18 ANOS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E BRECHT; ENQUANTO GILMAR MENDES SOLTA O ‘ORELHUDO’…

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Hoje, domingo, dia 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 18 anos. Como potência libertadora da tirania e devir criativo, o estatuto revolve o conceito castrador de criança e adolescente e se mostra como práxis contínua de produção cidadã: o que não se nasce e só se faz como continuum criativo. Práxis de ontologizar a existência como possibilidade da alegria comunalidade.

Freud dizia que a criança é o pai do homem. Tem rastros de verdades, mas uma criança depende mais de seus percursos existenciais do que das suas condições de nascimento. Depende mais dos convites do caminhar, como disse o filósofo Buber. Depende mais das janelas abertas para ver outras paisagens. Terminar um olhar, como diria Nietzsche. O ECA pretende estes percursos, estas janelas e este olhar, mas nem sempre os caminhos, janelas e olhares mostram o novo para a criança criar seu sorriso de amor ao mundo e se tornar um amigo estético criador de uma sociedade com seu modus de ser potência ética alegre. Há sempre um Daniel Dantas. E sempre um Gilmar Mendes. Mas é exatamente por causa destas aparências ademocráticas que o ECA atua. Para que uma criança alegre possa fazer emergir o adolescente, o adulto e o ancião engajados na aventura ontológica do existir.

BRECHT NOS 18 ANOS DO ECA

Este bloguinho intempestivo, para auxiliar as crianças em novas formas de entretenimentos que as livre de experiências ‘danieldantizantes’ e ‘gilmarmendizantes’ dolorosas, selecionou uns poemas Brecht-Criança cheios de cortes capazes de enfraquecer o buraco negro da infância e adolescência da justiça capitalista.

O ALFAIATE DE ULM

Bispo, eu sei voar

Disse ao bispo o alfaiate.

Olhe como eu faço, veja!

E com um par de coisas

Que bem pareciam asas

Subiu ao grande telhado da igreja.

.

O bispo não ligou.

Isso é um disparate

Voar é para os pássaros

O homem nunca voou

Disse o bispo ao alfaiate.

.

O alfaiate faleceu

Disseram ao bispo as pessoas.

Era tudo uma farsa.

Sua asa partiu

E ele se destruiu

Sobre o duro chão da praça.

.

Façam tocar os sinos

Aquilo foi invenção

Voar só para os pássaros

Disse o bispo ao menino

Os homens nunca voarão.

.

O MENINO QUE NÃO QUERIA TOMAR BANHO

Era uma vez um menino

Que não queria tomar banho

E quando lhe davam banho, ele rapidinho

Ia se lambuzar na lama.

.

Um dia veio o Soberano

Subindo pela longa escada.

A mão correu a passar o pano

No menino de cara enlameada.

.

Mas não havia pano nem toalha.

O Imperador partiu

E o menino não viu

Por essa ele não esperava.

.

A AMEIXEIRA

No pomar tem uma ameixeira

Tão pequena, que ninguém faz fé.

Em volta dela há uma cerca

Que é para ninguém botar o pé.

.

A pequenina não pode crescer

Pois crescer ela queria bem.

Mas aí nada se pode fazer

Tão pouco é o sol que ela tem.

.

Nessa ameixeira ninguém faz fé

Porque nunca deu uma ameixinha.

Mas que é uma ameixeira, isso é:

Pelas folhas a gente adivinha!

Tradução: Paulo Cesar Souza

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