POMBOGIRA CARMELITA NO TERREIRO DO PAI GEOVAŅO

Exu da Meia-Noite no romper da aurora

É a pombogira chegando agora

Mais uma vez o terreiro de Pai Geovano estava organizado para receber os convidados para um toque de Umbanda, dessa vez uma homenagem à pombogira Carmelita, de um dos mais antigos filhos da casa, Carlos Jorge. Com a afeição costumeira, Pai Geovano recebeu a todos, filhos e convidados. E quando o toque começou, todos cantaram os pontos e dançaram com alegria e devoção.

Foi ela mesma que cortou o pau

Foi ela mesma que fez a jangada

Foi ela mesma que matou o moço

E botou seu corpo na encruzilhada

E quando a dona da festa, Dona Carmelita, baixou, foi essa louvação que ela encontrou e que a deixou animada e agradecida. Foi assim que ela nos falou:

Me chamo Carmelita, sou uma andarilha, ando na estrada há muito anos, não é de hoje. Eu sou uma andarilha que foi encantada, que não vem ao caso falar, mas o que eu posso dizer é que eu não posso dizer que sou uma cigana pura, porque não sou uma cigana assim que nasceu na tribo. Eu era uma lavadeira, quando um cigano passou e se apaixonou por mim na beira de um garapé, se encantou e se casou comigo, me levando para sua tribo. Só que em seguida ele morreu. Esse nome cigano que eu herdo vem dele. Hoje estão me fazendo um festejo, me prestigiando, essas coisas todas, pra não deixar nada faltar, só pra me dar de comer, é uma coisa humilde, mas eu sinto que é de bom coração e todos estão bem acomodados. É por isso que eu abençôo todos que me procuram. Eu trabalho principalmente na linha do amor. Pra juntar é comigo mesma, até porque morri apaixonada por um amor que nem cheguei a desfrutar.

E a festa prosseguiu ao som ritmado dos ogans, os convidados também passaram a entoar os pontos e acompanhar nas palmas e assim foi que baixaram várias pombogiras, que vieram participar do toque no terreiro de Pai Geovano.