GRUPO ABA CANTA PARA LULA
Depois que ocorreu no Brasil o processual da TransLulação, onde o operário teve seu referencial de indivíduo transfigurado em subjetividade política/social. Quando deixou de ser Luiz Inácio Lula da Silva para ser um subjetividade com seus corpos materiais e imateriais, suas instâncias, seus jogos de signos, capazes de modificar realidades inertes para emergir atuações socialidades, passou a ser o fluxo político mais procurado para elevar e instalar a alegria de candidatos. Passou a ser a companhia desejada até pelos inimigos para servir de suporte a candidaturas. Agora, em tempo de eleições municipais, o assédio tornou-se explicitamente constante. Candidatos disputam a tapa um momento de glória ao lado do bonachão Sapo Barbudo. Às vezes ele concede; outras, não. Aí o ciúme ambicioso e a ilusão do privilégio se rivalizam.
O ENCONTRO COM O GRUPO ABA
Foi então que, munido de suas partituras de canções deprimentemente lânguidas, as que fazem o veio talentoso dos reacionários, o grupo ABA, procurou o metalúrgico para realizar um Show Ao Vivo no Palácio com suas melhores (para o grupo) baladas, as que durante muito tempo mantiveram-no no hit-parade do palco ‘político’ do Amazonas e Manaus, para angariar fundos prefeituráveis. Presente com sua formação principal, o grupo, antes do espetáculo, apresentou seus eternos componentes a Lula, tentando um blefe, insinuando que talvez o garanhunsense não conhecesse as insignes personalidades do business Amazon River Capital. Fato que só o grupo ABA poderia acreditar.
Guitarra Solo e Black Vocal: Amazonino Mendes, prefeito biônico indicado pelo plural ex-governador Gilberto Mestrinho (exilado em Copacabana pela ditadura), duplo ex-governador, pai-político do governador atual, Braga, hoje padrasto de verve da madrasta de Branca de Neve: ambigüidade de parentesco. Amigo de Fernando Henrique. Acusado de estar envolvido no episódio anticonstitucional, compra de votos para reeleição do principesco, que redundou em uma dos maiores violências políticas do Brasil ‘pós-moderno’. Além de ser o célebre autor da letra pró-Collor depois do debate manipulado pela Globo, “Ele (Lula), não tem a menor condição de ser presidente do Brasil. Olha a linguagem dele: ‘Caçador de maracujá’ (Lula se referindo a Collor no final do debate)”. É habitué de vários partidos. No momento usa o clichê da quadra: “Agora é PTB”. Em tempos idos se tomava como comunista. Tem grande facilidade de inflexão vocal para vários ritmos.
Bateria e Black Vocal (terceira voz): Braga, governador-duplo, para não ficar atrás do padrasto. Foi prefeito amparado em um forte marketing, protegido por Amazonino, chamado de Ação Conjunta, que redundou no mote: “Manaus, Meu Ciúme!”, enquanto a população completava: “Eu sinto o teu perfume no vôo do urubu”. Na voracidade de realizar um sonho paternal, proporcionou para o povo uma das cenas ‘políticas’ mais dolorosamente globianas, quando da convenção do seu partido, abaixado ao lado do governador Amazonino em pé, que iria indicar o candidato a sua sucessão, o governador passando a mão em sua cabeça, o tratou como um menino, enquanto anunciava que ele seria seu candidato. E ele, embevecido, não via o povo deplorando a triste cena de submissão explícita jamais vista em Manaus. Hoje encena ser inimigo de seu mentor, Amazonino, mas o povo não leva a sério dada a ambigüidade de parentesco. Quis tomar para si a responsabilidade da expressiva votação de Lula no Amazonas. Triste tentativa. Agora quer a parceria de Lula para eleger seu candidato a prefeito, seu vice, Omar Aziz, o que teve o nome retirado da CPIM da exploração sexual da infância e adolescência, em uma das tramas mais escusas no Congresso com a participação de José Dirceu, Arthur Neto e com a conclusão de Ney Suassuna, que não viu nada para colocar o nome do vice no relatório constituído pela integra deputada do PT-RG, Maria do Rosário, que chorou diante de tamanha violência parlamentar. Ela, que veio a Manaus para colher provas contra a exploração, e participou de uma cena telefônica grotesca proporcionada pelo vice, o que a levou a citar seu nome no relatório, para ser depois tirado. Fatos que o parlamento quis apagar, mas o povo não esqueceu. Como diria Kundera: “A luta do homem contra o poder, é a luta da memória contra o esquecimento”.
Contra-Baixo Black Vocal (canta em falsete): Alfredo. Alfredo hoje é ministro do governo Lula, mas antes foi amigo íntimo de Amazonino, Gilberto e Braga. Foi secretário, prefeito, e durante todos os governos da direita teve muita influência. È daqueles que chega em Manaus meio que de baixo, e vai por ali, ali, acolá, piranga umas amizades, e logo se dá bem. Hoje é considerado, pelo menos pelos seus pares, o candidato ao governo do estado com apoio de Lula. Segundo eles dizem. Razão de está tão interessado nesta eleição, e apoiando Aziz. Se eleito governador, talvez produza o remake da velha “Ação Conjunta”. Que para o grupo já deu certo, mas para o povo, não.
OPINIÕES SOBRE O SHOW
Para o grupo foi um sucesso. Não só para o grupo, como também para toda imprensa que faz seu marketing. É bom que se diga: já faz muito tempo. Já para a turma do grupo SEPA: Serafim (PSB), Pauderney (PFL) e Arthur (PSDB), não. Já que Serafim, candidato à reeleição e próximo a Lula, não foi recebido pelo mesmo. Há dor de cotovelo. Ciúme sem motivo, pois nos parece que Lula, embora tenha sido o único público do Show, dada a sua formação musical em tons dodecafônicos, não se deixa afetar pela melosidade do grupo lamê. O resto é pura leseira.
Brilliant!