ARTHUR NETO O CLONE DO PETELECO?
O Peteleco é um boneco pertencente ao ventríloquo Oscarino, que o usa para animar as festas das crianças. Com tanta identificação com Oscarino e Peteleco, o público de Manaus fez a redução nominal dos dois e conjugou-os em OscarinoPetelco, por acreditarem ser impossível a existência deles separadamente. Como se sabe, o ventriloquismo é uma aptidão neuro-cerebral-fonemática de algumas pessoas quase sempre usada para diversão de um público, criando a ilusão da independência da fala do objeto manipulado. Embora o público saiba ser um “truque” do ventríloquo, entretanto, não sabe como se processa esse truque. Mas uma coisa ele tem certeza: o boneco não fala porque é passivo. Ou seja, um pau mandado.
Pois bem, o senador, “orgulho do Amazonas”, Arthur Neto, depois de suas exacerbações burlescas nos momentos antecedentes à votação da CPMF, com direito a sessão espírita e alusões a escuta de vozes tancredina e covasina (afirmação psiquiátrica e democraticamente perigosa) e mais projeções edipianas no senador Pedro Simon, afirmou ter seguido ordens do invejoso/infanto/juvenil Fernando Henrique. Daí, não há como, desta afirmativa/ventriloqual, deixar de saltar duas interrogativas. Uma – que partido é este onde prevalece a opinião de um indivíduo sabido e sambado pelo povo brasileiro como excluído do seio político por ineficiência e que por tal converteu-se em seu inimigo número um, e que o efeito de sua ordem, executada pelo fiel guarda-costas, vai trazer mais prejuízo a suas hostes do que benefícios políticos? Duas – que líder é este que movido pela sanha do rancor/vingança é capaz de ouvir vozes do além, sem auxílio da percepção/auditiva, mas é incapacitado de ouvir vozes de membros de seu partido se dando na experiência imediata da percepção/auditiva real? Será que no primeiro caso predominou a força sedutora fantasmagórica Moisés/Hamlet/Freud arrastada por Fernando? E no segundo, a força rivalizante do irmão Etéocles contra Polinices, de Sófloces? De qualquer sorte, espetáculo constrangedor para a democracia. Um ventriloquismo nacional. Principalmente quando o povo brasileiro confirma tudo pela explicação de Arthur à imprensa sobre a ordem de Fernando: “Ele acha que no partido as coisas se acomodam bem…”.
Olha aí, companheiro Peteleco, a gente não vai pedir perdão por ter usado teu nome e teu talento para figurar a cena da direita no Brasil porque perdão é só para os estranhos; para os familiares se tem afeição e ternura. Foi só um recurso lingüístico/cognitivo/político sem nenhuma intenção de tripudiar de tua talentosa pessoa. Além de que, o clone nunca é o original. Muito menos o simulacro. E tu és o primeiro e único cuja fôrma “mamãe” se desfez. Mas, cá entre nós, Peteleco, tu acreditas em um partido direitista em que um indivíduo intrigante, sem nenhuma aprovação popular, afirma “que no partido as coisas se acomodam”? E um líder que executa as ordens acomodatícias? Tu não acreditas que este “acomodam” é comprovação da subjetividade reacionária inútil à democracia brasileira?