CONFRONTO MÉDICO-ADMINISTRATIVO E SUAS CONFLUÊNCIAS

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CENA 01. Dando continuidade ao caso do Metropolitano-Itacoatiarense noticiado (aqui e depois aqui) neste bloguinho, detalhando melhor a cena, acrescenta-se que no dia 27 de outubro, quando o Itacoatiarense foi ao Hospital João Lúcio, foi atendido por dois médicos, o Médico-Professor e o Médico-Aluno, que tomaram de sua perna uma radiografia, para utilizarem em uma aula. O Médico-Professor pediu para o Médico-Aluno fazer as demonstrações dos procedimentos. O Médico-Aluno diagnosticou que seria necessário “puxar” para tentar fazer voltar ao lugar o osso fraturado. Após esse procedimento, tiraram novamente radiografia; percebendo que não “voltara” ao lugar, os dois médicos engessaram a perna e foi expedido documento enviando o paciente para o HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas) para que no dia 02 de novembro (sexta-feira passada) fosse internado, para ser atendido no dia 05 (hoje).

CENA 02. Conforme noticiamos ontem, o Itacoatiarense não foi aceito pelo médico responsável — o qual trataremos por Médico-Interceptor —, que fazia plantão, segundo ele pelo hospital não estar em condições materiais para garantir a permanência do paciente e acompanhante durante este final de semana, e ele teria de voltar somente hoje. Pelo que se sabe, no entanto, quando o Serviço Social de um hospital envia um paciente para outro é porque sabe que esse outro tem as devidas condições e responsabilidade de receber o paciente. Mas, como vimos, acabamos ficando no assim teria que ser

CENA 03. Hoje, então, o Itacoatiarense chegou ao hospital para ser atendido às 7h. Enquanto aguardava, foi notado pelo Médico-Aluno que o atendera no Hospital João Lúcio, que inquiriu o motivo de ele não estar internado. O Itacoatiarense e sua acompanhante narraram o ocorrido. Quando o Médico-Interceptor chegou, o Médico-Aluno o confrontou, perguntando porque não internara o paciente, segundo o expedido pelo Médico-Professor. O Médico-Interceptor explicou com veemência a situação precária do HUGV. Então o Médico-Interceptor e o Médico-Aluno se dirigiram para o Ambulatório Araújo Lima. Enquanto se dirigiam, o Médico-Aluno foi explicando que o procedimento, segundo Médico Professor. seria anestesiar, puxar, se o osso não “voltasse”, seria necessário fazer uma cirurgia e, caso se necessitasse, colocar também uma haste, devendo-se engessar somente após isso. O Médico-Interceptor foi outra vez veemente, dizendo que nada disso seria feito, primeiro porque não tinha haste e segundo porque o próprio gesso pressionaria o osso para “ficar” no lugar. A acompanhante, que estivera atenta a toda a cena, perguntou como isso ocorreria se o gesso estava frouxo. O Médico-Interceptor então ordenou que a perna fosse novamente engessada. Em seguida, o Médico-Interceptor ordenou para o Médico-Aluno explicar aos estudantes que estavam presentes o procedimento daquele caso. Dessa vez o Médico-Aluno passou a explicar de acordo com o que prescrevera o Médico-Interceptor, diferente do que ordenara o Médico-Professor. Após colocado o gesso, o Médico-Interceptor diagnosticou que o paciente deve voltar para Itacoatiara, passar 20 semanas com o gesso, no término desse período bater outra radiografia, se o osso não tiver “voltado” ao lugar, aplicar outro tipo de gesso.

CENA 04. Conclusão: a perna continuou do mesmo jeito. Diante deste quadro de confrontos e confluências, familiares e amigos do Itacoatiarense ficam cismados. Observando essa rivalidade de domínios, pergunta-se: quem tem o saber necessário à comunidade, o Médico-Professor ou o Médico-Interceptor? Quando o Médico-Aluno acaba aplicando o procedimento do Médico-Interceptor, ao contrário do que prescrevera seu Médico-Professor, como fica a população diante de dois diagnósticos? Como a população poderá acreditar em serviços públicos especializados, como a medicina médico-hospitalar? O pior de tudo isso é que ocorreu num hospital-escola. A família, confusa com a indefinição dos saberes-diagnósticos, resolveu levar o paciente ao CEFRAM (Centro de Fraturas do Amazonas). Aguardem os desdobramentos.

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