ANISTIA AOS DESMATADORES: A VERDADE FABRICADA

Não existiu, nem existe proposta dentro do governo para anistia aos desmatadores. Existe no governo é a implementação do decreto que aumenta o rigor em relação à fiscalização, criminaliza aqueles que produzem em área desmatada ilegalmente e criminaliza também aqueles que comprarem os produtos produzidos nessa área”, disse a ministra do meio ambiente Marina Silva na busca pela composição de outras formas ou configurações sociais, políticas e existenciais na questão do desmatamento na Amazônia. O que não é fácil em meio ao mecanismo midiático da espetacularização do cotidiano, que imprime a lógica da violência, conjugada com as imposições do mercado, na tentativa de uma regulação da ordem estabelecida no mundo.

Violência também presente em declarações hiperbólicas de parlamentares como o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que chamou o desmatamento de “holocausto ecológico”. Composição excelente para a demarcação deste território de violência, que evidencia mais ainda um estilo particular de existência regulada no engendramento de forças para a produção e reprodução da exclusão, da crueldade, da dor.

As diversas “notas” publicadas em vários blogs, sítios e jornais sobre uma suposta anistia do Governo Federal aos responsáveis pelo aumento do desmatamento na Amazônia apontam para mais uma dessas manifestações de terrorismo (no sentido de atuações violentas adotadas por determinados grupos para se impor no contexto social) contra a Amazônia, contra a população. Nelas são evocados a reprodução dos dizeres de certos “políticos” e ambientalistas dando sinais de que o governo Lula fracassou na tentativa de conter o desmatamento; uma desacalentada oposição, que pede a renúncia da ministra; e “observadores internacionais”, que observam a política de contenção do desmatamento como mais um entrave para o projeto de certas nações, também de forma terrorista, invadem países considerados ameaças à sua hegemonia.

Não há uma política ambiental da ministra Marina. Há uma política ambiental do governo, que só pode ser viabilizada se tiver o apoio do presidente Lula. O presidente me convidou para o ministério. Ele pode me tirar quando quiser. Desde que a lâmpada amarela foi acesa com a possibilidade de aumento no desmate, o presidente Lula assinou quatro decretos para enfrentar o problema. Ministros, governadores e prefeitos foram mobilizados. Não é fácil. Gera dúvidas e insegurança nas pessoas. Se vai dar ou não certo é um desafio que está posto. Não só para o governo, mas também para o setor produtivo, sociedade, formadores de opinião”, completa Marina Silva em entrevista a um dos principais responsáveis pelo ataque à inteligência da população. Afirma ainda que as medidas do Decreto 6.321, de dezembro de 2007, que dispõe sobre ações relativas à prevenção, monitoramento e controle de desmatamento na Amazônia, já estão sendo tomadas. Apesar das tentativas de boicote às medidas como no caso do apoio da bancada ruralista, aqui representada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), à tal anistia de um lado; e de outro o ataque das madeireiras aos trabalhadores, que protestam no Pará. O desafio maior parece ser trabalhar diante do reforço de atitudes segregativas com relação ao ambiente, representados pelos ataques de vários grupos para os quais o que menos importa é a Amazônia, mas a manutenção de seus lucros, e cuja arma é a estupidez produtora e reprodutora das “verdades” fabricadas.

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