TERRITÓRIOS DE INDÍGENAS ISOLADOS TIVERAM 3,2 MIL HECTARES DESMATADOS EM 2021, APONTA RELATÓRIO

Brasília (13/06/2018) – O Ibama e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) de Mato Grosso, com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer-MT) e da Força Nacional, iniciaram nesta terça-feira (12/06) operação conjunta para coibir o desmatamento ilegal da Amazônia. Na primeira ação, agentes ambientais flagraram o corte raso de 160 hectares em área de Reserva Legal em Tapurah (MT) por correntão, técnica que usa dois tratores e uma corrente com elos grossos para derrubar a vegetação nativa.Na base utilizada pelos infratores foram apreendidos um caminhão, uma pá carregadeira, uma moto, uma camionete, motosserras e documentos que evidenciam a saída da madeira, além de fichas de funcionários e comprovantes de transações bancárias. A Sema estima que a ação evitou o desmatamento de outros 800 hectares.Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT
Instituto Socioambiental constatou 904 alertas de desmatamento dentro das Terras Indígenas com presença de isolados
Em 2021, foram desmatados 3.220 hectares de terras indígenas com presença de povos indígenas isolados, segundo dados do boletim Sirad-I, o sistema de monitoramento do Instituto Socioambiental (ISA).
Também foram registrados 904 alertas de desmatamento dentro desses territórios, que se concentram principalmente nas Terras Indígenas (TI) Piripkura (MT), Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Araribóia (MA) e Munduruku (PA). Também foram registrados focos de desmatamento nas áreas ao redor desses territórios, “o que revela a enorme pressão para esses povos”, informa o relatório.
A Terra Indígena Piripkura lidera a lista das 15 TIs selecionadas pelo ISA com pela maior área desmatada em 2021: foram 1.290 hectares desmatados.
A organização aponta para o vencimento da portaria de Restrição de Uso, um mecanismo legal que visa impedir as invasões e que, portanto, “deveria proteger o território e o grupo de índios isolados que ali vivem”. Em setembro de 2021, o governo federal renovou a portaria por seis meses, com vencimento previsto para março de 2022. Tradicionalmente, o prazo estabelecido é de três anos. O novo prazo de proteção legal é o menor desde 2008, quando foi criado.
“Além disso, ainda existem grandes desmatamentos localizados a menos de 500 metros do limite do território, e diversos ramais que facilitam o acesso ao interior do território”, informa a organização no relatório.
Em seguida, aparece a Terra Indígena Mundukuru, com 1.096 hectares devastados pelo garimpo. De acordo com a organização, a região sofre “historicamente com o garimpo ilegal”. Hoje, a “corrida rumo ao ouro parece se intensificar cada vez mais dentro desse território”, o que levou à destruição de pelo menos três rios na região, informa o ISA.
“O que tem impulsionado este massacre nos últimos três anos dentro do território está profundamente ligado ao desmonte da legislação socioambiental. Isso tem influenciado na expansão da atividade garimpeira e na reativação de antigos garimpos no território.”
Clique aqui para conferir o relatório completo.
Edição: Rodrigo Chagas