OS PRESENTES MARAVILHOSOS DO EXECUTIVO E LEGISLATIVO À BELA MANAUS
“Quem viu você
Não pode mais esquecer
Quem vê você,
Logo começa a querer.
Manaus, Manaus, Manaus,
Minha cidade querida.
Manaus, Manaus, Manaus,
És a cidade sorriso,
Esperança da nossa Amazônia”.
(Canção de Manaus, Áureo Nonato)
Quando o inimigo se aproxima, vem devagar, com cara de amiguinho, e escondendo atrás de si um presente, pode desconfiar: é trambique na certa. Hoje, aniversário de Manô, a bela Manaus, alcunhada pelos ‘muy amigos’ da arte gastrô-servil de Princesinha do Norte, políticos, artistas, as chamadas personalidades locais rendem homenagem a ela, os mesmos que, em comemorações passadas evidenciavam no enunciado o ressentimento e a dor da não-existência: “é uma cidade que a gente tem que gostar e amar”.
Pronome possessivo não compõe com amor. O amor é uma produção do afeto/razão, através do conhecimento e do aumento das potências. O que não acontece com os que pretendem fazer do significante ‘amor’ uma realidade palpável apenas pela ilusão da linguagem.
O Executivo municipal/estadual e o legislativo (ALE e CMM), quando chega a época de comemorar o aniversário da cidade – cidade-sorriso, meu ciúme, por amor a Manaus – esbaldam-se em declarações de amor eterno, no compromisso cívico, ético e amoroso pela cidade que administram. Mas o que a ilusão do significante que eles tomam como real não consegue encobrir são os fatos decorrentes da inépcia e gestão ineficiente da cidade durante todo o ano, no qual a cidade de Manaus é ‘presenteada’ pelos efeitos dos atos irrefletidos dos deputados, senadores, vereadores, prefeito, governador, secretários, assessores, mídia, entre outros. Este Bloguinho Intempestivo separou 13 ‘presentes’, preparados pelos nossos governantes, ilustrando todo o amor, carinho e cuidado que eles têm com a nossa cidade metropolitana:
O Jovem e o Parlamento: “Deputados do Amazonas aprovaram um projeto designado como Parlamento Jovem. Permite estudantes participarem das sessões para compreenderem os meandros legislativos: os caminhos de funcionalidade da casa. Pequeno Expediente, Ordem do dia, apresentação e votação de Projeto de Lei, etc. O óbvio. O desnecessário, principalmente…”
A SEMED e o conto da Escola Escolada: “Quando a Prefeitura de Manaus, por secretarias suas, como a SEMED, vem fazer justificação para o pagamento de empreiteiras no primeiro semestre da gestão Serafim, que deveriam construir escolas, mas que nenhuma construção existia, pode-se afirmar que essa nefasta prática existia antes e que continuou existindo…”
PROSAMIM – do Marketing como Negação da Vida: “Orgulho do governo, grande peça publicitária da eleição passada, o PROSAMIM (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus) vende a idéia da melhoria da qualidade de vida através da melhoria da saúde e do entorno urbano. Ganha, diz a propaganda, o ribeirinho (sic) e os habitantes da cidade…”
Os Bons Ventos da SEMED: “…Ah, não poderíamos esquecer nesta lista de novidades esvoaçantes o revolucionário frango invertebrado, tantas vezes mais caro do que o frango convencional, para deleite dos paladares exigentes de alunos e pais das comunidades manauaras! Ah, como pensam no bem-estar do povo estes nossos gestores educacionais!”
