!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!
UMA NEUTRALIDADE HOMOFÓBICA
Novidades sobre o caso da querida Paola Bracho, da Escola Estadual Cleomenes do Carmo Chaves, no bairro Jorge Teixeira IV Etapa, Manaus.
Primeiro: nesta quinta-feira, funcionários do Ministério Público estiveram na escola para conversar com o diretor, já como parte do processo de averiguação da denúncia feita pelos estudantes. Como não encontraram o diretor – ele cumpre expediente nos horários matutino e vespertino –, os agentes procuraram a pedagoga. No entanto, neste dia ela não se encontrava, por problemas de saúde. Os agentes tiveram que falar com a secretária da escola, que nada sabia do ocorrido, informou-lhes onde era a turma do 3º Ano “06”. Infelizmente, eles também não puderam falar com Paola, nem com o companheiro Phablo, que articulou junto com os colegas a denúncia. Eles estavam em prova, e os agentes acharam por bem não interromper. Mas prometeram retornar num momento em que pudessem falar com o diretor. Sinal de que o Ministério Público está atuante quanto às demandas que a população faz. Aguardemos novidades sobre este assunto.
A outra novidade, que não é positiva, mas que nos auxilia no entendimento de como funciona a homofobia na sociedade capitalista, foi uma reunião ocorrida nesta sexta-feira, convocada pelos professores do horário noturno. Alguns deles, incomodados com as declarações de Phablo de que “todos” os professores estariam apoiando a iniciativa dos alunos em levar adiante o processo, pediram que o trecho onde Phablo afirma a unanimidade do corpo docente fosse retirado do Bloguinho Intempestivo.
Segundo fontes intempestivas, os professores alegaram que não estavam a favor e nem contra a situação, tentando manter uma pretensa neutralidade sobre a questão. É importante para nosso entendimento os argumentos usados por estes professores. Alguns alegam ser evangélico, não podendo, portanto, concordar com um processo contra uma “irmã”, que apenas cumpriu aquilo que achou certo dentro da sua perspectiva de crença, outros que, embora não tendo nada contra, também não estavam a favor de terem seus nomes incluídos na “unanimidade”, que, por sinal, nem tem no texto.
Quanto aos argumentos teodoxos, é preciso entender que praticamente todas as religiões, em seu corpus disciplinar (dogmas), pretendem um controle sobre os fluxos corporais. Como em todas elas há uma tendência para a diminuição da potência de agir das pessoas, é claro que controlar o corpo em suas produções ético-estéticas, políticas e eróticas, limitando a possibilidade do gozo (aumento da potência de agir), é questão de sobrevivência e de (falsa) sedução: o grau zero de relações, o ideal ascético.
Assim, as chamadas igrejas apocalípticas herdaram do catolicismo – e este continua afirmando a dogmática – a idéia de que o corpo serve somente à reprodução e que a erótica – a estética do corpo como ferramenta do sexo e do prazer – é pecaminosa. Daí a questão não ser a pedagoga enquanto realidade individual o problema, mas os dizeres que ela carrega, os atos que comete em nome da sua “fé”, que não se reduzem ao seu individualismo, mas transbordam no social. Muito da homofobia que existe hoje tem como elemento sustentador a teologia, seja ela cristã, judaica, muçulmana. Embora, claro, haja dentro destas teologias, quem defenda o uso livre do corpo. Cristo, por exemplo, foi um destes.
Quanto à pretensa neutralidade que os professores almejam, não passa de uma idéia inadequada, nascida não do exame do real à partir da Razão, mas do equívoco dos sentidos, num corpo que é vítima dos acasos dos encontros. Soubessem estes professores que a educação é um processual do existir que acontece a partir do uso da Razão pelos encontros que ativam a Vida, e não retenção-evocação de informações a partir de uma memória mecanizada, não cometeriam o equívoco de se colocar “alienados” aos acontecimentos. Como o fato é um corpo social, ele produz afecções no âmbito político, das quais um corpo-intelecto que se diz educador não pode se esquivar: ou examina e afirma que aquele encontro não interessa a um educar ativador da Vida, por ser um corpo carregado de afetos tristes, ou produz afetos que aumentem a potência de agir, num alegre encontro de produção de comunalidade.
Na educação, como na existência, não existe neutralidade. Ou como afirmou outro educador, o filosofante Sartre, não escolher é por si só uma escolha. Ao tentar ficar “em cima do muro”, os professores segregam uma homofobia típica desta época, onde o homoerotismo adquiriu status de sujeito do consumo: dissimulada, escondida, ressentida. Mas ainda assim uma homofobia, sem tirar nem pôr.
