PT NÃO SE REDUZ À PEQUENEZ DE SUAS LIDERANÇAS
Um dos maiores equívocos que a direita comete no Brasil e em alguns países onde se manifestaram linhas intensivas de alteração da realidade social e econômica é o de acreditar na ilusão do poder. Ou o vazio do poder, como enuncia o filósofo Jean Baudrillard. Como estão muito bem adesivados aos clichês sociais que formatam as relações de força do Estado, eles se mostram incapazes de perceber afetiva e cognitivamente quando essas linhas intensivas começam a produzir no plano do Real modificações afetivas-afetantes do corpo social. Por isso, a título de ilustração, a direita PSDB-PFL, com suas artimanhas, consegue apenas diminuir a área de abrangência de sua influência. Seja nas tentativas de inflacionar os episódios de corrupção do governo, ou mesmo na recente derrubada da CPMF, a direita percebe tardiamente que perdeu muito mais que o governo.
Assim, no Amazonas, as forças reacionárias que asfixiam o PT, apequenando-o, se acreditam proprietárias do partido. Típico entendimento limitado epistemologicamente de direita, onde os partidos são vistos – e efetivamente o são – como clubes de associados para interesses financeiros. Não partem de uma mobilização afetante da multidão em comunalidade, potência desejante do novo, como foi o PT, experiência inédita no mundo, como percebeu o afetivo-afetante filósofo Guattari.
O EXEMPLO
Esta semana, na ALE-AM, o deputado estadual Sinésio Campos acedeu à tribuna para falar sobre sua eleição ao cargo de presidente regional do PT no Amazonas. Após a autopromoção, diversos deputados solicitaram o uso da tribuna para confraternizar a vitória do deputado. A maior parte, de partidos de direita. Deputados como Adjuto Afonso (PP), Wallace Souza (PP), dentre outros, comemoraram a vitória de Sinésio mais até do que os próprios petistas. Isto porque a vitória do deputado significa o fortalecimento do PT Oh, My Darling!, submisso aos interesses do governador Eduardo ‘guerreiro de sempre’ Braga. Sinésio recentemente usou a tribuna da ALE para regozijar a revista IstoÉ, que colocou o governador do Amazonas como uma das 5 personalidades do ano. O deputado também criticou recentemente a iniciativa do senador Tião Viana (PT-AC), que pretende unificar os fusos-horários do Amazonas e Pará, comparando Tião ao “ditador” Hugo Chávez. Como se pode ver, nos enunciados professados pelo novo presidente regional do Partido dos Trabalhadores, nada de diferente dos enunciados da direita.
A FORÇA COMPRIME, A POTÊNCIA DISTENDE
No entanto, o que o deputado não sabe é que, ainda que enfraquecido nas eleições internas, o PT ainda é um partido diferenciado dos demais. Ainda carrega linhas intempestivas que, como devir-minoria, contaminam o social com suas compreensões mais próximas da multidão, criadora do movimento social-comunalidade. Ilustração disto é o texto enviado pelo leitor intempestivo Paulo Saunier, petista, que apresenta sua leitura da eleição de Sinésio e da condição do atual PT e suas lideranças no Amazonas. Como se pode depreender, ainda há vida inteligente no partido:
“O PT apequenou-se em tudo. Em tamanho e na diminuição de sua potência-corpo como realizador de novos encontros e afetos alegres, como vocês da AFIN falam. Sinceramente não dá pra ver um partido como o PT no Amazonas, que inicialmente era totalmente contrário às coligações com a direita, eleger nesse momento uma pessoa que mama, lambe as botas da direita. O que aconteceu com seus filiados? São petistas ou simples filiados sem convicção política? Pelo visto sem convicção, porque deixar se conduzir para votar em kombis, carros particulares, ônibus, como a direita faz, é copiar ipisis literes o que a direitaça faz. Foram me buscar numa kombi para votar. Chegaram em casa por volta das 7 horas. Me recusei a ir. Ando de ônibus todo dia, por que naquele estavam indo me buscar? O bom seria se todo dia eu tivesse ônibus sem excesso de lotação como é dia de domingo pela manhã. O líder do governo agora é o presidente. Uma coisa eu digo. Nós vamos debater a questão da candidatura própria do partido em assembléia. Nada de aceitar candidatura atrelada ao governo ou à ‘prefeiura’. E que o partido mude sua forma de trabalho. Nada de burocracia. Queremos debates, queremos um partido ligado aos movimentos sociais, aos sindicatos, ligado às massas. Queremos um partido formando quadros, democrático, transparente. Noutro dia escrevo mais”.
Paulo Saunier
O Bloguinho Intempestivo compõem com os entendimentos do companheiro Paulo, e o convida para outras intervenções nestes espaço, bem como de outros, que pretendam tornar público o seu entendimento sobre as questões comunitárias, e assim compor para que a Inteligência Coletiva possa ampliar sua potência de agir.
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