*……….::::: CHAGÃO:::::……….*
Quien quiera entender como funciona el mundo
deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).
Θ DEMOCRACIA BLAUGRANA. Duas temporadas de seca e muitos problemas de relacionamento depois, o Barcelona começa enfim a reformular o plantel que foi bicampeão da Liga, campeão da Champions e vice do Mundial Interclubes. Com Deco confirmadamente fora, e com Ronaldinho ainda indefinido, o clube acena com contratações mais modestas (até o momento o bielorusso Hleb, o malinês Keita e o espanhol Piqué). Mas o que está chamando a atenção da torcida e dos quase 120 mil associados do clube é a moção de censura, coordenada pelo associado Oriol Giralt. A moção é uma forma de repreender publicamente o presidente do clube catalão, Joan Laporta, e a diretoria pelos maus resultados e gestão das últimas temporadas. Giralt já tem as 7000 assinaturas de associados para colocar em prática o ato, que já foi usado por Laporta 10 anos atrás, quando então pleiteou a presidência do Barça e perdeu. Mesmo assim, dois anos depois, o então presidente Nunez caiu. Agora, após uma sonora vaia recebida após a última partida da Liga, quando mais de 40 mil torcedores aplaudiram jogadores, o então técnico Frank Rijkaard mas não pouparam Laporta, o clube tem tudo para entrar em uma crise da qual não sairá ileso. No entanto, trata-se de uma crise democrática, já que o presidente do clube blaugrana é eleito através do voto dos associados, mundo afora. Laporta já se declarou incapaz de resistir às pressões, e alguns analistas afirmam que não deve permanecer no cargo. Embora ele seja apenas um elemento da crise que tomou conta da agremiação, o caso mostra como um grande empreendimento se comporta quando se dispõe de mecanismos da democracia representativa. Imagine uma moção de censura à Eurico Miranda, pelos anos em que colocou o Vasco na condição de clube coadjuvante do futebol nacional. Ou à diretoria do Corinthians, que conseguiu mudar sem mudar, trocando Dualib por Andrés Sanches, e uma torcida iludida por um time voluntarioso, mas aquém das grandes equipes que já desfilaram por Parque São Jorge. É possível imaginar uma moção de censura às décadas de péssima gestão do futebol braziniquim capitaneadas por Ricardo Teixeira e à seleção despatriada do Brasil? Quem sabe a onda democrática (ainda que na sua versão representativa) chegasse à FIFA, onde a família Havelange-Blatter tem se esforçado em acabar com o futebol como patrimônio imaterial da humanidade para transfetichizá-lo em mercadoria… Enquanto isso não acontece, a bola rola, e homens que não agüentam correr 50 metros e nunca chutaram uma bola – entre eles, alguns ex-craques, como Pelé e Platini – decidem pra que lado a bola rola, e os maiores interessados, os jogadores, dizem amém.
Θ MANCHESTER CONTRA O FASCISMO BLANCO.O Manchester United pretende levar até a FIFA uma queixa formal contra o comportamento do Real Madrid em relação ao provável melhor jogador do mundo em 2008, o português Cristiano Ronaldo. Minutos após a vitória dos Red Devils na Liga dos Campeões, o presidente do Real, Ramón Calderon, afirmava o desejo de contratar o meia para as hostes blancas. Começou então uma massiva campanha do jornal Marca, que é notório veículo de transmissão de notícias e factóides favoráveis ao clube merengue. O problema é que pelas regras da FIFA, o contato deve ser feito entre os clubes, e não diretamente ao jogador, o que está sendo feito pelo Real. Diante da campanha agressiva e ilegal do clube espanhol, o Manchester resolveu ameaçar um apelo à FIFA para que tome uma atitude frente ao ocorrido. O que fez com que a diretoria do clube madrilenho se manifestasse imediatamente pedindo ao seu presidente que não mais falasse do desejo do clube em ter Ronaldo. A prática não é desconhecida no Brasil, onde jogadores e técnicos tem verdadeiros esquemas que envolvem pressões, condições extra-campo para escalar ou contratar aquele jogador ou este técnico. O que mostra que o futebusiness não se reduz às gafes capitalistas dos cartolas nacionais, mas envolve um entendimento do jogador como objeto-mercadoria para além de qualquer outra perspectiva que se possa ter sobre ele. Cristiano Ronaldo é um jogador mediano, que se sobressai em tempos de escassez de craques. Quanto valeria no bazar das pernas hoje em dia um Reinaldo? Ou um Garrincha?
Θ FIFA VOLTA ATRÁS COM VETO À ALTITUDE. Teria sido a campanha do meia-atacante Evo Moralez, apoiado por todas as federações nacionais da América do Sul, com exceção da brasileira? Ou quem sabe Josef Blatter (um sujeito perigoso…) percebeu que a FIFA pode ter mais força que a ONU (ao menos pra ele), mas que não manda mais que os países europeus ou os grandes clubes do velho continente. De qualquer forma, apelando para o argumento de que novos estudos médicos são necessários, envolvendo não somente a altitude, mas condições extremas de condições climáticas (extremo frio/calor), o veto a partidas na altitude está temporariamente suspenso. Significa que a Bolívia poderá, contra o Brasil, jogar em La Paz. Quanto às outras seleções, a exemplo do Chile, já haviam se manifestado a favor da causa do futebol livre. Bola baixa para a FIFA de Blatter, que não consegue emplacar medidas de fortalecimento das seleções nacionais e de proteção de jogadores que atuam em seus países contra a invasão dos estrangeiros. Blatter não tem a força que pensava que tinha. Evo tem muito mais potência do que a FIFA pensava…
Θ INTERCLUBES NÃO SERÁ NO JAPÃO. A FIFA se rendeu ao deserto verde-e-preto dos petrodólares do Oriente Médio. Em 2009 e 2010, o torneio que deixou de ser apenas um confronto entre América do Sul e Europa para trazer os campeões continentais da América do Norte e Central, Ásia e Oceania (ainda que atualmente coadjuvantes) irá deixar a terra do sol nascente para ir à Dubai. Pesaram os petrodólares que correm como o caudaloso Rio Amazonas na terra dos Sheiks. O país inclusive terá direito a um clube local na disputa. Com o dinheiro rolando, não será difícil que os barões do ouro negro comprem os destaques de cada time que vai ao torneio (incluindo sim, os europeus) e monte um supertime apenas para a competição e leve o caneco. Com essa descaracterização do aspecto esportivo em favor do financeiro, já aconteceu o que a FIFA nem desconfia: a diluição da sua força como entidade mediadora do esporte. Ao mesmo tempo em que tenta salvar o aspecto de nacionalismo, se vende ao lucro fácil de transformar um torneio com força mundial em uma copa caça-níquel. Perde, como sempre, o futebol. Não por ter saído do Japão, mas por ter saído por dinheiro somente.
