CRUSIUS E CREDO
Todos sabem, até os que não sabem (porque sentem), que o capitalismo em suas fascinantes facetas (para os fascinados) é fecundo em produzir códigos simulantes de uma concretitude mística: suas promessas de elevação para além do princípio de realidade. A exacerbação do princípio do prazer. Nada de Freud, e sim da ordem da abstração. O total isolamento da relação de produção. A que movimenta o mundo.
Absorvidos por estas facetas fascinantes, espectros-monetárias, muitos indivíduos metamorfoseiam estes códigos em força móbil de seu existir social: o credo capitalista. A metafísica-monetária, onde o que menos tem lugar é a moral social implicantes dos desejos de viver, viver junto e viver bem, que enuncia a democracia. Postulado como crente desta ordem, nada lhe é mais sagrado que a confirmação de que é detentor das posses econômicas. Portanto, nada de pejo para consegui-la. Isto porque, se é um credo saído de uma ordem abstrata, nada há no mundo real para servi-lhe de referência moral para coibir seu atos afanadores. Logo, estamos diante de uma patologia: impossibilidade de con-viver em alteridade produtiva com os outros, produzindo socialidade com a potência de sua liberdade. O que torna o homem um ser-democrático.
Como se trata de uma patologia, a apropriação do que é público, e no casso específico o dinheiro, a lógica-patológica (lógica como linguagem do discurso corrupto) destes indivíduos é de aproximarem-se, ou infiltrarem-se, em seguimentos, instâncias, grupos, sociedades, etc, que carreguem esta subjetividade. No caso de uma democracia representativa, partidos cujos signos manifestem este convite. O chamado espaço “do se dar bem”. Daí se entender que os acontecimentos antidemocráticos, apropriação do dinheiro público, no estado do Rio Grande do Sul sob a gestão PSDB na pessoa de senhora Crusius, não é de causar surpresas, ou arrepios, nos mais ingênuos. Não precisa nem considerar as alianças partidárias compostas por parlamentares dado ao senso, “e a minha parte?”, basta apenas lembrar do desgoverno Fernando Henrique com suas privatizações escusas, amparadas no dinheiro público como moeda de atração, o impulso vitalizador de Daniel Dantas nas teles e políticas bancárias, compras de votos para reeleição, empecilho para qualquer investigação relativa à corrupção, impossibilidades de instalações de CPI’s para investigar atos do governo, e, de quebra, ver presentemente o desgoverno Serra fragmentado por acusações de corrupções. Junte-se a isso (é pouco? Tem mais) a visível comprovação da falta de talento para a administração pública. Modus-políticus da direita, cuja democracia é apenas um conceito e o povo uma mera abstração.
Daí que somando o credo a Crusius, temos a “psicogogia” (o que é notável) ‘política’ da direita: a ineficiência administrativa e a invasão dos corruptos na cena política do estado.