MACRON REVELA PROMESSAS DESCUMPRIDAS E DIZ QUE MULHERES BRASILEIRAS SENTEM VERGONHA DE BOLSONARO

Da Redação Viomundo
“Eu o encontrei uma primeira vez e ele me falou, uma mão sobre o coração, que tudo faria pelo reflorestamento e o engajamento com o Acordo de Paris para poder assinar o acordo do Mercosul com a União Europeia, e 15 dias depois fazia o contrário demitindo cientistas. Pode-se dizer que não me falou a verdade. Algumas semanas depois, teve um compromisso de urgência no cabeleireiro quando deveria receber nosso ministro das Relações Exteriores. E, ontem, considerou que era uma boa ideia que um de seus ministros da República fizesse insultos a minha pessoa”.
A declaração foi feita pelo presidente da França, Emmanuel Macron, a jornalistas, ao fazer um balanço do encontro do G7 em Biarritz. Ele estava ao lado do presidente do Chile, Sebastian Piñera.
O primeiro encontro com Bolsonaro a que se refere Macron aconteceu em reunião do G20, no Japão.
O presidente francês demonstrou conhecimento sobre os ataques que sofreu de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
“O que eu posso dizer a vocês? É triste, é triste, mas é em primeiro lugar triste para ele e para os brasileiros”, afirmou ele, de acordo com o diário conservador carioca O Globo.
Macron se referia ao fato de que Bolsonaro comentou na postagem de um seguidor que comparava as primeiras damas Michelle e Brigitte, de 37 e 66 anos de idade.
“Não humilha cara”, escreveu o presidente da República Federativa do Brasil, acrescentando um “kkkkkk”.
Já o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou Macron de “calhorda” e pediu “ferro no cretino”.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já havia se referido ao líder francês como “Micron”.
O governo Bolsonaro argumenta que Macron tenta derrubar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul para defender agricultores franceses, que competem com o agronegócio brasileiro.
“E ele [Bolsonaro] fez comentários extraordinariamente desrespeitosos em relação a minha esposa. O que posso dizer? É triste. Mas é triste, sobretudo, para ele e os brasileiros. Penso que as mulheres brasileiras têm, sem dúvida, vergonha de seu presidente. Penso que os brasileiros, que são um grande povo, têm um pouco de vergonha de ver esse comportamento. Eles esperam, quando se é presidente, que se comporte bem em relação aos outros. Tenho muito respeito e admiração pelo povo brasileiro, e espero muito rapidamente que eles tenham um presidente que se comporte à altura”, disse o líder francês na mesma entrevista.
Bolsonaro alimentou a disputa em duas oportunidades hoje, falando a repórteres e no twitter:
“Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia. Será que alguém ajuda alguém, a não ser uma pessoa pobre, né, sem retorno? Quem é que está de olho na Amazônia? O que eles querem lá?”
“Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma “aliança” dos países do G-7 para “salvar” a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”.
O encontro do G7 terminou com uma promessa de ajuda de 20 milhões de euros para combater os incêndios na Amazônia.
Na Bolívia, o fogo avança sobre reservas florestais. Além de contratar um avião tanque fora do país, o presidente Evo Morales agradeceu a ajuda do Peru, que enviou dois helicópteros para combater o fogo.
O presidente Donald Trump não participou da reunião do G7 que tratou de questões ambientais, para a qual o primeiro-ministro da India, Narendra Modi, foi convidado.
Assessores de Trump reclamaram que Macron teria tentado introduzir na reunião assuntos que consideram “de nicho”, como aquecimento global, igualdade de gênero e desenvolvimento na África.
Economia, comércio e segurança global são os temas-chave que deram origem ao G-7.
Trump já escreveu no twitter, no passado, que “o conceito de aquecimento global foi criado pelos chineses para tornar o setor manufatureiro dos Estados Unidos não competitivo”.
Porém, sobre a ausência de Trump na reunião, Macron saiu em defesa do presidente dos Estados Unidos, dizendo que Trump tinha uma agenda paralela importante.
Trump, por sua vez, encheu Macron de elogios durante o encontro de cúpula.