Θ CHAGÃO PERGUNTA: Em 1943, nos primeiros anos da ditadura de Franco, o Barcelona enfrentou o Real Madrid pelas semifinais da Copa Generalíssimo Franco. Antes da partida, o diretor de segurança do Estado “lembrou” aos blaugranas que muitos deles estavam na Espanha pela “benevolência” do ditador Franco, que havia perdoado a “falta de patriotismo” deles, e que eles deviam retribuir de acordo. O recado foi entendido, e o time branco enfiou sonoros 11 a 1 no clube catalão. Agora o ‘Chagão!’ quer saber: houve um jogador, considerado o melhor de todos os tempos, mais ainda que Pelé e Maradona, e que, mesmo após ter acertado com o Barcelona, foi para o rival madrilenho por ingerência direta de Franco. Quem foi/é este jogador? Tá fácil.
Θ COPA DO BRASIL. Um paulista e um pernambucano farão a final da Copa do Brasil. Corinthians mostrou mais uma vez a vontade de vencer, e o Sport perdeu a chance de terminar a partida nos 90 minutos, pra ganhar a vaga nos penaltis. Amanhã, na sede da CBF, o sorteio da ordem dos jogos da final. Abaixo, os comentários:
Semifinais
Botafogo/RJ 2 – 1 Corinthians/SP
Corinthians/SP 2 – 1Botafogo/RJ
O Botafogo entrou no jogo para se defender, e o Corinthians, com a sua tradicional ausência de técnica, mas com muita vontade, insistiu. Um primeiro tempo que passou perto do medonho e que terminou para a alegria dos alvinegros cariocas. No segundo tempo, um gol de Acosta colocou o Timão à frente, mas nem deu tempo de comemorar, já que Renato Silva empatou em seguida. Tudo ia bem para um Botafogo que escolheu a defesa, quando Chicão numa falta deixou o Corinthians em condições de tentar a classificação nos penais. Aí o Botafogo botafogueou, enquanto o Timão mostrou porque queria vencer o confronto desde o início. O carioca até acertou os quatro primeiros, mas no último, Zé Carlos parou nas mãos do Felipe e na trave. Timão na final.
Sport Recife/PE 2 – 0 Vasco da Gama/RJ
Vasco da Gama/RJ 2 – 0Sport Recife/PE
O Sport perdeu gols incríveis no primeiro tempo e deu chance para o time de São Januário, no sufoco e no segundo tempo, fazer os dois gols que precisava para levar a decisão para os penais. Destaque para o vovô Edmundo, velho para o futebol mas não para a vida. No jogo, Edmundo salvou. Nos penais, o Animal perdeu o seu, à lá Baggio. Depois os goleiros deram show, não debaixo das traves, mas nas cobraças. Enquanto o do Vasco cobrou com paradona e por cobertura, o do Sport colocou onde a coruja dorme. No final, o Sport converteu os cinco, e mandou Eurico rever sua promessa de que venceria tudo em 2008. Sport Clube do Recife na final.
Θ LIBERTADORES DA AMÉRICA II Partidas de ida das quartas-de-final:
Quartas-de-Final
América (MEX) 1 – 1 LDU Quito (EQU)
LDU Quito (EQU) – América (MEX)
Cheio de moral, o América encontrou um time que parou a sua boa sequência. O América abriu o placar, mas a Liga de Quito conseguiu empatar a partida e vai com uma grande vantagem para o Equador. Vantagem contra o América? Nenhuma. Os dois clubes gozam a vantagem de não serem favoritos, e da imprensa brasileira achar que deste confronto sairá o vice-campeão. Será mais uma a subestimar o America?
Boca Jrs (ARG) 2 – 2Fluminense (BRA)
Fluminense (BRA) – Boca Jrs (ARG)
O Boca começou pressionando no Juan Domingo Perón, estádio do Racing Club. E abriu o placar com Riquelme, em triangulação com Palermo e Palacio. Quatro minutos depois, Thiago Souza sobe mais que todo mundo e empata o jogo. O primeiro tempo termina sem maiores emoções. No segundo tempo, Riquelme brilhou de novo e colocou o Boca à frente. Mas o time xeneize mostrou porque chegou a esta semifinal aos trancos e barrancos. Num chute de Thiago Neves, o goleiro Migliore aceitou, deixando tudo igual. O segundo tempo foi marcado pelo Fluminense se defendendo e saindo perigosamente no contra-ataque, e o Boca insistindo. No final o resultado foi bom para o tricolor carioca, sem esquecer que as melhores atuações do clube xeneize foram fora de casa. A volta promete ser um jogão.