CANDIDATOS-PETELECOS SUPERAM O VERDADEIRO BONECO PETELECO NA DISPUTA ELEITORAL

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É com tristeza que Oscarino Farias, talentoso ventríloquo, o mais antigo do país ainda em atividade, anunciou que os tempos de fartura na época de eleição terminou. Segundo o famoso artista, que será alvo de homenagem em um festival de teatro nacional, pelos 50 anos de carreira, sempre com o seu parceiro de piadas, o famoso Peteleco, o fim dos showmícios terminou também com o ganha-pão de artistas como ele, que era acostumado a animar festas públicas e particulares de políticos locais, desde antigos tempos.

A ‘FARSA’ DA FARSA: A PROLIFERAÇÃO DE ‘PETELECOS’

O que o ilustre ventríloquo não citou é que, em termos de política manoniquim, mesmo antes do fim dos chamados showmícios, a concorrência petelecal já estava acirrada. Desde de idos tempos que candidatos majoritários usam do expediente do “candidato-laranja”, que pela peculiaridade de não ter voz, a não ser a que lhe dá o seu manipulador, foram batizados pela população de ‘petelecos’. Como truque neurolinguístico, o ventriloquismo verdadeiro encanta, mas não engana. O espectador sabe que da boca do ‘peteleco’ não sai nada. No ventriloquismo eleitoral, nem isso.

Nenhum, evidentemente, teve um mestre-manipulador com talento que rivalizasse o de Oscarino. Este é um dos poucos ventríloquos do mundo que alcançaram um grau avançado na técnica do ventriloquismo em que não faz sequer o mínimo movimento com a boca ou lábios, e a voz ainda assim sai perfeitamente desterritorializada, encontrando no negrinho Peteleco o território do humor. No caso dos “oscarinos” eleitorais, o engodo é tão fácil de descobrir que se pode ver até os movimentos ruminativos (que não é o ruminar do filósofo Nietzsche) na boca, quando projetam os ataques aos adversários ou propostas “arrojadas” na boca mecânica dos ‘petelecos’.

Um dos candidatos petelecos mais famosos da disputa eleitoral de Manaus no ano de 2006, Plínio Valério usou em plena campanha o bordão Não Sou Peteleco de Ninguém, sem saber que o povo já sabia do truque petelecal, dado o altíssimo grau de são franciscanismo que exalava da sua personagem eleitoral. No primeiro turno, atacou Serafim Corrêa e disfarçava que era anti-Amazonino. No segundo turno, não teve vergonha de sentar no colo do seu ventríloquo e assumir o seu lado ‘peteleco’. Hoje, mesmo sem disputar cargo público, continua fiel ao seu “oscarino”. Foi ele quem articulou a ida de Amazonino para o PTB, e foi o primeiro a anunciar a candidatura do ex-governador e prefeito de Manaus, mas não foi indicado para o cargo de vice.

Mesmo sem disputar cargo público nesta eleição, o ilustre senador Arthur ‘5,5%’ Neto é frequentemente colocado na categoria de parlamentar-peteleco, tal a prática do senador em tomar as dores e usar a tribuna do Senado Federal para reverberar FHC. Ultimamente anda sendo pouco usado como boneco de ventríloquo, já que o ex-presidente anda preferindo atacar diretamente o governo Lula. Não se sabe se para preservar o que ainda resta de reputação de seu ‘peteleco’ no Amazonas. Afinal, 5,5% do eleitorado do maior Estado do Brasil não é de se desprezar.

No atual certame, são muitos os ‘petelecos’, mas dois se destacaram até o momento. Há aquele que nunca exerceu cargo público eleito diretamente pela população, mas graças aos truques ventroloquistas de seu “oscarino”, parece que é grande realizador de projetos. O outro, se revelou no último debate ocorrido, quando atacou todos os adversários, menos o seu suposto “oscarino”.

De qualquer sorte, o verdadeiro Oscarino-Peteleco, dupla há 51 anos inseparável, apesar de terem frequentado por décadas os palanques e pedido muito voto para os que hoje lhe plageiam, não merecia perder a platéia para seus imitadores.

1 thought on “CANDIDATOS-PETELECOS SUPERAM O VERDADEIRO BONECO PETELECO NA DISPUTA ELEITORAL

  1. Grande Artista o Oscarino.
    Mestre na arte do ventríloquo, com certeza atingiu um nivel artistico que vai ser muito dificil alguem superar.
    Ele tá até no Guiness Book como o mais antigo na arte do ventríloquo.

    🙂

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