HOMOFOBIA E IGUALDADE

Esta semana foi divulgado o relatório produzido pelo GGB (Grupo Gay da Bahia), no qual está compilado o mais preciso e rigoroso levantamento da violência com motivação homofóbica do país. De acordo com o estudo, somente em 2008, 186 homossexuais foram assassinados no Brasil.

Destes, 122 eram homoeróticos do gênero masculino, 28 eram travestis e 06 lésbicas. Triste sina de um país que não tem cobertura legal de proteção a esta minoria.

O caso que ocorreu esta semana em Manaus é típico do tipo de relação que a segregação aos homoeróticos cria: o cabeleireiro Artur Macedo Assunção, 52 anos, foi encontrado estragulado, com os pés e as mãos amarradas em sua casa, no bairro da Compensa. Os assassinos foram dois homens, um ex-presidiário. Os dois confessaram o crime, e levaram apenas objetos de pouco valor. Eles participavam de uma orgia com drogas e bebidas.

O crime pode até não ter tido motivação homofóbica, já que o objetivo dos bandidos era trocar os objetos por mais drogas, mas o tipo de relação e envolvimento a que um homoerótico tem que se sujeitar é resultado direto da segregação social a que é submetido.

É bom lembrar que o Brasil é o campeão mundial de assassinatos com motivação de ódio homofóbico, à frente de países de cultura homofóbica. As produções sociais de segregação e de marginalização das relações afetivas têm relação direta com essas mortes.

A Lei Maria da Penha foi um avanço na garantia dos direitos da mulher. Ela é uma série de avanços quando a questão é a violência doméstica, e ao contrário do que afirmaram juristas de direita, ela não ofende o princípio constitucional da igualdade: ao contrário, o afirma legalmente diante de um enunciado castrador e falocrático, que coloca a mulher numa condição de inferioridade na relação de forças do hominismo/machismo.

Da mesma maneira, o PLC 122/06 será um avanço no combate à uma cultura nociva à diversidade. Daí a necessidade de argumentos sólidos e de uma forte campanha no sentido de divulgar a sua importância.

Somente assim a igualdade constitucional poderá chegar também à população LGBT.

Mas no dia internacional da mulher, queremos saudar todas, e compartilhar das alegrias da luta do existir, do engajamento existencial, independente da orientação erótica/sexual, todas as fêmeas que compreenderam que a identidade “mulher” não passa de uma produção social, e que para além disso há um protagonismo que produz não apenas esteticamente um modo de existir mais gratificante do que uma coletividade mais democrática! Beijos fraternos, meus amores!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gays (ou não) que passaram no nosso Mundico! A Louca!

Φ PESQUISA MOSTRA QUE SÓ 11% DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO TEM MULHER ENVOLVIDA. E agora, bonecotes machinhos preconceituosos? Contra a ciência nada pode, dizem alguns. Não é bem verdade, mas neste caso vale. Pesquisa do Denatram, que pra mona que não sabe é o departamento nacional de trânsito, realizada entre 2004 e 2007, mostra que somente em 11% dos mais de 1,5 milhões de acidentes de trânsito que ocorreram no Brasil neste período, havia uma mulher ao volante, o resto era homem ou sumiu do local antes de papai ver se tinha piu-piu ou biola. Um tapa na cara do homonismo falocrático, que crê o carro como uma espécie de caixa de pandora. Mas pelas estatísticas, parece que o problema é mesmo com Epimeteu, e não com a bela filha de Hefestos. Nada mais importante no dia internacional da mulher do que a confirmação científica de que elas são zil vezes mais cuidadosas e zelosas no trânsito! Alguém oferece uma carona pra gente? Sentiu a brisa, Neném?

Φ CONHEÇA O ÍCONE GAY DO FUTEBOL ARGENTINO. Só mesmo em um país desenvolvido, que tem no seu povo um sentido de democracia, apesar dos vários abalos sofridos, é possível enfraquecer uma subjetividade castradora que recobre mundialmente uma expressão social: a homofobia no futebol. A Inglaterra tenta, sem muito sucesso. No Brasil, baby, nem pensar. Aqui somos atrasadíssimos afetivamente e intelectivamente, basta ler uma linha da imprensa esportiva pra ver que é impossível que dali saia outros dizeres. Na Argentina, não tem essa bronca. Tanto que um site, através de enquete eletrônica, elegeu o gatérrimo, gostoso, talentoso (não sabemos se em campo, né, fofa), Franco Niell, jogador do clube Gimnasia y Esgrima de La Plata como o ícone gay, aquele que faz as monas irem aos estádios e esquecerem da pelota. Lindo como ele só, pensa que deu chilique ou que a imprensa de lá transformou-o em elemento da pedagogia do cinturão, como se faz com o Richarlysson aqui em terras braziniquins? Nadinha, mona! É luxo ser ícone gay por lá. Sentiu a brisa, Neném?

Φ E SÓ DÁ ELES, ARGENTINA DESCRIMINALIZA HOMOSSEXUALISMO NAS FORÇAS ARMADAS. Enquanto aqui o Exército Brasileiro recebe o prêmio Pau de Sebo, do Grupo Gay da Bahia, pelos relevantes serviços prestados à causa homofóbica, em terras portenhas, o governo acaba de extinguir o antigo Código de Justiça Militar. A partir de agora, os militares terão que se haver com a justiça comum, exceto em casos de guerra declarada. Isso acaba com a criminalização do homoerotismo nas fileiras militares e a pena de morte, entre outras aberrações. Coisa chique assim, baby, só na Europa! No Brasil, o Código Penal Militar, promulgado em plena ditadura, no seu artigo 235, determina prisão de seis meses pela prática de qualquer ato libidinoso, principalmente homossexual. Tá pra ti! Ai, Buenos Aires nos espera! De férias, porque o melhor é criar onde a gente vive um lugar bom de se viver. Sentiu a brisa, Neném?

Φ FILIPINAS CONVOCA HOMOERÓTICOS A SE ALISTAR. Mais uma para quem curte um uniforme, e também ver os dogmas hoministas falocráticos caindo, um a um. O exército nacional filipino afirmou, através de seu porta-voz (isso lá existe, Miguelina?) que todos os jovens são bem vindos, e que o exército não discrimina. O objetivo não é nobre: aumentar o efetivo, já que poucos se interessam pela carreira militar. De qualquer sorte, as palavras foram fortes, e um avanço no país da América Central. Quem quiser ter uma carreira de sucesso nas forças armadas a curto prazo tem três destinos: a Europa, as Filipinas ou a Argentina. Por aqui, por enquanto, o enrustimento é condição sine qua non para alistar-se. Sentiu a brisa, Neném?

Φ JUÍZES BRASILEIROS SÃO FAVORÁVEIS À UNIÃO CIVIL E À ADOÇÃO. A Anamatra, que é a associação nacional dos magistrados da justiça do trabalho, realizou uma pesquisa entre os associados e descobriu boas notícias para o segmento LGBT: 66% deles é favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo, e 56,8% favoráveis à adoção de crianças por casais homoeróticos. Sinal de que a magistratura brasileira não é tão retrógrada quanto se pensava. Pena que não exista pesquisa semelhante em outras esferas da justiça, já que a trabalhista não lida diretamente com estas demandas. De qualquer sorte, baby, podemos considerar um avanço. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

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