatles, Rolling Stones e David Bowie. Do lado americano, Iggy Pop com o som do bate-estacas da indústria da construção e automobilística da cidade de Detroit, e Lou Reed, que com seu parceiro John Cale, formam o conjunto The Velvet Underground, que faz experiências com sonoridades menos convencionais, piano, violino, sussurros, abrem outra vertente do rock.

Oroquenrol também se meteu com a política, e esta, como fazer do homem em coletividade, não poderia passar sem tocar nos acordes roqueiros. No festival de Woodstock, em 1969, Joan Baez e Bob Dylan, mais uma turma de artistas engajados, que contava ainda com Carlos Santana, cantavam e davam toques sobre a guerra no Vietnam, mas no mesmo palco, outros grandes artistas, nem tão engajados assim, desfilavam sua porra-louquice, com direito a hino norte-americano na guitarra dissonante de Jimmi Hendrix, e que foi vendido como rebeldia, mas que era na realidade, um apoio incauto do roqueiro ao governo reacionário de seu país. Mas o companheiro Hendrix, após um papo com os engajados, logo compreendeu a importância política da sua música, e passou a regravar músicas de Bob Dylan. E mesmo que a geração Woodstock tenha, anos depois, composto a geração yuppie, da classe média norte americana, reacionária e mais preocupada com o bolso do que com o mundo, ainda assim artistas como Bob Geldof, U2, REM, Radiohead, Neil Young, Tom Petty, Sinéad O´Connor dentre outros, continuam levando ao roquenrol o engajamento e os toques da política necessária à existência.

Mas mesmo com esse toque político, o roquenrol aparece muito mais como o ritmo que influencia a música internacional e impulsiona a indústria musical e fonográfica. Indústria que se torna carro chefe da invasão mercadológica anglo-americana. Invasão bárbara, como mostra o cinefilosofante italiano Ettore Scola, em sua película O Baile. Daí em diante, as décadas seguintes são tomadas pelas mais diversas vertentes do rock, desde o experimentalismo e aproximações com a música erudita de Pink Floyd, Yes e o chamado Rock Progressivo, até os marqueteados Ramones e Sex Pistols, com as variantes Punks dos mesmos três acordes, passando ainda pelo heavy metal de Led Zeppelin (fortemente tocado pelos bluesmen, principalmente Willie Dixon, Robert Johnson e Muddy Waters) e Black Sabbath. Houve ainda Frank Zappa, para muitos o mais virtuoso dos roqueiros, que fazia música com inteligência, humor e experimentação. Daí explodiram as embalagens: heavy, thrash, death, indie, post-punk, new wave, industrial, melódico, psicodélico, garage rock, gótico, emo, grunge, britpop, dentre outras centenas.

No Brasil o rock, quando chegou, já era a pasteurização da papa anglo-americana, com os boys da classe média Rio-São Paulo regravando paródias de Beatles, The Animals, Beach Boys e outros, aproveitando-se da defasagem que havia entre o lançamento dos discos na Europa/EUA e no Brasil. Por muito tempo se ouvia versões “abrasileiradas” de músicas dos Beatles (de longe os mais parodiados), antes dos originais chegarem às lojas, quando chegavam. Com exceção dos Secos & Molhados (que influenciaram, com sua indumentária e maquiagem, os norte-americanos do KISS) e Mutantes, o rock dos anos 60 e 70 no Brasil passou em branco, ainda que Raul Santos Seixas, nos intervalos das viagens, tenha dado alguns toques importantes, e que o STRESS paraense tenha inventado o thrash metal.

Dos anos 80 em diante, somente do rock de butique viveu o brasileiro, com exceção (e somente durante algum tempo) da banda Sepultura, que chegou a experimentar com os tambores do Candomblé, mas que se perdeu nas idas e vindas do mercado internacional. No mais, não há nada a dizer, nada a aproveitar, que não seja necessário somente ao mercado e à sobrevivência da MTV. No Brasil, da força afetante dos corpos dos negros americanos não restou nem a réstia.

Rock’n’roll é tão fabuloso, as pessoas deviam começar a morrer por ele. As pessoas simplesmente devem morrer pela música. As pessoas estão morrendo por tudo o mais, então por que não pela música? Morrer por ela. Não é bárbaro? Você não morreria por algo bárbaro? Talvez eu deva morrer. Além do mais, todos os grandes cantores de blues morreram. Mas a vida está ficando melhor agora. Não quero morrer. Quero?” (Lou Reed)

O grito do negro africano rompe a dor da escravidão e no seu canto blue força as linhas dos possíveis e leva a guitarra para os guetos americanos nas primeiras décadas so século XX, até os perceptos (novas percepções) musicais, acompanhados da dança desmistificante do corpo e das canções livres da ditadura do dizer, devolverem-na com Bill Halley and His Comets, o ex-trombadinha Chuck Berry e o “efeminado” Little Richard atualizada no Rock’n’Roll, para o desespero das mocinhas brancas da tradição protestante estadunidense que, para permanecer imóvel em seu apartheid, tachou-a de música do Diabo.

