i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO

0

@ O ‘CAPO’ DANTAS E A BRIGA DAS EXTREMAS. O relatório final da operação Satiagraha coloca o orelhudo DanDan na condição de capo de uma organização criminosa de lavagem de dinheiro e operações ilegais no sistema financeiro nacional (artigo 4o da Lei 7.492/86). Além dele, são 13 os indiciados, incluindo parentes e aderentes. Assinado pelo delegado Protógenes, que teve seu trabalho prejudicado pela parte não-republicana da PF, o relatório é um retrato das relações promíscuas entre Estado e iniciativa privada, independente da corrente ideológica e do país. DanDan não é privilégio da tribo dos braziniquins: os EUA, por exemplo, têm suas Halliburtons. Mas trata-se do Brasil, e neste aspecto, não há – à exceção do próprio Protógenes, do juiz De Sanctis, e outros aliados intempestivos da linha intensiva democrática, incluindo Lula – quem não esteja envolvido direta ou indiretamente em casos iguais. Ainda levará muito tempo até a poeira midiotizante baixar e a população saber realmente quantos e quais lados existem nesta estória. Mas uma coisa é certa: há envolvidos de ambos os lados, e quem tentar puxar para um lado ou para o outro, corre o risco de aparecer para a população como, no mínimo, parvo, tolo. Há de FHC’s a Greenhalgs, de PT a PSDB, numa circularidade que nada tem de intensiva. No tocante à subjetividade capitalística, não há diferença entre eles, e corre sério risco de engano quem se pautar pela carteirinha de filiação. Como diz o filósofo Deleuze, são as alianças intensivas que valem e mostram quem está de qual ou tal lado. E a esquerda não é um lado; não se faz pela oposição à direita, mas pela criação de uma nova perspectiva: daí seu aspecto incapturável. Coisa que nem a mídia direitista, nem os partidos clubes-de-coleguismo, nem os não-petistas do PT conseguem alcançar, sequer compreender. I inda tem françêis…

@ CELSO AMORIM, PROFESSOR DE DEMOCRACIA. A farsa nada farsesca em que se transformou a rodada Doha deixou evidente o seu aspecto ilusório nesta última reunião. Enquanto a representante estadunidense, Susan Schwab, tentava jogar a responsabilidade do fracasso para os países em desenvolvimento, o ministro Celso Amorim mostrava porque a política internacional do Brasil saiu de uma submissão inerte a um protagonismo internacional atuante. Amorim classificou o primeiro dia como totalmente inútil, e o segundo como rico em discussões, mas paupérrimo em decisões práticas. Enquanto aos países desenvolvidos interessa a abertura dos mercados dos países chamados pobres ao neo-industrialismo, os chamados pobres e em desenvolvimento querem o fim do embargo econômico fantasiado de subsídio aos alimentos e uma abertura mínima dos mercados dos países ricos. Susan, como os israelenses que massacram os palestinos, se aproveitou da fama de filha do holocausto nazista para criticar a posição de Amorim. Este, mostrou que hoje em dia, nazistas são as antigas vítimas . Enquanto isso, o mundo vai se contorcendo, sofrendo com as convulsões da especulação mundial sobre o preço das commodities, que para alguns é dinheiro no banco, e para muitos, é comida na mesa. I inda tem françêis…

@ PROTEÇÃO PARA O BEBÊ E A GESTANTE é o que vem assegurar as novas normas para a maternidade. A primeira é a aprovação no dia 15 desse mês de julho, na Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 7376/06, para a gestante desde a concepção do bebê ao parto. Pela proposta, o pai terá que arcar com a pensão, “na proporção do recurso dos dois”. A segunda é que Governo de São Paulo ampliou a licença-maternidade, infelizmente restrita apenas às servidoras públicas de São Paulo, de 4 para 6 meses. A terceira foi estabelecida pelo Ministério da Saúde, pela qual a gestante que optar por parto normal terá garantia de escolha de quarto de parto individual ou coletivo, com banheiro anexo, e ainda serão oferecidas todas as condições para mãe e filho ficarem juntos após o parto. Em relação à primeira, mesmo o sexo tendo sido realizado a partir do desejo do casal, ocorrida a chamada “gravidez indesejada” (ou pelo ímpeto da ocasião em que faltou preservativo, ou por acidente com este, etc), se o rapaz quisesse abstrair-se das responsabilidades, a mulher arcaria sozinha com todas as despesas até o parto. E muitos casos se conhecem nos quais isso continuava depois do parto. (Que diga Pelé!). À segunda, é a primeira vez que falamos neste bloguinho de uma boa iniciativa de um tucano, mas que deveria ser universalizada para todos os estados, e não só para funcionárias públicas, mas para todas as empregadas, e não só para elas, também o pai deveria ter tempo disponível para participar ativamente da vida de seu filho não apenas com o sobrenome. A última diz respeito a uma estratégia do Ministério da Saúde para aumentar a opção por parto normal, o que, segundo opinião generalizada dos médicos, em condições normais, é sempre mais saudável à mãe e ao bebê do que a cesariana; quiçá venha ser estendida também às mães que optarem pelo parto cesariano. Dessas formas vão sendo garantidas importantes condições materiais para que um bebê que, dizem, não ter pedido para vir ao mundo fique contente em vê-lo e experimentá-lo. I inda tem françêis…

@ JOÃO CÂNDIDO, O ALMIRANTE NEGRO, RECEBE ANISTIA 39 anos depois de sua morte. Ele, que organizou a Revolta da Chibata, em 1910, que exigia o fim dos castigos físicos aos marinheiros, os quais tinham sido abolidos com a Proclamação da República, mas que voltaram no ano seguinte: “Para as faltas leves, prisão a ferro na solitária, por um a cinco dias, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, por seis dias, no mínimo; faltas graves, vinte e cinco chibatadas, no mínimo”. No entanto, a Marinha do Brasil, que mantinha o que tinha sido abolido com a escravidão, continuou depois, como na censura da música de Aldir Blanc e João Bosco, Mestre-Sala dos Mares, nos tempos da Ditadura Militar:

Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, então funcionando no Palácio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o durão, (…) mãos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de pé, com a coronha da arma no coldre há uns três centímetros do meu nariz. Aí, um outro, bancando o ‘bonzinho’, disse mais ou menos o seguinte: “Vocês não então entendendo… Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc, e não é aí que a coisa tá pegando…”. “Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor”. E, como se tivesse levado um ‘telefone’ nos tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistério, como quem dá uma dica perigosa: “O problema é essa história de negro, negro, negro…”.

Deixamos aqui nestes franceses a letra original, sem censura.

Mestre-Sala dos Mares

Há muito tempo nas águas da Guanabara

O dragão do mar reapareceu

Na figura de um bravo marinheiro

A quem a história não esqueceu

Conhecido como o Almirante Negro

Tinha a dignidade de um mestre-sala

E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas

Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas

Jovens polacas e por batalhões de mulatas.

.

Rubras cascatas jorravam das costas

Dos negros pelas pontas das chibatas

Inundando o coração de toda tripulação

Que a exemplo do marinheiro gritava então

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias

Glória à farofa, à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias

Que através da nossa história

Não esquecemos jamais.

.

Salve o Almirante Negro

Que tem por monumento

As pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo.

Vamos que vamos

Pois quando não formos

Não chegaremos jamais

Aonde não tivermos ido…

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.