Passeio frugal. Maio das flores, noivas, mães, Marx e do Devir 68. Câmara dos Vereadores 28, dia de diplomação do Pequeno Parlamentar. Projeto da Casa para modelar estudantes à atuação parlamentar. Com a participação, de além de parentes dos estudantes diplomados, autoridades escolares do município, vereadores, o presidente da sessão, Gilmar Nascimento, afetado pelo tema do momento, abriu os trabalhos lembrando daquele que para o vereador, “foi o ícone da moral do Brasil”: Jefferson Peres. Exemplo a ser seguido pelos estudantes, segundo o presidente da sessão.

Todo homem que tenta ser modelo de algum ente social, descarna ontologicamente de si próprio: nem é ele mesmo, e nem o modelo. Mas sim uma ilusão. A abstração de si mesmo o torna um ente retido, equilibrado, contido como um insuportável em si lutando tenazmente para que nada entre em si que não seja suas próprias abstrações. Logo, o modelo é uma fantasia que ilude quem o segue. Nisso, o seguidor segue uma abstração nunca um ente real que pode ser experimentado e pensado. Resultado: sua existência torna-se espectral. Por tal, a moral do ente perfeito não se sustenta.

Como se não bastasse o malogro ontológico proporcionado por aquele que se pretende modelo de existência, no projeto da câmara o rito determina que os  vereadores sejam  padrinhos dos estudantes-vereadores escolhidos em suas escolas por seus amigos. Uma bela ironia modelar ao se conhecer as atuações desta maioria de edis. O modelo-vereador Massami Miki apresentando projeto para limitar o direito dos estudantes sobre o passe livre. O modelo-vereador Jorge Maia aprovando o projeto de instalação de câmaras de vídeos nas escolas para, segundo ele, inibir alunos nos corredores namorar aos beijos nas bocas. O modelo-vereador Jorge Luis debochando de estudantes quando presidente de sessão. Mais a infidelidade partidária, a subserviência ao governador, ex-governadores, prefeito, populismo, nepotismo, anorexia intelectual, desconhecimento das necessidades democráticas da população, etc.

Em si, fantasioso modelo que enquanto leva estes vereadores a tomarem, como verdade, a ineficiência de tal projeto, os estudantes, crianças e adolescentes, “vozes das massas silenciosas que não refratam os desejos de suas sondagens” como afirma o filósofo Baudrillard, em seus percursos inteligentes infanto/juvenil/lúdico, tomam-no como uma simples brincadeira logo, logo esquecida. Para o bem de Manaus.

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