ARMADILHAS DE DEVIR-MÚSICA

Se o Diabo é o pai do Rock é porque ele é o imprevisível, o intempestivo, movimenta o ser, faz aparecer o Novo. Agora Rei do Rock, só se fosse um caboco de Candomblé, mas os empresários encontraram justamente um garoto branco que vinha dos guetos e aprendera a cantar e dançar com os negros e elegeram a ele, Elvis Presley, o rei do rock de mercado. E o mercado soube explorar o espectro do rei até mesmo depois que ele, não suportando, se autodestruiu.

Assim como era armadilha a alienação autodestrutiva da Juventude Transviada de James Dean. Outras linhas de atuação, após a 2ª Guerra, diante da Guerra Fria, precisavam ser criadas; então, no final dos anos 50, o Rock foi aceito pela moralidade discriminatória, já que havia uma crescente classe média negra “respeitável” pra se conquistar. Mas eis que no início de 60, ao som de gaita e violão, surge o denominado folk-rock de Bob Dylan e Joan Baez, que, nas batidas da balada compunham a crítica ácida ao sistema e o envolvimento político, juntando-se a Martin Luther King na sua marcha pelos direitos civis (1963), reunindo os norte-americanos contra a Guerra do Vietnã (1964-1975).

A novidade da década de 70 veio da Inglaterra, de onde apareceu o envolvimento do rock com outras artes, com outras musicalidades, inclusive com a chamada música erudita, ligando-os às investigações existenciais, sociais, econômicas, etc: Pink Floyd e seus, entre outros, The Dark Side of the Moon, Animals e The Wall.

Mas do outro lado do Pacífico, nessa década se consolidam também as experiências de Frank Zappa, que, conhecedor da chamada música contemporânea, levará ao rock a dodecafonia dos ruídos, da percussão, colagens…, o que, juntamente com suas idéias, deram-lhe rapidamente pela falsa-moral que teima em não se desmanchar, o título de “maldito”.

Vindo também da década de 60, o Velvet Underground, banda protegida pelo pintor Andy Warholl, apresentou um dos roqueiros mais lúcidos da história do rock: Lou Reed. Muitos o apontam como o precursor do Punk. Passando pelo álbum “The Haven”, de 2003, com músicas baseadas em contos de Edgar Allan Poe, ele continua em seu trabalho constante musical e na composição de letras que são publicadas também como livros de poesia.

E no Brasil? O rock chega no Brasil através de todos estes e outros, mas quando se cristaliza é apenas como redundância ou degeneração. Se o diabo é o pai do rock, que toque receberam Barão, Paralamas, Titãs, Raul, Legiões, Porões, que participam do mesmo olhar alienado do mundo de Faustão, MTV, João Gordo, etc? O que fica do Rock é a fortuna fácil e a entorpecência ilusória. Nada de experimentos perceptivos que nem puritanos-ressentidos-morais nem apologistas percebem. No Brasil, o rock é tão levado a sério que Roberto e Erasmo são considerados astros do rock’n’roll.

Ao menos pode-se dizer, como já saiu aqui nesse blog, que no norte temos o Stress paraense bom demais, que é considerado o introdutor do heavy-metal no Brasil e na América do Sul, além de serem os criadores do trash-metal.

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ JUSTICA RECONHECE CASAMENTO SÓ PARA DESCASAR. A 5a Vara da Família de Santo Amaro, interior de São Paulo, reconheceu a união civil entre dois homens. Um deles, que saiu de casa depois de um relacionamento de três anos, resolveu entrar na justiça para ter direitos sobre a casa, que foi construída pelos dois. A juíza, para reconhecer o direito, primeiro concedeu a união para depois dissolvê-la. O companheiro que saiu de casa, alegando discussões e brigas insuportáveis, queria também uma indenização por danos morais. Não conseguiu. A decisão sobre a venda da casa e sobre os danos morais agora está no TJ/SP. Ai, meninos e meninas, é triste. Não adianta lutar pelo direito ao reconhecimento da união civil, o dito casamento, se for pra reproduzir os mesmos códigos dos casais burgueses héteros. Não adianta o romantismo decadente da família tradicional, o casamento (esse casamento) sempre foi uma instituição que serviu mais à consolidação do Estado do que ao desenvolvimento do relacionamento entre as pessoas. Daí, não adianta, se for pra repetir os mesmos clichês, é melhor ficar como está. De qualquer sorte, ao menos juridicamente, nos casos em que o amor conjugal se revelar um engôdo, há como recorrer. Cruuuuuzes! Foge disso, Izeldinha! Sentiu a brisa, Neném?