Para completar a angústia dos “indecisos”, o assunto, só nesta colunéeeeesima, já está rolando desde o dia 07 de setembro. Fora a comunidade “Homofobia Já Era”, do Orkut, e outras entidades ligadas à temática LGBT que reproduziram e apoiaram Paola. Até organizações na Austrália se manifestaram. Com o tempo real consumido pela hiper-realidade, zil olhos já viram, outros zil ouviram falar. Mesmo que esta coluna retirasse esta partícula da fala de Phablo – o que não faremos – não poderíamos apagar da lembrança das pessoas o que elas leram. No mundo do hiper-real, nem Deus pode.
Houve ainda um outro argumento colocado por alguns professores em defesa da pedagoga/professora Rai: o de que ela teria sido indicada para a função sem passar pelo devido preparo e capacitação para o exercício da administração de uma escola, ainda que em apenas um turno e na ausência do diretor. Não podemos esquecer que a Dona Rai exerce, alternadamente, as funções de professora e de pedagoga. Neste aspecto, esta coluna concorda com os professores: a questão não é de culpabilidade, mas de clínica social-institucional.
Se a pedagoga/professora foi colocada para exercer duas funções, então está sobrecarregada e com desvio de função, e se isto acontece, é por anuência da secretaria estadual de educação. Trata-se então de questionar a política pública para a educação de um governo que se diz plural, mas que não consegue tornar suas escolas linhas de atuação educadora formadora de comunidades de afetos e saberes. Ao contrário, se uma agente pública comete um ato de homofobia sem ter tido acesso ao conhecimento e normas de conduta que levem à convivência plural, ou se nem mesmo existem na normatização da secretaria tais normas, então o caso é de se responsabilizar o governo.
A homofobia, neste caso, é institucional, uma produção de um governo que nega a Vida e cultua a decadência, a improdutividade, a violência e a dor. Sabe-se que na mesma escola, existem turmas que desde o início do ano possuem disciplinas apenas no registro da secretaria estadual de educação, mas na prática nunca tiveram uma aula sequer. Outra informação que esta colunéeeesima obteve foi a de que esta é a segunda escola de Paola este ano, já que teria sido expulsa de outra escola pública estadual, por ter se recusado a tirar a maquiagem.
Diante dos fatos, que sublinham a subjetividade homofóbica alimentada pela dogmática apocalíptica e por um governo decadente, esta coluna não pretende retirar as informações dadas pelo companheiro Phablo. A não ser que os prefessores solicitem legalmente, o que seria a confirmação da homofobia, ainda que dissimulada. Com a palavra, os mestres.
Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!
Φ FORTALEÇA A REDE! ALIE-SE À ABGLT!!. Atenção, todas as entidades que trabalham com o segmento LGBT no Brasil! A ABGLT estará realizando em Belém (PA), a cidade das mangueiras, o seu 3o Congresso. A festa da rede de atuação LGBT vai acontecer de07 a 11 de dezembro, e nela, a associação nacional estará oficializando alianças com entidades que fazem a rede da inteligência coletiva, no combate à homofobia, à exploração sexual, ao turismo sexual e à pornografia envolvendo crianças e adolescentes. O objetivo é o fortalecimento desta rede, com a disseminação mais rápida e eficiente de informações, a produção de conhecimento, além de participação em eventos e capacitações sobre a temática LGBT. Quem se interessou, pode buscar mais informações aqui, ou pelo e-mail da ABGLT, mas as inscrições só vão até o dia 15 de outubro. Tá esperando o que, Vanderlayne? Vamos pra Belém!!! Sentiu a brisa, Neném?
Φ DIREITOS HUMANOS E DESPORTO EM COPENHAGUE. VAMOS? O World Outgames é uma iniciativa da ILGA (International Lesbian and Gay Association) que reúne desporto, cultura, diversão e conferências sobre direitos humanos LGBT. Para a sua versão 2009, que vai ocorrer de 25 de julho a 02 de agosto em Copenhague, na Dinamarca, a entidade organizadora está proporcionando bolsas de custeio para participação e organização de mesas de trabalho para delegações do leste europeu, África, Ásia, América do Sul e Oriente Médio. A informação é da ABGLT, que convida tod@s a participar, para que o Brasil arrase na conferência! Para mais informações visite a página do World Outgames 2009, ou envie email. De nossa parte, já estamos afiando o nosso alemão e francês, não é, Frankernilda?. Sentiu a brisa, Neném?
