!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!
CONSIDERAÇÕES SOBRE O HOMOEROTISMO NA CHAMADA 3A IDADE
A retidão da existência social na sociedade do consumo é também um produto. Um monopólio tão intenso que por vezes as pessoas sequer chegam a suspeitar de que possam existir outras formas do Existir. Estudar, namorar, casar, trabalhar, constituir família, ter filhos, a promoção, as férias, a aposentadoria, a morte.
Uma linha tanática que incide sobre o corpo como realidade política – política aqui não como a política eleitoral da democracia representativa, mas como produção de um com-viver entre as outras pessoas. Nesta realidade, qualquer produção que desestabilize a linha do humano, demasiado humano, da vida média, é tratada como desvio, e cabe ao Estado se debruçar para capturar, classificar e rotular essas produções, sempre com o intuito de eliminar o seu aspecto revolucionário.
Assim, dentro desta subjetividade “vida média” a que nos referimos, e que leva ao entendimento quase autômático de que um corpo só é produtivo enquanto é capaz de manter sua força-de-trabalho apta para o modo de produção do Capital, a chamada 3a idade surge como uma produção estereotípica que captura a maior parte das pessoas.
Ainda que alguns acreditem no marketing da melhor idade, chantagem implícita que procura imobilizar ainda mais os poucos que teimam em suspeitar que podem ser úteis – a maioria está tão triturada pela máquina do trabalho que não suspeita mais, nunca suspeitou – o enunciado que prevalece nesta subjetividade é o que imprime no chamado idoso a pecha de improdutivo e desnecessário.
Se levarmos em conta a população homoerótica que chega em idades avançadas, temos um problema ainda maior: são pessoas que são produtos de dois enunciados castradores da subjetividade vida média: a idade e a orientação sexual.
Se já é difícil encontrar territórios onde as produções desejantes dos chamados heteros idosos possam se realizar, no caso dos homos é mais difícil ainda: eles têm que lidar com a discriminação constantemente, ainda mais nesta idade.
O desejo sexual que não arrefeceu e não encontra meios de se realizar, a solidão, o isolamento são produções sociais, mas que são vistas na maioria das vezes como um fracasso pessoal. Não é uma luta que se dê somente no âmbito da psicologia das idades, mas também no das políticas públicas. Não da inclusão capitalística, onde todos estão incluídos na máquina trituradora das produções humanas, mas numa inclusão intensiva, que não tolere a diferença, mas que a deseje. A velhice, como o homoerotismo, é um outro gostar a vida, uma outra intensidade, nem menor nem maior que outros gostos. A velhice é um produção intensiva, quando a construímos. A terceira idade é a chantagem que procura capturar o que ainda restou.
De qualquer sorte, o surgimento de casas de abrigo para homoeróticos velhos, principalmente na Alemanha e na Austrália, é algo a se comemorar, desde que estes locais trabalhem sob uma perspectiva alternativa aos que já existem. Que permita que a intensidade dest@s velh@s possa aumentar sua potência de agir e que o Belo possa crescer num terreno fértil e produtor de bons encontros.
Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!
Φ GRUPO HOMOFÓBICO DE LESBOS PERDE AÇÃO. A ação movida por um grupo igrejal que queria impedir as homoeróticas de usarem a palavra lésbica fracassou. Dimitris Lambrou, que patrocinou a ação, disse que vai continuar com a sua missão divina. O que ninguém perguntou a ele ainda é como ele pode se apresentar como representante de TODAS as habitantes da Ilha de Lesbos contra o uso da palavra, já que o que ele defende é a identidade de um povo. A briga, portanto, não seria jurídica, mas psicossociológica – ou moral mesmo, já que se trata de juízo moral, e não de valor. Além do mais, não se pode proibir o uso de uma palavra, que é patrimônio universal. Em quantas línguas se pode dizer lésbica? Lambrou terá que vencer uma batalha em cada ramo das línguas do mundo, até que a própria palavra deixe de constar nos léxicos e se transforme em letra morta. Não é mais fácil assumir, dondoca? Sentiu a brisa, Neném?
Φ NESTA ELEIÇÃO, NÃO VOTE EM CANDIDATO MACHINHO-MACHÃO. A ABGLT lançou esta semana a campanha “Vote Contra a Homofobia. Vote Pela Cidadania”, na qual recomenda às mais de 200 entidades que são cadastradas, a formalizar junto aos candidatos a prefeito de suas cidades, as reivindicações e propostas para o executivo e legislativo, que incluem a inclusão de políticas públicas para o segmento LGBT, além de incluírem em seu plano de governo leis de criminalização da homofobia. O documento também sugere um calendário oficial de comemorações, visando dar maior visibilidade à causa LGBT. Uóoooooultima idéia, maninha! Agora, uma sugestão desta colunéeeesima é: entenda que seu voto não é seu, mas de todos os habitantes da sua cidade, indepentende de orientação erótica. Não adianta votar num candidato que prometeu zil benesses à população LGBT, se ele for um patologizado parasita do erário público. Vamos votar por nós e por todos! A inteligência gay mostrando como se faaaaaaaz! Ui! Sentiu a brisa, Neném?
Φ LACI APELA AO STF PARA OBTER LIBERDADE. Fosse banqueiro e apaniguado de Gilmar, o sargento Laci já estaria solto há muito tempo. O STM (Supremo Tribunal Militar) demora no julgamento do mérito do seu habeas corpus. Laci apelou para o STF, sabendo muito bem que não é banqueiro, nem amigo do rei. Mas espera e confia. Fernando, também sargento e companheiro de Laci, em entrevista à Terra Magazine, prefere não comparar, mas no fundo sabe que se conseguir UM habeas corpus já está de bom tamanho. Não é orelhudo para ter dois expedidos em menos de 48 horas. Também não tem o dedo em cada falcatrua de colarinho branco cometida neste e em outros países. Seu “crime” foi assumir a sua orientação erótica, inconcebível nas hostes braziniquins, desejada por outros exércitos, o inglês, por exemplo. Uma prova de que as instituições brasileiras ainda não funcionam, já que não comprem sua função básica, que é garantir a existência da própria sociedade juridicamente instituída. Infelizmente, Laci está discutindo um possível habeas corpus para uma situação onde os réus deveriam ser os seus carcereiros. No Brasil, a Homofobia é institucional. Com H maiúsculo. Sentiu a brisa, Neném?
Φ CASAL GAY É REVERENCIADO NA NORUEGA. Gro Hammerseng e Katja Nyberg namoram há anos, e são as duas craques do time de handball do seu país. Gro é um fenômeno do esporte, e as duas, junto com suas companheiras, buscarão uma medalha nos jogos de Beijing. São admiradas e têm seu trabalho reconhecido. Não são vistas como algo “fora do normal”, e já derrubaram até o avoado dublê de cantor, Robbie Williams, que marcou touca num programa televisivo em que deu uma cantada em Gro, que respondeu ter namorada com uma simplicidade que deixou o inglês com cara de tacho. São bem sucedidas, e a sua orientação erótica é apenas um detalhe da intimidade que não interessa à imprensa norueguesa. Tanto que o fato surpreendeu à imprensa argentina de amenidades, e olhem que os argentinos são dados à aceitação do homoerotismo. Eles são, mas a imprensa, em qualquer lugar do mundo, parasitariamente, não. Sentiu a brisa, Neném?
Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:
FAÇA O MUNDO GAY!