*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*

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Quien quiera entender como funciona el mundo deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).

CHAGÃO PERGUNTA

O ‘Chagão!’ quer saber: Num dos jogos preparativos do Brasil, antecedendo a copa de 1958, Mané fez um gol antológico: driblou toda a zaga adversária, deixando todos os “joões” no chão. Chegou na linha do gol, olhou pra trás, voltou para a entrada da área, driblou todo mundo de novo, e quando chegou na linha do gol, puxou a bola de tal modo que um zagueiro adversário, desorientado, chocou-se contra a trave. Qual era o selecionado adversário do Brasil nesta partida? Resposta: Dizem que Garrincha fez miséria em dois amistosos, e duas jogadas parecidas. Uma, contra a Alemanha, outra contra um selecionado de jogadores do time italiano do Fiorentina. Nesta partida, os italianos aclamaram Mané como o imperador de Florença.

CONTA OUTRA, LEONOR!

Futebol e política não combinam, já teriam dito literalmente os inteligentíssimos Kaká e Cafu, e indiretamente outros tantos, mais recentemente o volante Anderson, atualmente no Manchester United e na seleção globodunganike. Felizmente, assim como a filosofia é para os não-filósofos, o futebol é também para os “não-futebolistas”. Há aqueles que nunca deram um pique de dez metros e jamais conseguiram fazer a bola ir na direção desejada, mas comandam o futuro do esporte, vide Blatter (um homem perigoso…), Ricardo Teixeira e por aí vai. Há, no entanto, artistas, filosofantes, trabalhadores, que fazem do seu ofício o trabalho lúdico de implodir o hiper-real, fazendo saltar o Real no plano social: os craques da pelota existencial. Gonzaguinha foi um deles. Artista do compôr e do cantar, fazia do violão a sua bola, e da fina ironia, da ternura e do humor aquilo que só craques como Garrincha e Canhoteiro faziam com a Leonor no relvado. Gonzaguinha sabia bem que falar de futebol era falar da existência. Sabia que a bola é o território do intempestivo, daí a sua fascinação infantil (que não é o infantil da Xuxa e do Galera Nota 10). Daí ter uma obra que vez por outra usa a linguagem do futebol, principalmente no tempo da ditadura, para dar o toque por baixo das pernas da censura e marcar o gol da aliança afetiva-afetante comunitária com o povo brasileiro. Na sua alegria, driblou até o Rei, como já contado aqui. Hoje, a Leonor traz para nós a letra da canção “Geraldinos e Arquibaldos”, genial composição de Lula, que você pode ouvir no cedê “Gonzaguinha no Samba”, e arriscar uns acordes no violão, com as cifras da canção, abaixo disponibilizadas. Mas o grande barato mesmo é pegar “de ouvido” e montar as próprias cifras, numa tabelinha com o craque da canção engajada. Vai que é tua, Geraldinho!

GERALDINOS E ARQUIBALDOS”

(Luiz Gonzaga Jr.)

Tom: E

E

Mamãe não quer . . . não faça

B7

Papai diz não . . . não fale

Vovó ralhou . . . se cale

E

Vovô gritou . . . não ande

Placas de rua . . . não corra

B7

Placas no verde . . . não pise

No luminoso : . . não fume

E

Olha o hospital . . . silêncio

E

Sinal vermelho . . não siga

A

Setas de mão . . . não vire

B7

Vá sempre em frente nem pense

E

É Contramão

Olha cama de gato

Olha a garra dele

É cama de gato

B7

Melhor se cuidar

No campo do adversário

É bom jogar com muita calma

Procurando pela brecha

E

Pra poder ganhar

E

Acalma a bola, rola a bola, trata a bola

B7

Limpa a bola que é preciso faturar

E esse jogo tá um osso

É um angu que tem caroço

E

É preciso desembolar

E se por baixo não tá dando

É melhor tentar por cima

A

Oi com a cabeça dá

Você me diz que esse goleiro

E

é titular da seleção

B7 E

Só vou saber mas é quando eu chutar

E B7

Matilda, Matilda

No campo do adversário

É bom jogar com muita calma

Procurando pela brecha

E

Prá poder ganhar.

LINHA DE PASSE

A Folha de São Paulo comete um equívoco crasso de contabilidade e grande parte da imprensa esportiva cai na esparrela. Segundo o jornal, somando-se todos os investimentos governamentais (diretos e indiretos) da gestão Lula, chega-se ao montante de 1,2 bilhão de Reais. O Site Contas Abertas coloca números mais modestos: pouco mais de 650 milhões. De qualquer sorte, o que a Folha fez foi dividir este montante pela quantidade de medalhas que o Brasil trouxe de Beijing. Não é preciso ser contabilista nem aluno da 4a série da professora Helenildes pra saber que é uma conta no mínimo, forçada. Ainda assim, a maior parte da imprensa comprou a conta, a título de criticar o COB, sem levar em conta que investimentos no esporte são algo recente na política pública, na esfera federal, e que, para o governo federal, não se pensa em esporte dissociado da educação. Sem perceber, a Folha critica a gestão do esporte brasileiro do mesmo ponto de vista de quem a faz: sem fazer a leitura do esporte para além do negócio. O COB agradece e o governo faz a parte dele.