Φ PEGA FOGO A DISCUSSÃO SOBRE O PLC 122/06. Já falamos aqui sobre a pesquisa do Data Senado que mostrou a aprovação popular do PLC 122/06, a criminalização da homofobia. Esta semana, o projeto entrou em discussão na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado.O principal ponto de discórdia é estabelecer o ato homofóbico (que pela nova lei, dará até 5 anos de prisão). Enquanto a relatora do projeto, a senadora Fátima Cleide (PT/RO), afirma que o projeto não cerceia a liberdade, mas garante a sua prática, inclusive na relação homoafetiva, a bancada evangélica (disangelista) é frontalmente contra, enquanto que entidade ditas cristãs, como a CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos) são moderados, mas temem que a lei seja usada como “revanchismo”, segundo seu presidente, o psiquiatra Uriel Heckert. Duas coisas chamam a atenção em relação à falta de argumentos dos opositores, menos e mais moderados: primeiro, do lado dos apocalípticos, vale a frase freudiana, “toda estupidez é produto da repressão”. Pela lógica paulina, menos é mais. Quanto menos conhecimento, mais fiéis. Daí a necessidade de manter a ilusão da interdição bíblica ao homoerotismo (Davi e Salomão dão risinhos frouxos…), mantendo os fiéis na ignorância do próprio sexo, se apropriando do discurso da sexualidade do início do século XX. Os disangélicos recém descobriram Kinsey (e não o entenderam). Segundo, do lado dos ditos cristãos, a moderação se oculta no uso do termo tolerância. Enquanto não se desejar a diferença, a discriminação vai continuar. Tolerar supõe a existência de uma hierarquia, onde os superiores aceitam as falhas e imperfeições dos inferiores. Desejar a diferença é a possibilidade de compor encontros e afetos que aumentem a potência democrática. Além do mais, quem conhece a história da psicologia e da psiquiatria como instituições normatizadoras do Estado não estranha a sua aproximação com a fé paulina. Psicologia, só a de Nietzsche, meu bem. No entanto, acreditar que uma lei irá acabar com a homofobia é coisa de bobinho, né gente. É culturalmente que se destrói um falso ídolo, e todos os ídolos são falsos. Ui, arrasamos Tetéia! Sentiu a brisa, Neném?

Φ EXÉRCITO VAI SER PROCESSADO POR HOMOFOBIA. O Condepe (Conselho Estadual dos Direitos Humanos – SP), junto com o sargento Fernando Alcântara vão abrir processo contra o Estado brasileiro por homofobia. O processo será baseado n lei estadual 10.948/01. Laci, companheiro de Fernando, ainda está preso. Os dois relatam a forma como estão sendo tratados pelo Exército Brasileiro: homofobia através de agressões físicas e verbais. Fernando, em matéria na revista A Capa, fala sobre os métodos de treinamento do exército e sobre as violências que seu companheiro, Laci, tem sofrido: “Os remédios (anti-depressivos) dele acabaram, e há toda uma burocracia para estes medicamentos entrarem. O exército não quer assumir a doença dele. Retiraram livros, rádio e um caderno onde ele escrevia. A tortura física parou, mas a psíquica continua diariamente. O meu maior medo é que ele saia com traumas psicológicos irreparáveis. “Todo mundo que passa pelas escolas das Forças Armadas é torturado. Eu fui torturado, aprendemos técnicas de guerrilha e contra guerrilha, eles chamam de Oficina da Tortura. Funciona assim: recebemos uma frase e quem conseguir manter em segredo por mais tempo ganha pontos e você passa por vários tipo de tortura: pau de arara, poste argentino (eles amarram você e pulam em cima), choques elétricos, espancamento com toalha, pois assim não fica a marca”. “Laci é torturado todos os dias. Não só ele, outros também. O torturador dele fica no mesmo espaço fazendo ameaças diárias, durante a noite fica fazendo barulho para ele não dormir, ele já ficou mais de três dias sem dormir”. Depois de uma tentativa fracassada de encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a Condepe e Fernando tentarão um encontro com o presidente Lula. Estamos todos com eles, com ou sem Luciana Gimenez. Sentiu a brisa, Neném?

Φ MISS AMAZONAS GAY 2008. Uiiiii! O momento máximo das monas das terras manoniquins chegou! Pra quem gosta de concursos de beleza, não tem noite mais quentíssima que esta. Com desfiles das candidatas em trajes típicos e de gala, e produção de Brenda Lamask. O destaque é a presença da atriz Rogéria, a que causou furor no seio moralista dos deputados no final do ano passado. A vencedora deste ano representa o Estado no Miss Brasil Gay 2008, em Juiz de Fora, no mês que vem. Até o fechamento desta coluna, não temos confirmado quem foi a vencedora, mas que foi uma festa lindíssima, isso foi. Ah, não foste, Genoveva? Perdeu, maninha! Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

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