!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!
O SALDO DAS ELEIÇÕES E A POLÍTICA INTENSIVA.
Meniiiin@s!!! Dos candidatos LGBT que estavam na lista da ABGLT, apenas quatro se elegeram em todo o Brasil. Isto até pode ser entendido como uma derrota, ou a exposição do panorama da conscientização política do público LGBT. Mas queremos convidar para um outro olhar sobre a política e as eleições. Vamos lá?
Primeiro, é importante que se entenda uma candidatura LGBT não somente como uma candidatura de um gay, lésbica, trans ou travesti. Pode até ser, e seria interessante que fosse, mas existem candidatos aliados que podem defender tão bem quanto os interesses do público. Destes, também poucos devem ter sido eleitos. A chamada política tem tomado um direcionamento cada vez mais gregário e menos solidário!
Gente, há uma diferença. O gregarismo é número, a comunidade é intensidade. No gregarismo, uma rua, um bairro, uma cidade, um país, só existem no plano burocrático. Quantas vezes vocês ouviram aquele candidato-apresentador de tevê e explorador da miséria social do povo afirmar que defende as comunidades, ou luta pela comunidade tal e qual? Bom, uma comunidade, se é comunidade, não precisa que a defendam. Aliás, defendê-la de quem? Quem é que pode ameaçar uma comunidade além dela mesma e as intempéries naturais?
Um aglomerado de pessoas só deixa de ser um aglomerado a esmo quando há um ou mais elementos materiais e imateriais que produzam uma linha intensiva que perpasse essas pessoas. Uma comunidade é um corpo desejante. E é possível ser um corpo desejante por moradia, por água, por saúde, por segurança, por respeito e dignidade. Mas não é possível reivindicar tudo isso se não há esse elemento “subjetivo” (e toda subjetividade está na objetividade).
No gregarismo, a política profissional se dá bem. No edipianismo dissimulado, o candidato espertinho chega, oferece uma benesse a um indivíduo ou um pequeno grupo. De benesse em benesse, ele consegue os votos que queria, e esse indivíduo ou pequeno grupo consegue aqui e acolá aquilo que precisava imediatamente. Em detrimento do outro. A competição para roer as migalhas da mesa do Papai é árdua, e há quem acredite que ser político se reduz a isso. Por isso, interessa aos governos o esquadrinhamento dos movimentos sociais, conhecer as suas “necessidades” (ou seriam as necessidades de seus representantes?).
Uma comunidade é um corpo-potência intensiva. Dele escapam partículas afetantes que modificam a realidade social. Esta produção desejante vem num processual, numa confluência de linhas intensivas e atuação desejante. É preciso que se ative o corpo social, que o coloque em movimento. Os Sem-Terra, por exemplo, não pleiteiam cargos políticos, mas têm toda uma máquina desejante que começa com as escolas nos assentamentos, onde a educação é zil vezes melhor que as melhores escolas particulares do país, pois que está profundamente envolvida com o cotidiano e com as lutas daquele movimento. Cada Sem-Terra é o movimento, e não individualidades.
Não se trata de evolução, mas de moviment-ação: não esperar que a política se faça apenas pelos meios tradicionais e de dois em dois anos, mas que se atue no sentido de discutir e produzir saberes a partir daquilo que queremos, e saber principalmente que o que queremos não está pronto, mas se constrói no fazer. Através da arte, do trabalho, daquilo que cada um sabe fazer e faz com amor.
Não criar grupos individualizados, corporações de interesses anti-democráticos, como fazem a maior parte das igrejas, quando elegem os seus representantes (onde está a igreja do povo, aquela de Cristo?), mas criar multitudes, instâncias indivisíveis de velocidades constantes e movimentos intensivos, contagiar os corpos, animar o movimento, insuflar o Desejo, aproximar-se do fluxo da Vida. Isso começa, como diriam os psicólogos, dentro de si, cada um lutando contra o Si Mesmo que se impôs desde a infância e que não nos pertence, e passa pela socialidade cada um sendo UM, e não O. Não uma parte do movimento, mas um movimento. Assim, quando menos se esperar, a mudança se deu, e o mundo despertará num grande arco-íris de alegria, quando então as pessoas entenderão porque o mundo é gay.
Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!
