NA VAGA DO STF, LULA DEVE PRIORIZAR UM NOME QUE RESISTA AO GOLPISMO

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Experiências com ministros ‘decepcionantes’ levam Lula a priorizar um perfil blindado contra ativismo e o clamor das ruas

 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em meio à campanha por diversidade para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal, o presidente Lula tem adotado uma postura de extrema cautela, buscando um nome que seja, acima de tudo, “verdadeiramente confiável”. A hesitação atual do presidente reflete uma autocrítica profunda sobre escolhas passadas que se revelaram decepcionantes em momentos cruciais.

A ex-juíza Luciana Bauer, em depoimento ao GGN, destrinchou essa questão. O presidente reconhece que alguns de seus indicados, como José Antônio Dias Toffoli, então seu assessor e posteriormente Ministro do STF, falharam em momentos decisivos. O episódio em que Toffoli impediu que Lula assistisse ao funeral de seu irmão durante o auge do lavajatismo é uma ferida que o presidente “jamais esqueceu nem perdoou”.

“Mais do que ressentimento pessoal, Lula carrega a autocrítica de ter nomeado ministros que, em momentos decisivos, se deixaram seduzir pela pressão popular e pelo discurso punitivista da Operação Lava Jato, por exemplo”.

Para Bauer, Lula entende que “um juiz constitucional não pode se submeter ao clamor das ruas, porque sua missão é representar a voz serena e firme da Constituição”.

A pressão por gênero e o “nome à prova de golpismos”

Tudo indica que, neste momento, Lula deve optar por um homem, reservando a prioridade de nomear uma mulher para as vagas que se abrirão em breve. Sua principal exigência é um nome que seja “à prova de golpismos, um juiz que não sucumba à máquina de moer direitos do Judiciário, como aconteceu durante a Lava Jato”.

Os nomes mais fortes no entorno do presidente refletem essa busca por lealdade institucional e resistência:
  • Rogério Favreto (Desembargador do TRF-4): Lembrado por ter tentado, de forma legal, autorizar um Habeas Corpus (HC) em favor da prisão ilegal de Lula, um gesto que lhe custou perseguição por toda a estrutura lavajatista.
  • Jorge Messias (Atual Advogado-Geral da União-AGU): Tido como um nome que tem um histórico de fidelidade a Dilma e a Lula, demonstrando a confiança necessária em momentos de crise.

Apesar da preferência por um nome que “resista ao golpismo”, a juíza também levantou ao GGN nomes femininos e de confiança, como o da desembargadora Kenarik Boujikian e o da ministra do STJ Daniela Teixeira.

A lista de excelência para a cota feminina, segundo Bauer, é, de fato, robusta, e o nome da ministra substituta do TSE, Vera Araújo, surge como uma “ótima escolha para representar as mulheres brasileiras negras, que nunca tiveram assento” no Supremo.

A indicação de uma mulher ganha ainda mais força em um momento em que a cobrança de entidades pela paridade de gênero no STF é crescente, intensificada após a saída da Ministra Rosa Weber e a permanência de apenas uma mulher na Corte.

A cobrança de entidades por nomes femininos

Em um manifesto pela paridade e contra a sub-representação feminina na Suprema Corte (que atualmente tem apenas uma ministra), entidades jurídicas e civis sugeriram publicamente uma lista com sete nomes de mulheres para a vaga de Barroso.

A nota foi emitida em conjunto pelo Fórum Justiça, rede que atua pela democratização do sistema de Justiça no Brasil; pela plataforma Justa (centro de pesquisa que atua no campo da economia da Justiça); e pela Themis, entidade que defende o acesso das mulheres à Justiça e a igualdade de gênero.

Entre elas, destacam-se:

Nomes sugeridos pelas entidades
Daniela Teixeira Ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), citada como nome de prestígio no entorno de Lula.
Kenarik Boujikian Desembargadora aposentada do TJ-SP, apontada como nome de respeito e confiança de Lula.
Maria Elizabeth Rocha Ministra e ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), primeira mulher a presidir a Corte.
Vera Lúcia Santana Araújo Ministra Substituta do TSE, um dos poucos nomes de mulheres negras no alto escalão do Judiciário.
Carmen E. L. Ferreira Juíza do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
Flávia Piovesan Professora de Direito Constitucional, referência em Direitos Humanos e ex-integrante da OEA.
Heloísa Helena Barboza Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

O certo é que, desde os episódios em que integrantes do STF pisaram na Constituição Federal para acobertar o maior escândalo judiciário do país, a Lava Jato, Lula quer mais do que um nome técnico. Quer um nome que garanta o compromisso irrestrito com o Estado Democrático de Direito, e que seja uma referência inabalável na Corte.

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