O HUMOR DO “NOSSO ORGULHO” NA POLÍTICA TUPINIQUIM

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E agora?

Na historiografia oficial, o Norte foi tido sempre como renegado, longínquo, nos confins sem Judas, desde quando a região onde hoje se situa o colossal Amazonas pertencia à Espanha. Nas fanfarronices politiqueiras nacionais, sempre reclamamos da falta de representatividade do “nosso” estado no Congresso Nacional. Vai-se esvanecendo a lembrança de Fábio Lucena, “leitor de dicionário”, considerado um dos maiores oradores que já passaram pelo Senado brasileiro. Depois dele, já nos queixamos de Gilberto Mestrinho, que mestreou a suplência a Gilberto Miranda, três vezes biônico. Tivemos um sorumbático Bernardo Cabral. Qual outro? (Tamanha a expressividade das representações amazônidas na casa dos seniores que ainda bem que citar os três últimos ex-senadores do gigante do Brasil não cai no vestibular. (Olha que no vestibular da UFAM pode cair.) Atualmente não podemos nos queixar, temos Alfredo Nascimento, que virou ministro interino no governo Lula, deixando a nossa contribuição do PT Oh!, my darling! amazoniquim na inteligência rara do biônico João Pedro. E mais ainda, não há quem não conheça, em época de tanta crise moral, o supra-sumo da moralidade na política, exemplo vivo e mumificado para todo o Brasil, a própria justeza em pessoa, Jefferson Péres. Mas estava faltando humor, e neste quesito ninguém, antes ou depois, se compara ao campeão de votos pros outros no Amazonas, 5,5% na última eleição para o governo do estado do Amazonas: Arthur Neto, que poderia cobrar pelas performances humorísticas em rádio, jornal, televisão. Depois da a-posição dormir embevecida com a façanha do fim da CPMF e acordar na madrugada com a aprovação da TV Pública, não é que ontem o “nosso orgulho” resolveu ir à desforra, mandando um requerimento pedindo explicações ao presidente do senado, Garibalde Alves (PMDB), que, como bom e velho PMDBista, sempre torce pro time que está ganhando, indiferentemente ironizou:

“O que eu posso fazer se o senador Virgílio não quer mais se entender comigo? Eu não posso fazer nada.”

Outro PMDBista, Pedro Simon, deixando um pouco de lado a senilidade melancólica que o tem carregado, principalmente nas posições em relação ao Governo Lula, não deixou passar, dizendo que Garibaldi deveria renunciar para poder se entender com o 5,5%. Seguindo a expressão cabocal, Arthur ficou ‘bucéfalo’:

“Eu não vou admitir ser tratado com brincadeira. Eu não estou aqui para ser motivo de chacota, nem ser desrespeitado. (…) Eu não estou aqui para sorrir.”

Os melhores comediantes são sérios em seus papéis, tão sérios que convencem a platéia, por isso Pedro Simon explicou que o presidente do senado não pode falar particularmente aos senadores enquanto está presidindo os trabalhos. Arthur não havia estudado seu papel, o regimento da casa, mas só não é um ator brechtiano porque não conhece/opera o Verfremdungseffekt, o efeito-V, o “distanciamento”, que permite o uso da razão pelo ator e pela platéia na análise do Real, encontrando-se no aumento da potência de agir no mundo. Irracional, Arthur não é um canastrão, porque acredita em seu papel como verdadeiro e não quer impulsionar mudança alguma, ao contrário, seu objetivo é travar, boicotar as mudanças que Lula vai construindo, conforme as ordens de seu lugar-tenente, Fernando Henrique. Agora, se não conseguir ser eleito para presidente de escola de samba ou vereador em Manaus, estará apto para substituir Arnaldo Jabor nas truanices globólicas. De qualquer modo, quando o Senado for extinto, ficará de Arthur’5,5%’Neto a memória como uma das maiores contribuições ao folclore humorístico das parlapatices da política tupiniquim. Não ria; é sério.

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