SEGUE A FARTA DISTRIBUIÇÃO DE MEDALHAS NA ALE-AM
Na Grécia, sociedade dos amigos, onde a filosofia, com sua potência itinerante vindo de fora, encontrou uma imanência capaz de se fundar como modo democrático de ser, haviam os deuses, os semi deuses e os homens, os mortais. Aí criou-se os entremeios valorativos das relações desses seres. Os deuses, superiores aos semi-deuses, os conduziam. Os semi-deuses, superiores aos homens, os conduziam. Na linhagem deísta, ambos tinham poderes de estabelecer ordem, classificação e julgamentos. Menos os homens, que se satisfizeram em criar um mundo com suas leis, mas sempre submetidas às leis dos deuses. Eis que um dia o semi deus Prometeu se aporrinhou, e resolveu trair o deus dos deuses: Zeus. Roubou-lhe o fogo da sabedoria e o entregou aos homens. Para quê? Criaram um mundo de babaquice, onde a vaidade em todos os seus espectros é a nota glamourosa da insegurança. Então, choveu festival de heroicidade. “Este é o melhor! Aquele é muito melhor! Sou mais aquele! E por que não aquele! Ora, ora, se todos são melhores, honras a todos!”.
O DEUS B(A)ELÃO
Ontem, quinta-feira(?), dia 10/07/08, foi manhã de distribuição de medalhas na ALE. Para maior charme: comenda. Desta feita foi a vez do Desembargador Arnaldo Carpinteiro Pérez, propositura do símbolo maior da ‘gratidão’, o deputado Belarmino Lins, alcunhado, para amaciar seu ‘grato’ ego, de Belão, mas no cyberspace, Balão. Como os deuses eram superiores aos semi e aos homens, aqueles sabiam muito bem quem eram estes. O que dava aos deuses o poder de homenagear quem bem quisesse. Assim fez o deus Balão. Conhecedor do Desembargador, propôs a sessão especial na casa.
O Desembargador foi à tribuna e discursou a sua existência de homem dedicado ao cumprimento das leis que lhe foram conferidas para protegê-las como autoridade do Estado. Teceu alguns auto-elogios no ardo cumprimento da jurídica profissão, agradeceu a homenagem, e deu por encerrado sua parte na tribuna. Em seguida foi ao púlpito o representante do governador, o secretário de governo, ex-deputado José Melo. Homem também muito ‘grato’. Vindo do SNI, foi grato aos ex-governadores Mestrinho e Amazonino, e, agora, grato a Eduardo Braga, e gratamente um dos nomes que aparece nas gravações da Polícia Federal na Operação Vorax. Evocou Deus para elogiar o Desembargador, mas não esqueceu de elogiar, também, os deputados pelos serviços prestados aos projetos do governo que representa. Elogio que ofuscou ainda mais o elogio de sua lavra ao homenageado.
BELÃO, O MORTAL
Belão estava que era só gratidão. Aquela que leva a mão ao peito, na impossibilidade de afagar o coração. Mas Belão não tem vocação para deus. Talvez de tanto ser grato não conseguiu a performance de um deus que sabe quem é o outro, e por isso lhe homenageia para se considerar superior ao homenageado. Belão deixou escapar sinais de que se sente um simples mortal, mesmo com todo reconhecimento de seu reconhecedor, o governador. Tudo que não queria deixar transparecer aos inimigos: sua singela insegurança. Se é que é possível um simples mortal ter inimigos. E o momento da grande revelação se deu quando o homenageado, deixando a posição abaixo de Belão, que o elevou a categoria Comenda Rui Araújo, subiu ao Olimpo e agradeceu sua escolha, por Belão, para receber a medalha e o elogiou, afirmando, diante de todos, os brilhantes serviços prestados por Belão ao estado do Amazonas. Aí não deu outra: Belão acusou o cruzado de direita: desapareceu da cátedra presidencial.