PRÉ-COP DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU DENUNCIA IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
Encontros preparam delegação para participação na COP30 e Cúpula dos Povos e reforçam papel em defesa do meio ambiente.
Quebradeiras reforçam que territórios tradicionais são protagonistas na luta por justiça climática e social. – MIQCB
O babaçu é fruto de palmeiras nativas do Cerrado, encontradas especialmente nos estados do Norte e Nordeste, comumente chamadas de “mãe” pelas quebradeiras, que dali geram renda e impulsionam a economia sustentável na região a partir da venda das amêndoas e produção diversificada como óleo, cosméticos, artesanato e farinha.
Em encontros regionais de formação, elas se preparam para o envio de uma comissão de 80 mulheres para a COP-30 e Cúpula dos Povos, que vão acontecer paralelamente durante o mês de novembro, em Belém, como explica a quebradeira de coco e coordenadora de base no estado do Pará, Cledeneuza Maria.
“Nós defendemos o meio ambiente, o clima, e necessitamos deles. Precisamos defender e precisamos dizer a necessidade para nós. Precisamos que nossas palmeiras de babaçu continuem produzindo e a situação climática afeta nosso trabalho, nossa convivência e tudo que nós temos”.

Da palmeira do babaçu, tudo é aproveitado pelas quebradeiras para o beneficiamento, mas ao longo das formações pré-COP elas denunciam que o desmatamento ameaça as condições de vida digna, como aponta Maria José, quebradeira de coco e coordenadora de base no Maranhão.
“Queremos reivindicar que diminuam o desmatamento da floresta de babaçu, porque nós, quebradeiras de coco babaçu precisamos do babaçu em pé para que possamos viver de forma digna”.

A pré-COP das quebradeiras foi lançada no mês de julho, em Brasília, com a entrega de uma carta com demandas de 28 segmentos que compõem os povos e comunidades tradicionais, representados pelo MIQCB e pela Rede de Povos e Comunidades Tradicionais (Rede PCTs).
A partir de então, elas seguem em articulação nos territórios com rodas de diálogo, oficinas, intervenções culturais e audiências públicas em defesa dos babaçuais e do meio ambiente, como aponta Maria de Sousa, quebradeira de coco do município de Itupiranga e coordenadora de base do MIQCB no Pará.
“Vão ter muitas pessoas do Brasil, mas quero que o povo fora do Brasil tenha conhecimento que tem quebradeiras no Pará, no Tocantins, no Maranhão e no Piauí, então vamos estar lá na COP-30 para ser reconhecidas e dizer que o clima é muito importante para nossa produção, para nosso babaçu produzir, porque eles estão ficando escassos”, explica Maria.
A organização das mulheres em torno do babaçu é símbolo de resistência e liberdade em territórios marcados pela grilagem e violência no campo. Dessa maneira, a pré-COP segue como um processo formativo e combativo de denúncia e apresentação de soluções populares.

De cada território, as quebradeiras apontam os impactos vindos das mais diversas frentes, a exemplo da pulverização de agrotóxicos nas chamadas pindovas, que são as palmeiras de babaçu mais jovens.
“O nosso babaçu está sendo acabado, está sendo “extiorado” pelo envenenamento e a derrubada das palmeiras está muito grande, a matança das pindovas que é um grande impacto para nós todas, quebradeiras de coco, não só na regional Pará, mas no Maranhão, Tocantins e Piauí, onde atuamos”, pontua Maria.
Além disso os grandes empreendimentos estão na mira das denúncias, como o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, no município de Itupiranga, no Pará, que deve servir ao escoamento da produção do agronegócio e mineral, mas vai impactar profundamente a vida de povos e comunidades tradicionais.
“Vai ser um impacto para toda a comunidade que mora no entorno do Lourençal, vai impactar os pescadores que sobrevivem da pesca, porque eles pegam o peixe para se alimentar e para vender. Com essa hidrovia acontecendo, nada disso vai ter mais. E para nós quebradeiras é a mesma coisa, não vamos poder atravessar o rio para coletar o coco do outro lado. Onde quebramos nosso coco, vai estar passando navios cheios de soja, milho, gado e até minério. Como vamos conseguir atravessar nosso rio para coletar nosso coco do outro lado?”, questiona.
E tem mais…
O Bem Viver traz também dentro do contexto da COP30, vivências do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) nos assentamentos da Amazônia para mostrar que a agroecologia brota do chão como solução real para o futuro.
Belém do Pará é marcada por uma das maiores manifestações de fé do mundo, que é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, reunindo todos os anos mais de 2,5 milhões de pessoas. Mas além da famosa procissão, desde 1993 artistas dedicam homenagens em forma de espetáculo nas ruas, que já se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil – é o Auto do Círio, que este ano homenageou os povos da floresta na COP30.
Já na outra ponta do país, em Porto Alegre (RS), um grupo de artistas resolveu usar o teatro de rua e o teatro de vivência para combater a ditadura militar em 1977. Desde lá, vem desenvolvendo uma linguagem cênica inovadora, unindo arte e ativismo político e também formação de atores. É a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, premiado grupo teatral que segue acreditando no poder do teatro.
E tem receita! A chef Gema Soto ensina as tradicionais empanadas venezuelanas com jeitinho brasileiro.
Quando e onde assistir?
No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.
Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.
Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.
Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.
Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.
Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.
Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.
TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.
Sintonize
No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. Além de ser transmitido pela Rádio Agência Brasil de Fato.
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