CLINAMEN
___ oblíquas variações infinitas dos corpos ___
_____________________________Límpida__________Lisa______________________________“A emancipação humana só se realizará quando o homem individual real tiver absorvido o cidadão abstrato…” Marx O caso Daniel Dantas não é um caso Daniel Dantas. É o caso de uma subjetividade patológica que tece pelo meio e pelas bordas o sistema capitalista que só sub-vive pelas crostas rígidas da perdição racional. Uma subjetividade que se transmuda como replicância de células cancerosas escrevendo um código de quase imortalidade. Nisso, não há Dantas sozinho. Se assim houvesse, o perigo seria maior, pois estaríamos diante de um deus teratológico capaz de fecundar outros monstros. O que nos permitiria acreditar que também outros deuses teratológicos poderiam existir e fecundar outros monstros. O que aumentaria nossa existência Téo-Teratológica. Não foi por um felicíssimo acaso que Dantas enveredou-se pelo sistema financeiro. Pelas maquinações bancarias. O ‘gênio’ sabia que o banco é a fundamental abstração do capital transfigurada em real. Real molar-econômico e místico apoiado na culpa do trabalho não consignado. A força de produção que não enriquece. Mas cria o suporte protetor do empresário. Dantas só apanhou o já posto e cruzou os dados, para si, em jogo marcado por outros. Sempre fronteiriço nos poderes auxiliares: executivo, legislativo e judiciário. Personagens principais, e não coadjuvantes. Nenhum homem é um homem, mas um humanismo. Não importa de que tipo. __________ _______________________ “Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar também, é a interdição” Foucault Lar Doce Lar! Lá, só sabe quem estiver lá. Nunca fui lá. Como posso saber o que há lá. Entretanto, afirmo que há. Superstições. Assim fingem os homens quando falam de seus saberes. “Disse um campônio a sua amada: ‘Minha idolatrada, por ti faço o que quer. Por ti vou matar, vou roubar, embora tristeza me causes, mulher’” Vicente Celestino_______
_________________________Em 1990, portanto, há exatamente 18 anos, foi criado o ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente. Entidade cujo objetivo é afirmar e proteger os direitos naturais e sociais das crianças e adolescentes. Passadas quase duas décadas, pode-se afirmar que houve mudança na maneira de tratar-se institucionalmente as duas existências. Entretanto, se pelo lado institucional observa-se melhor atuação dos órgãos públicos referentes à violência, maus-tratos e, principalmente, a exploração sexual, por outro lado, o ontológico, em que expressa o modo de ser criativo e transformador da realidade opressiva pela própria criança e o adolescente, como autores da fragmentação deste mundo para a emergência de um mundo singular em que não sejam apenas fantasia enunciativa futurista da culpa social do adulto, isso ainda é quase nada. A proteção jurídica não é o fundamental. É preciso mudar a subjetividade expressiva dominante com seu conteúdo alienante que permeia todos os territórios onde é possível sua atuação. É preciso modificar os conceitos de educação escolar, onde os saberes surgem diante deles como uma obrigação-dívida: aprender o que já está codificado para serem os “grandes guardiões” da verdade social. Os ritualistas das palavras, fixadores de papéis como sujeitos falantes e proprietários do discurso com seus poderes e saberes, como fala Foucault. Quando o que precisam é atuar como Vontade de Saber: o que dispõe o sujeito cognoscente, antes de qualquer experiência, “a certa posição, certo olhar, e certa função: ver, em vez de ler, verificar, em vez de comentar” (Foucault). Nisso implicam também as mudanças em suas forças de “entretenimento”, principalmente a perversa programação das TV’s, que, compulsivas pelo lucro, desviam o objetivo filosófico-pedagógico da infância e da adolescência. De qualquer sorte, historicamente, longos parabéns!
___________________“Como qualquer um, o filósofo é aquilo que ele vive, e ele sempre vive, querendo ou não, o que tem de viver” Frédéric Schiffter