PATRÍCIA FAERMANN: REGRAS FISCAIS X VOLTA DE BOLSONARO: A VITÓRIA DA COMUNICAÇÃO DE LULA

Medida do governo Lula foi mais comentada nas redes socias e ofuscou o retorno de Bolsonaro dos EUA
O governo Lula conquistou uma vitória na disputa de imagem e comunicação nesta quinta-feira (30). No dia em que Jair Bolsonaro retornou ao Brasil, a expectativa da comunicação do PL é que o ex-mandatário dominaria as manchetes e seria o assunto mais falado nas redes sociais. Mas uma medida do governo Lula teve mais importância e conseguiu captar para si os holofotes.
Desde as 10 horas da manhã desta quinta, o principal tema tratado nas redes foi a nova âncora fiscal divulgada pelo governo Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A medição foi registrada e tornada estatística pelo instituto Quaest de pesquisa. De acordo com o diretor da companhia, o cientista político Felipe Nunes, os números mostram uma “vitória da comunicação do governo”.
Enquanto Jair Bolsonaro teve a sua aterrisagem de retorno ao Brasil comentada pela maior parte dos internautas entre 6h e 10h da manhã, pouco antes das 11h o arcabouço fiscal do governo Lula superou as menções de Bolsonaro e se manteve assim até o final do dia.

“No somatório do dia, o regime fiscal teve 10 mil mais menções que a volta de Bolsonaro”, informou o diretor da Quaest. Segundo Nunes, os números são “uma evidência” de que a estratégia comunicacional de divulgar as novas regras fiscais nesta quinta-feira, no mesmo dia da chegada de Bolsonaro, “foi acertada”.
Planejada como um grande evento político trinfal, a aterrissagem de Bolsonaro não teve o efeito esperado: ao contrário de milhares de apoiadores, só estiveram no aeroporto de Brasília dezenas de bolsonaristas, e a mobilização em frente à sede do PL tampouco foi massiva.
E, ainda, competiu com outros assuntos mais importantes. A decisão sobre as mudanças fiscais divulgadas poucas horas depois da chegada do ex-mandatário ofuscou o evento de Bolsonaro. Com grande expectativa – e mesmo polêmica ou contrária às medidas, principalmente do mercado, o anúncio das regras fiscais chamou mais a atenção.
A título de comparação, a Quaest mostrou quantas menções foram feitas a Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro do ano passado, por exemplo: 680 mil, muito superior à sua aterrissagem. Até a ida do ex-presidente aos Estados Unidos, vista como uma fuga para não passar a faixa presidencial ao sucessor democraticamente eleito, foi mais comentada nas redes sociais: 520 mil. Enquanto que o evento de ontem teve 483 mil.

Ainda, segundo Felipe Nunes, “a maior parte das menções a Bolsonaro foi negativa, enquanto a maior parte das menções ao regime fiscal foi positiva”.