Φ SACERDOTE SUGERE TATUAR HOMOERÓTICOS. Existe uma máxima da psicopatologia da vida cotidiana que diz que o agressor violenta as suas vítimas da mesma forma que foi violentado, e que se usa para amedrontar o outro aquilo que amedronta a si. Pois bem, este sintoma descrito pelo bestiário psiquiátrico do século passado apareceu novamente esta semana, na Inglaterra. Peter Mullen, sacerdote de Londres, afirmou em seu blogue que o homoerotismo é inatural, e que, tal como as carteiras de cigarro, eles deveriam vir tatuados com frases como “a sodomia faz mal à saúde” e “a felação mata”. Marcar com dizeres no corpo faz parte da chamada cultural ditatorial: selecionar, classificar, identificar. Na segunda guerra mundial existiam várias formas de identificar os judeus nos campos de concentração, todas com signos inscritos no corpo. Nos EUA, os colonos britânicos costumavam tatuar um A em vermelho no corpo das mulheres adúlteras. Diferente dos povos nativos, tatuados pelo imperialismo mercantilista da época dos descobrimentos como índios, que usam dizeres no corpo para compor outros afetos e aumentar a potência de agir, os tatuadores-tatuados do capitalismo e do enunciado teofastro, muito bem definidos e identificados pelos signos capturadores do desejo que imobilizam e causam dor, precisam vampirizar outras vítimas, disseminar a dor. Daí, impossibilitado de uma produção erótica desejante, o padre – e nem precisava ser padre – procura inocular a sua moléstia moral. Menos uma cura do que uma panacéia. Pobre pastor! Sentiu a brisa, Neném?
Φ SACERDOTE ASSUME EM PLENA MISSA!! “Esse povo da igreja ou é oito ou oitenta”, disse a Frankernilda quando soube que o padre Geoffrey Farrow, da paróquia de Fresno, na Califórnia, assumiu o seu homoerotismo em plena missa dominical. É que o enunciado teofastro dos discípulos de Paulo de Tarso é hermeticamente fechado para práticas eróticas, sejam elas quais forem. Principalmente quando são homo. Mas longe de combater as causas da pedofilia e pederastia igrejal, a Santa Sé prefere esconder tudo debaixo do manto sagrado. O padre Farrow é uma exceção. Não apenas assumiu sua condição, como lembrou aos seus fiéis os avanços na neurologia e psiquiatria, recomendando votar a favor do casamento gay na Proposta 8. Posição, lógico, contrária a dos bispos californianos. Os caminhos do desejo são tortuosos, e por vezes ele fica preso, mas no caso do padre Farrow, nem o enunciado paulino conseguiu impedi-lo de amar o mundo. Ele preferiu Jesus da Palestina. Sentiu a brisa, Neném?
Φ CONNECT-I-CUT NÃO CORTOU CASAMENTO GAY!!! Depois de Massachussets e Califórnia, é a vez do Estado de Connecticut liberar o casamento gay. Por 4 votos a 3, os juízes do Tribunal Supremo do Estado deram ganho de causa a 8 casais que demandavam direitos iguais. Os juízes argumentaram que a decisão encontra jurisprudência na constituição estadunidense, que prevê direitos iguais e não proíbe uniões entre pessoas do mesmo sexo. É para se comemorar, embora não tenha sido fácil. A governadora do Estado, Jodi Rell, expressou desacordo com a decisão, mas deve acatá-la. Se os ganhos na esfera jurídica estão se multiplicando mundo afora, é resultado da atuação política – no sentido que colocamos acima – de grupos do mundo inteiro, no enfraquecimento da subjetividade castradora à estética de Si que fuja do padrão do ideal ascético, o grau zero das relações. Sentiu a brisa, Neném?
Φ EM RECIFE, CASAL GAY CONSEGUE ADOTAR! E não é só em outras fronteiras que a justiça vêm reconhecendo os direitos LGBT. Na belíssima capital de Pernambuco, Recife, terra dos morenos e morenas cor de canela estonteantes, o Juizado da Infância e Adolescência deu sentença favorável à adoção de duas irmãs, de cinco e sete anos, a um casal homoerótico masculino. O juiz responsável pelo julgamento, Élio Braz Mendes, afirmou que é a primeira sentença deste tipo no país, onde a demanda foi feita pelo casal, e não por um dos parceiros individualmente. Ele fundamentou sua decisão na Constituição Brasileira, que 20 anos atrás garantiu direitos iguais para todos. E como não há lei proibitiva, tudo fica a cargo da consciência do juiz. No caso do Exmo. Juiz Élio, uma consciência-mundo, não capturada pela moralidade de classe. Sentiu a brisa, Neném?
Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:
FAÇA O MUNDO GAY!
suo linda pod cre e gostosa tambem