Uma Mão Lava a Outra! Quando Tem Água!: “Uma patologia crônica social/hidrográfica que se arrasta a séculos como as magníficas performances políticas dos governante passados e presentes. Um tema sempre tratado entre o mítico do rio Amazonas e o científico da cidade. Onde o mítico sempre leva a melhor: a água existe em nossa imaginação…”
A Doença Mental e os Governos: “…em Manaus as tentativas de intervenção no quadro de produção subjetiva da doença mental inexistem, e ficam somente no terreno do marketing governamental, aliás, como a maior parte das questões políticas…”
Que Venha a Prefeitura! Projeto Oceânico Poseidon!: “As águas correm para o rio, o rio corre para o mar, o mar deságua no oceano… No oceano está Poseidon. E é por isso que os moradores da (que nunca foi) rua Rio Jaú, do Novo Aleixo, juntamente com a AFIN, conclamam as outras ruas Rios transbordantes de Manô para invocarmos o senhor dos oceanos e mares para ativação do PROJETO OCEÂNICO…”
Comunidade Escolar vs Marketing SEDUC: “Numa escola com tantos problemas, onde professores dizem que até para fazer uma sessão de cinema é dificultoso, onde falta até o pincel de quadro, é antiético que sua imagem esteja sendo usada pela Secretaria como exemplo de atividades culturais, principalmente quando se tem um Secretário com formação em filosofia. Mas, como se diz, há uma distância muito grande entre um filósofo…”
O Caos no Transporte Coletivo e os Governos: “Do mesmo modo que o prefeito, o governador Eduardo Braga também taxou a ação dos trabalhadores rodoviários de arbitrária e sem justificativa plausível. O que é mais plausível do que a falta de condições do transporte coletivo em Manaus e a péssima situação dos funcionários das empresas…”
Democracia e Pensamento Mágico: “A aprovação ontem, em segundo turno, da lei que cria a região metropolitana de Manaus, pelos parlamentares da ALE, Assembléia Legislativa do Amazonas, expõe dois enunciados impossíveis de serem atualizados como reais no regime discursivo do Amazonas…”
Da Hilariedade de Alguns Projetos de Lei: “Em Manaus, alguns projetos de lei de autoria dos vereadores (e outros de proposição do executivo, a prefeitura), levam-nos a duas observações: 1) a ausência de elementos cognitivos-afetivos para compreensão das correlações de força que surgem no plano social…”
Audiência Sobre Suspeita de Irregularidades no PROSED: “…de modo algum conseguiu explicá-las racionalmente, deixando em “transparência” apenas, segundo ex-gestores, a postura autoritária da atual gestão, tornada bem clara por Sérgio Augusto quando categorizou que ‘durante essa gestão não há qualquer possibilidade de autonomia escolar’…”
Despotismo da Quimera Melindrosa: “O PCCS foi aprovado. Melindrosamente, na madrugada de hoje, numa sessão extraordinária (não confundir com o extraordinário filosófico de Nietzsche), tentativa de armadilha para pegar o movimento dos professores desprevenido…”
LINHAS INTENSIVAS PARA ALÉM DO BURACO NEGRO
Claro, este Bloguinho sabe — e eles não — que a Manô não se reduz aos atos dos seus governantes e seus efeitos no plano da socialidade. Vagamundeando pela city, encontramos linhas de fuga, vibrações, zonas de vizinhança, que também fazem ressoar os afetos alegres, que aumentam as potências de agir.
Pessoas de todas as idades que compreendem a ausência da comunalidade, mas que com seus afetos e suas produções enfraquecem os blocos de ressentimentos, imigrantes (paraenses, maranhenses, interioranos, acreanos, rondonienses, roraimenses, cearenses, e tantos outros) que produzem encontros dos corpos materiais e imateriais e compõem processuais de singularidades pelos bairros manauenses afora, educadores que diluem a violentação nas escolas e transformam a sala de aula e o aprender numa experiência alegre do saber comunitário, trabalhadores que compreendem a importância comum dos seus ofícios e produzem para além da produção do lucro, carregando afetos transformadores, velhos que escaparam à codificação perversa da temporalidade cronos e da chantagem da aposentadoria e da ‘melhor idade’, jovens e crianças que ultrapassaram o ao ‘si’ que seus familiares e professores queriam que fossem, para transbordar na alegria da com-vivência, artistas (raros) que confiam e conhecem seu talento, e que escaparam à edipianização subserviente ao pai-governo, jornalistas (mais raros) que compreendem a força comunitária da notícia como análise do fato ampliando a rede da inteligência coletiva, todas essas singularizações que, no plano do número são poucos, mas como devir-minoria auxiliam a cidade a continuar sobre-existindo ainda que as forças reacionárias cotidianamente ajam para enrijecer o corpo-cidade.
“Adeus, Manaus!
Está chegando a hora da partida
Adeus Manaus
Meu adeus será por toda minha vida.”
(Waldick Soriano)
…[red]SIMPLES PENSAMENTO”
O importante da amizade
O importante da amizade não é conhecer o amigo;
e sim saber o que há dentro dele!…
Cada amigo novo que ganhamos na vida, nos aperfeiçoa
e enriquece, não pelo que nos dá, mas pelo
quanto descobrimos de nós mesmos.
Ser amigo não é coisa de um dia. São gestos, palavras,
sentimentos que se solidificam no tempo
e não se apagam jamais.
O amigo revela, desvenda, conforta.
É uma porta sempre aberta em qualquer situação.
O amigo na hora certa, é sol ao meio
dia, estrela na escuridão.
O amigo é bússola e rota no oceano,
porto seguro da tripulação.
O amigo é o milagre do calor humano
que Deus opera no coração