AMAZONINO E OS INTELECTUAIS…
Em uma propaganda partidária divulgada em emissoras de rádio amazonenses, Amazonino Mendes aparece dizendo que seu partido é o partido dos jovens, das empregadas domésticas, dos intelectuais…, porque agora é PTB. Está certo, já que todos temos intelecto, sendo, portanto, intelectuais. Mas não está certo, já que ele coloca “os intelectuais” como uma classe de pessoas à parte e não numa generalização. E, se generalizasse, mais ainda acometia em erro, pois existem dois tipos distintos de intelectuais: os intelectuais por diplomação, que geralmente fazem uma separação entre teoria e prática, palavra e ação, corpo e alma, para instalar nessa separação o saber-poder para regulação do mundo em proveito próprio, como queriam Platão e seu seguidor Tomás de Aquino; e os intelectuais engajados, à maneira de Sartre e Gramsi, aos quais também não é fundamental apenas disposição motora, mas suavidade em suas ações, que examinam a matéria em pormenor, encontrando seus elos internos necessários para as mudanças históricas, como pensa Marx.
Entre os primeiros, na verdade falsos intelectuais, pode ser visto um Fernando Henrique — aliás, amigo de Amazonino, e que foi recentemente citado numa “sábia” revista americana como um dos 100 intelectuais mais reconhecidos no mundo —, para quem seus doutorados, depois de servirem para massacrar econômica, política e socialmente o povo brasileiro durante oito longos anos, apenas lhe servem egoisticamente para vender palestras. Já entre entre os segundos, podemos citar Lula que, a despeito do preconceito sofrido devido à sua origem nordestina e baixa escolaridade, guinou o país com alegria e inteligência. E, neste caso, muitos outros nos daria gosto citar, como a finada comunitária Dona Damiana, da zona Leste de Manaus, que era analfabeta na escrita, mas não politicamente, como diria Bertolt Brecht, e por isso falava criticamente sobre a guerra no Iraque, sobre a fome na África, sobre as oligarquias políticas amazonenses e brasileiras, e tudo com humor desconcertante e vivacidade.
A Amazonino interessa mais o falso intelectual, e é neste que ele procura o vice para compor sua chapa à candidatura para prefeito de Manaus. Estava tudo certo para ser Carlos Souza (PP); no entanto, como Amazonino tem votação expressiva somente nas chamadas classes baixas, mas pífia nas classes A e B, e caindo ainda mais, segundo pesquisa interna, numa coligação com Souza, ele estaria optando por procurar um dito intelectual para posar ao lado de sua imagem no santinho. Dizem que até poderia ser uma chapa pura PTBista, com Samuel Hannan. Alguns dizem que assim suas chances são menores ainda. Mas quem sabe o jogo não é apenas o de poder perder…