Φ VEM AÍ A 11a CONFERÊNCIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. De 15 a 18 de desembro deste ano, irá acontecer em Brasília, a 11a Conferência Nacional de Diretos Humanos, com o tema “Democracia, Desenvolvimento e Direitos Humanos: superando as desigualdades”. Até agora, segundo a ABGLT, já temos 67 delegados de 17 Estados. Um toque para a querida Bruna La Close, presidente da AGLBTT, que deve estar ocupadíssima com os preparativos para a Parada Gay Manaus 2008 – que aliás, é domingo que vem, visse – é que o Amazonas ainda não indicou nenhum delegado. Ainda tem tempo de organizar uma bela comissão e arrasar com propostas inovadoras! Sentiu a brisa, Neném?
Φ MANAUS É A SEGUNDA CAPITAL DO PAÍS EM DST´S. Preocupante! Segundo o Ministério da Saúde, Manaus ocupa o segundo lugar em incidência de cinco das oito doenças sexualmente transmissíveis monitoradas pela rede pública de saúde. Sífilis, clamídia, hepatite B e duas formas de HPV. A pesquisa envolveu somente seis capitais, mas ainda assim, os dados são preocupantes. Das mulheres examinadas, 45,3% apresentaram incidência de HPV! Cruzes!!! Assim não dá para ser alegre. O pior é que estas DST´s são também resultado da subjetividade hominista. As mulheres em sua maioria têm receio de fazer exame preventivo, ainda que em qualquer casinha de saúde isso seja feito semanalmente. Além disso, a promiscuidade dos maridos e o não uso de preservativos entre os casais cria o ambiente ideal para a disseminação dessas doenças. Por isso, ame a sua gata, mas ame pra valer! Incentive e promova a profilaxia para ter sempre com ela um chamêgo gostoso e saudável. Lembrem-se, meninas: a língua também é transmissora de bactérias!! Sentiu a brisa, Neném?
Φ SÃO 11 OS ASSASSINATOS HOMOFÓBICOS NO AMAZONAS, EM 2008. De acordo com dados da polícia, em parceria com a AGLBTT, foram notificados junto à DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) 11 assassinatos de homoeróticos no Amazonas! Um aumento em relação a 2007, que fechou em 10, segundo dados da mesma fonte. No entanto, para a AGBLTT, houve um avanço, já que nas décadas passadas, o número era bem mais expressivo. No que, democraticamente, e com todo o respeito, discordamos. Não numericamente, pois efetivamente houve diminuição, mas no fato de que estes dados podem indicar a diminuição da homofobia. Ainda há discriminação e formação de “guetos”, e não se tem homoeróticos assumidos, por exemplo, em cargos políticos. Sequer temos candidatos assumidamente gays de destaque nos partidos políticos. Se Manaus não consegue ter nem uma candidata do gênero feminino à prefeitura, que dirá um homoerótico (assumido, que fique claro). É na participação ativa na elaboração e efetivação de políticas públicas que melhorem as condições de existências das pessoas é que se mede homofobia de uma cidade. Como cidadãos de fato, e não apenas para a sociedade de consumo. Sentiu a brisa, Neném?
Φ LULA É A FAVOR DA UNIÃO CIVIL HOMOERÓTICA. De acordo com dados da polícia, em parceria com a AGLBTT, foram notificados junto à DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) 11 assassinatos de homoeróticos no Amazonas! Um aumento em relação a 2007, que fechou em 10, segundo dados da mesma fonte. No entanto, para a AGBLTT, houve um avanço, já que nas décadas passadas, o número era bem mais expressivo. No que, democraticamente, e com todo o respeito, discordamos. Não numericamente, pois efetivamente houve diminuição, mas no fato de que estes dados podem indicar a diminuição da homofobia. Ainda há discriminação e formação de “guetos”, e não se tem homoeróticos assumidos, por exemplo, em cargos políticos. Sequer temos candidatos assumidamente gays de destaque nos partidos políticos. Se Manaus não consegue ter nem uma candidata do gênero feminino à prefeitura, que dirá um homoerótico (assumido, que fique claro). É na participação ativa na elaboração e efetivação de políticas públicas que melhorem as condições de existências das pessoas é que se mede homofobia de uma cidade. Como cidadãos de fato, e não apenas para a sociedade de consumo. Sentiu a brisa, Neném?
Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:
FAÇA O MUNDO GAY!
q gaaay amigaaaa ;D