* * *

Enquanto Alex Ferguson segurou Cristiano Ronaldo pelo elástico da cueca e impediu o Puto de Ouro de fazer uma grande besteira na sua carreira futebolística, do outro lado do muro Ramón Calderón não fez esforço algum para manter Robinho no Real. Faltando apenas o comunicado oficial, já é certo que o ex-santista e pedaleiro-mor da nação dunguística vai jogar no azul e branco do milionário russo e da direita inglesa. Se fará sucesso, é um mistério que nem os profetas da bola saberão prever. Mas uma coisa é certa: na briga entre os grandes ícones do capital futebolístico, às vezes ganha o funcionário mais oportunista. Na frente do gol ou fora do gramado.

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Definidos os classificados para a fase de grupos da Champions League, é hoje o sorteio dos grupos. No frigir dos ovos, como diria aquele craque da cozinha, os grandes se garantiram. Mas algumas surpresas se confirmaram. O campeão belga, Standard Liège foi eliminado na prorrogação pelo Liverpool, time treinado pelo Parreira espanhol, Rafa Benitez, que insiste em manter na defensiva um time com potencial ofensivo. Bem ou mal, vai dando mais ou menos certo. Outro que se garantiu foi o Atlético de Madrid, que retorna à Liga depois de 11 anos de jejum. Tudo graças à talvez melhor dupla de ataque do velho continente: o argentino ‘Kun’ Aguero e o uruguaio Diego Forlán. É certo que Forlán é o grande arquiteto das jogadas, e Kun ganha a fama, mas de qualquer sorte, com o Pibe portenho carrasco do Brasil nas olimpíadas o alvirrubro enfiou quatro no Schalke 04 e está nos potes do sorteio de amanhã. Já do lado das surpresas, o Anathosis Famagusta, de Sávio e do Chipre, eliminou o Olympiakos e o BATE Borisov eliminou o Levski Sofia. Na próxima edição desta coluna você confere os grupos e a primeira rodada, na seção “Campeonatos Europeus”.

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Boca Juniors e Arsenal de Sarandí definiram ontem o supercampeão da América do Sul. Na partida de ida da Recopa Sudamericana, os xeneizes empurraram 3 a 1 no time de Julio Grondona. Ontem, em La Bombonera, os auriazuis comemoraram, depois de um sufoco em todo o segundo tempo. É que o time da casa saiu na frente com Rodrigo Palacio aos 6 minutos, mas o Arsenal virou, com Carrera (14) e Matos (24), mesmo com um jogador a menos. Com mais um, o time levaria a decisão para os penais, mas os de Sarandí não se garantiram, e nos acréscimos, Riquelme empatou a partida, garantindo o 18o título internacional do Boca, que está empatado com o Milan como o clube com mais conquistas internacionais.

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E começou nesta segunda-feira, em Londres, o campeonato mundial de futebol gay de 2008. O certame conta com 36 equipes masculinas e 9 femininas, e deve durar 6 dias. O evento é organizado pela Associação Internacional Gay e Lésbica de Futebol, a IGLFA, e já é tradicional. Como nas outras edições, não há clubes brasileiros, o que não prova a ausência de homoeróticos nos campos, mas sim o grau de enrustimento do futebol braziniquim. Ao contrário do chamado “futebol pra macho”, no torneio gay não há discriminação e não existe comprovação de orientação erótica para jogar (o artilheiro do último certame nem era homo). No torneio anterior, realizado em Buenos Aires, o campeão foi o Dogos, da Argentina

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CAMPEONATOS NACIONAIS

Enquanto o Corinthians se aproxima do título, que é praticamente certo, a briga pelas posições intermediárias e pelas outras 3 vagas para a série A 2009 está acirrada. Não fosse o Timão, e o campeonato já teria tido vários líderes, numa rotatividade maior que a primeirona. Até mesmo o Bahia, que levou uma coça da torcida esta semana, pode ascender, saindo do túmulo da terceirona para a primeira, e se fizer bonito como o Vitória está fazendo, pode provar que sobreviveu ao toque decadente de Daniel Dantas. Já Ponte Preta e Juventude se alternam, enquanto o Barueri, clube prefeitural, segue ali, na espreita, e pode abiscoitar. O Ceará perdeu a primeira em casa, e o Fortaleza conseguiu a façanha de perder para o Paraná Clube. Túlio Maravilha empurra mais um, e tem 19 gols, deixando o segundo colocado na poeira, com apenas 12. Confira os resultados:

21ª Rodada Série B – 26/08

Ceará 1 – 2 Vila Nova

Criciúma 0 – 1 Juventude

São Ceatano 2 – 4 CRB

Paraná Clube 3 – 1 Fortaleza

Corinthians 5 – 0 Gama

Bahia 3 – 0 América/RN

ABC 1 – 1 Avaí

Brasiliense 1 – 1 Santo André

Barueri 1 – 0 Marília

Bragantino 2 – 0 Ponte Preta

Classificação*

Corinthians  –  45

Avaí  –  39

Vila Nova  –  38

Santo André  –  37

Barueri  –  36

Ponte Preta  –  33

Juventude  –  32

Bahia  –  32

Ceará  –  30

Bragantino  –  30

São Caetano  –  28

ABC/RN  –  27

Gama  –  24

Fortaleza  –  23

América/RN  –  23

Marília  –  23

Criciúma  –  22

Paraná Clube  –  20

Brasiliense  –  17

CRB  –  15

* Em roxo, os classificados para a Série A do Brasileirão ‘09; em cinza, os rebaixados para a série C.

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