GOVERNO FEDERAL NA FOLIA DO CARNAVALCOMBATE A EXPLORAÇÃO INFANTIL E ADOLESCENTE SEXUAL
Mesmo que a dogmática queira, no carnaval a “carne não vai”. Se ela vai, não há festa: o corpo se ausenta e com ele também os sentidos. O carnaval precisa dos sentidos que se emaranham pela carne como vibração, pulsação, embriaguez dionisíaca, transcendência caosmótica. Ruptura da representação constituída apolínea. No carnaval, o corpo canta em frenesi coletivo. Dionísio, com seu Sátiro, toma as medidas apolíneas para desmedi-la no canto criativo de Tragos, a força plástica/sonora da Alegria.
Mas nas ondulações dionisíacas do carnaval, há aqueles que desde tenra idade tiveram suas carnes dilaceradas pela intervenção castradora de uma ordem moral perversa que negou a possibilidade de um crescimento sexual. Foram transformados em pervertidos sensório-sexual. Estes foram, por obra de adultos perversos, transmutados em pedófilos. Os agentes do medo da sexualidade vivificadora. Violentados que foram por estes adultos, foram moldados como sofridos do gozo fálico como fantasia transgressora infantilizada. Estes se aproveitam da folia para exercerem sua pulsões-traumáticas, pavores genitais, procurando seduzir crianças e adolescentes e, então, alucinarem em vazias satisfações.
O governo federal, em sua perspectiva oficial, ingênua, mas necessária, para tentar evitar a exploração sexual infantil e adolescente nesta quadra momesca, começa hoje a prática de seu marketing esclarecedor. Está distribuindo aos foliões camisetas, abanadores e fitas com enunciações referentes ao combate à exploração sexual.
Os foliões, ou não-foliões, do bom senso, sabem que não são enunciações morais-sexuais adesivadas em objetos que vão garantir a não violência sexual contra crianças e adolescentes; entretanto, o cunho pedagógico do recurso pode auxiliar estes do bom senso na observação sobre os pervertidos-sexuais. O que os torna menos livres para agirem. Infelizmente um olhar policialesco destes do bom senso.
Na falta de uma política que envolva o Estado, os pais, professores, psicólogos, sociólogos, assistentes sociais, vizinhança, todos pertencentes a uma comunidade que possa criar afetos e cognições nas crianças e adolescentes que as tornem seguras em suas existências, o que diminuiria a facilidade de ação dos pervertidos, já que as crianças e adolescentes saberiam identificar e se defender contra seus algozes, a medida do governo cai como folia. O que nos obriga a um compromisso geral com as crianças e os adolescentes para que durante o carnaval a folia seja só de Dionísio e seu ajudante Sátiro.