AH, SE A MULHER DEPENDESSE DO OUTDOOR DOS “POLÍTICOS”!
O outdoor é um dos estratagemas usado pelo capitalismo consumista na sociedade urbana com um único objetivo: persuadir com a exibição em via pública de um produto reificado, o consumidor indiferente. Aquele que compra não por sua própria escolha, mas pelo encanto do oferecimento da mercadoria. “Papai mágico sabe o que necessito!”
Pontuada e sacralizada historicamente pelo medo do homem que a ver como terrível perigo, a mulher foi, mesmo com seus atos revolucionários, capturada pela semiótica deste medo fixada por uma data (8 de março) como ardil enunciador que diz o que não quer dizer: “A mulher existe, apesar do homem.” O aforismo que o homem quer calar. Daí a invenção da pontuação medrosa de “Dia da Mulher”, quando a mulher não precisa de dia para produzir transformações intensivas que cultuam a vida como afirmação do existir.
O OUTDOOR “MULHER” DOS NOSSOS “POLÍTICOS”
Foi então que encantados pelo medo “Dia da Mulher”, “políticos” de Manaus manifestaram em outdoor seus entendimentos e considerações à mulher. Homens e mulheres, irmanados no mesmo medo e culpa, sintetizaram em enunciações clichês, do tipo “otimismo em gotas” proporcionado pelo pragmatismo norte-americano, a banalidade de si projetada na mulher. Deputadas como Vanessa (PC do B), Rebeca (PP), secretárias da gestão “Amazonino cassado”, deputados Marcelo Serafim, senador Arthur“5,5%”Neto, todos afirmaram seus “engajamentos” com clichês da ordem amenidades como “desigualdade, nós podemos, mulheres guerreiras,” entre outros signos desativados sócio e politicamente por força da mística e mítica.
Todavia, o clichê que mais evidenciou-se, por sua composição filológica, andrógina e genética foi a do senador Arthur“5,5%”Neto: “Mulher, a tua luta é minha luta.” Mas é muito fácil compreender esse princípio de igualdade enunciado pelo senador “orgulho do Amazonas”. Como as mulheres que ele conhece são as mulheres que atuam e propagam os mesmos signos fálicos, que manifestam as inseguranças ontológicas dos homens, “ir à luta, vencer, ocupar meu espaço, guerreira, etc (mulher Erasmo Carlos)”, nada de devir, acontecimento, ele tentou, pelo discurso, se mostrar igual às deputadas que também se mostraram, pelo discurso, iguais a ele, representantes do desespero dos homens.
Alegria da mulher: o outdoor mostra a moral chauvinista opressora judaica/cristã/capitalista/burguesa, mas nenhum signo mulher que escapa de todos os estratagemas que a querem como um “sagrado” símbolo da cerimônia de mortificação perpetrada pelos que a temem, e por isso a odeiam. Daí, para eles, o tal “Dia da Mulher!”