QUEM É E ONDE ESTÁ A “TORCIDA IMBECIL” PELO CRASH FINANCEIRO DA QUAL FALA LULA?

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Lula afirmou ontem, em São Bernardo dos Campos, que existe uma “torcida imbecil” para que a crise (haverá realmente uma crise?) financeira internacional afete a economia brasileira. Sim, a torcida existe, e existe um centro visível, alguns blocos enrijecidos e diversas microfrentes de difusão de seu agouro.

Os Estados Unidos, para quem vem das velhas escolas sociológicas tradicionais, ainda que revolucionárias, aparece como o epicentro dessa crise. O que não está de todo errado, já que foi impulsionada pela pré-datada derrocada do sistema financeiro norte-americano. O que acontece, no entanto, é que a velha pirâmide capitalista continua apenas com a mesma força de comando da rainha da Inglaterra. Quem produziu este estado de coisas, e vai intensificando-o, desloca-se rapidamente, mais rápido do que a história, ainda que em deslocamento extensivo: “Os criminosos são conhecidos, têm nomes e apelidos, deslocam-se em limusinas quando vão jogar o golf, e tão seguros de si mesmos que nem sequer pensaram em esconder-se. São fáceis de apanhar. Quem se atreve a levar este gang aos tribunais?” (Saramago, Crime (financeiro) contra a humanidade). Por todos os lados e planos, de forma generalizada, o que Paul Virilio, em artigo publicado nesse final de semana no Le Monde Fr e traduzido no portal Carta Maior, chama de “acidente integral”: “Depois de uma curta fase técnica – quebra de bancos, queda de preços -, passamos a um período de ‘histericização’ exagerada das reações. Fala-se de ‘loucura dos mercados’, de reações ‘irracionais’, quase de fascinação pelo fim do mundo”.

Entre os blocos discursivos marcadores de poder estão os economistas, que vão errando prognósticos ou acertando-os, mas impotentes com sua significância econômica, sem perceber sequer o próprio nariz, quanto mais que existem inúmeras microforças/microfascismos atuando em lugares onde a linguagem não alcança, pois, como dizem Deleuze e Guattari, “há tantos signos ou expressões diretamente econômicas quanto conteúdos não economistas”. A eles se aliam os politicogastros da direitaça, querendo tirar proveito de um crash interno, que todo dia ao acordar a primeira coisa a fazer é olhar se a Bovespa caiu, sonhando em tirar proveito de um possível crash do Governo Lula. A estes, o jornalista Mino Carta acrescenta os “jornalistas” que “no Brasil deitam falação sobre economia no vídeo e nas páginas impressas. Nos últimos anos atingiram um grau de prosopopéia nunca dantes navegado”. Entre todos eles há uma correlação, que não pode ser vista como tomada de partido ideológica, mas que é da ordem da subjetividade. “A ideologia é o conceito mais execrável que esconde todas as máquinas sociais efetivas” (novamente Deleuze e Guattari). Uma subjetividade dura, perversa, imbecil, que não sabe sequer a diferença entre uma verdadeira crise econômica e um crash financeiro.

Acontece que mais uma vez Lula se antepôs ao sonho americano e deverá não só frustrar o doce sonho da mídia/economia/direita retardatária devido aos U$ 207 bilhões (atente-se bem ao símbolo cifrário) em cofre, mas ainda pretende fazer o Brasil “despontar como uma potência depois desse período” (grifo nosso). Que seja uma potência maior, democrática. Quanto à torcida contrária, além de imbecil, é impotente.

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