LIDERANÇAS MUNDIAIS ASSINAM MANIFESTO PELA ANULAÇÃO DAS SENTENÇAS DE LULA
Ministro do STF recebe manifesto de apoio a Lula, assinado por cerca de 400 personalidades da política mundial
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes deve receber nesta terça-feira (10) um manifesto em apoio a Lula, assinado por 400 lideranças políticas de entidades, associações e universidades de 46 países da América Latina, África e Europa. O manifesto defende a anulação das sentenças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.
Segundo informou a coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, “o documento afirma que a conduta do ex-juiz Sergio Moro e da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público deixam claro a ‘existência de conluio’, e que o petista teve negado o seu direito a um julgamento imparcial”.
O documento também rejeita a participação do FBI nas investigações da operação Lava Jato. “Recebemos com estranhamento as notícias de que houve ingerência do FBI e do Departamento de Justiça do governo dos EUA com os procuradores da Lava Jato. Sabemos que é inaceitável que governos estrangeiros atuem sobre processos judiciais locais que agridem a soberania e escondem outras motivações políticas e econômicas”, afirma o manifesto.
A iniciativa marca um ano desde a soltura de Lula após 580 dias encarcerado na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. Com a prisão, Lula ficou fora das eleições presidenciais de 2018, ao passo que Moro se alçou a ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Batalha judicial
Um ano depois da soltura, a batalha judicial da defesa de Lula nos tribunais superiores (STJ e STF, considerados a terceira instância) continua. Na semana passada, o ministro Edson Fachin, do STF, voltou a negar recurso dos advogados do ex-presidente pedindo a suspensão de julgamento da Quinta Turma do STJ, adiado na terça (3) pela segunda vez. O ministro decidiu remeter ao plenário do STF a análise de habeas corpus.
A defesa alega que, na condenação pelo STJ, não foi assegurada ampla defesa porque, entre outros motivos, o advogado Cristiano Zanin Martins não pôde participar da sessão.
Argumentam, principalmente, que a questão da parcialidade de Sergio Moro está pendente de julgamento pelo Supremo. A defesa de Lula pede no STJ “acesso às mensagens apreendidas na Operação Spoofing, para reforçar a nulidade do processo”.
Leia o manifesto na íntegra
Manifesto de Solidariedade Internacional ao Presidente Lula e Pela Anulação das Sentenças Pelo STF
Exmos. Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal
Nós, os signatários da presente carta, nos dirigimos respeitosamente aos senhores, integrantes da máxima Corte judicial do Brasil, para expressar-lhe nossa profunda preocupação com curso do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os fatos revelados pelo site The Intercept, difundidos em diversos outros meios de comunicação do Brasil e do mundo, evidenciam que regras fundamentais do devido processo legal foram reiteradamente violadas. Ademais, a conduta do Sr. Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça, bem como de outros membros das Forças Tarefas da Lava Jato e do Ministério Público, deixa claro não somente a existência de conluio em um processo altamente politizado, como também que foi negado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seu direito inalienável a um julgamento imparcial.
Recebemos com estranhamento as notícias de que houve ingerência do FBI e do Departamento de Justiça do governo dos EUA com os procuradores da Lava-Jato. Sabemos que é inaceitável que governos estrangeiros atuem sobre processos judiciais locais que agridem a soberania e escondem outras motivações políticas e econômicas.
Entendemos que o Estado de Direito, no Brasil ou em qualquer outro país, corre sérios riscos quando não há respeito ao devido processo legal, que garante a todos os cidadãos o direito a um processo justo e imparcial. Entendemos, ainda, que a Corte possui um papel essencial na salvaguarda das instituições e da democracia brasileira. Assim, pedimos respeitosamente aos Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal que não se furtem à sua responsabilidade histórica, e atuem na plenitude de suas funções para reparar as injustiças cometidas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.