PROFESSORES DE MANAUS, SEM CONSCIÊNCIA DE CLASSE, SE IDENTIFICAM COM O AGRESSOR: GOVERNADOR

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PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG

 

Não há como escapar da responsabilidade e do engajamento dos dois conceitos revolucionários professor e educador, já que ambos remetem ao compromisso político-público. Professor, em sua etimologia-histórica, se mostra como enunciado comprometido com o público. Aquele que professa conhecimento em público. O que é necessário para todos. A impossibilidade de se desvincular do comprometimento-político-social. Transposto para relativização, o professor é o que professa aos estudantes o que é tão essencial para si como para eles, posto que todos os dois compõem o corpus constitutivo da sociedade. Ou seja, produzem a estrutura social com suas singularidades.  Este seu devir-revolucionário: a responsabilidade de sempre transcender em suas práxis e poiesis.

Já o significado de educador não difere muito do significado de professor. Somente quanto a experimentação. Enquanto o professor profere um discurso público já estabelecido, como no caso das disciplinas escolares, o educador tem como sua singularidade a sensibilidade-criadora que posteriormente se concretiza como corpos-cognitivos-afetivos que na prática cotidiana é tão somente sua conduta ética em forma de alteridade, solidariedade e altruísmo. O seu significado maior como ser ontologicamente constituído. É este sentido criativo, transformador do mundo, que confirma o que o filósofo Marx disse: “A História não faz nada… É o homem, o homem real e vivo que faz tudo; a História é simplesmente a atividade do homem prosseguindo os seus próprios fins”.  É este “homem real e vivo” que é o educador. Que sabe que “o homem é para ser ultrapassado”, como diz o filósofo Nietzsche. E o que movimenta a ultrapassagem é o educador com sua sensibilidade, inteligência e ética.

Sabe-se, nestes tempos em que um grande número de sujeitos-sujeitados encontram-se sob a ordem da zona escura, principalmente aqui no Amazonas, mormente em Manaus, que muitos que ocupam o magistério não são transpassados pelo sentido de classe trabalhadora em função da total alienação sobre os sentidos do ser professor e educador. Parecendo que ocupam esse cargo tão somente pelo salário (humilhantemente baixíssimo) que recebem que lhe deixam entorpecidos e indiferentes quanto ao sentido de classe que é a potência-política do trabalhador. O ser que percebe e concebe o mundo pelo movimento horizontal criativo e pelos deslocamentos transversais que criam novas formas de sentir, ver, ouvir e pensar como sendo sujeito produtor de história.

Hoje, dia 19, depois de aviltar os direitos dos trabalhadores públicos, com aquiescência dos alienados, congelando salários e direitos trabalhistas, além de mudar calendário-salarial, o responsável maior do evento estadual Wilson Lima, imitando outros governantes reacionários, decidiu oferecer uma ‘confraternização’ para os professores, no debochado palco alcunhado de sambódromo. O gueto dos conformados.

Alguns professores-educadores se recusaram a participar do evento chantagista. Amparado pelos sorteios de vários prêmios. Em psicanálise, a simbólica da chupeta para os conturbados na oralidade. O seio desaparecido. Muitos distanciados do corpus professor-educador, comparecerão se identificando com o agressor. Uma forma de masoquismo-profissional. Alguns racionalizarão afirmando que comparecerão por causa dos prêmios. Triste motivo encobridor da real negação-ontológica de se sentir comprometido com a mundo. Provavelmente, estes são os que votaram no candidato que propaga a tortura, o racismo, a homofobia, a misoginia, a xenofobia e outros horrores anti-humanidade. Além de entregar o país nas bocas sedentas do capitalismo internacional, principalmente do norte-americano. Alguns professores-obscurecidos, afirmam que irão realizar um protesto. Nada politicamente-significativo, já que se trata de um evento desativado de qualquer sinal real verdadeiramente concreto que tivesse partículas necessitadas de combate. Estes professores não percebem que o evento não passa de uma macabra nostalgia-folclórica que há décadas assombra a população de Manaus. Infantilismo como doença-psíquica da criança-bloqueada, representada por duendes-adultos. 

Se o evento Wilson Lima quisesse mesmo homenagear os professores, ele revogaria todos os atos contrários aos interesses da classe. Diria, alto e em bom som: “Moçada, sabe aquela história da violência contra vocês produzida por mim e meus semelhantes? A partir desse momento, já era! Os direitos de vocês continuam garantidos. E mais: vocês vão ter um aumento salarial maior do que o que o Amazonino lhes concedeu!”.

Mas isso é delírio. Porque o evento Wilson Lima não sabe que a política é a potência contínua da produção de formas alegres de viver em coletividade. Viver com os outros, pelos outros e como os outros. Se ele soubesse o que é a politica é potência da vida em sociedade ele não teria violentado os trabalhadores-públicos.

O professor-educador é revolucionário porque muda o estado de coisa cristalizado que se toma como verdade imbatível. 

                     

2 thoughts on “PROFESSORES DE MANAUS, SEM CONSCIÊNCIA DE CLASSE, SE IDENTIFICAM COM O AGRESSOR: GOVERNADOR

  1. Voltando…
    Um dia alguém quis ser professor.
    Buscou a faculdade e cursou.
    Foi buscar almas para ensinar e instruir…
    Mas descobriu q deveria ir além e começou a Educar…
    Educar a fazer escolhas, Educar a perguntar… Educar a buscar…
    Aí descobriu tbm que alguns poderes se irritaram com o Educador!
    Agora , mais uma vez querem lhes calar!
    Fizeram uma festa onde ninguém vai gastar…
    Educar compromete a corrupção… que nunca estará ligado a educação!
    Um povo educado tem Cultura, fé e tudo o que quiser… até mesmo o poder daqueles que só existem para agir contra o próprio povo.

    Ir à Arena da Amazônia no dia 19, não será o sonho de conhecer o Elefante Branco realizado num daqueles Jogos da final. Tampouco será a curtição de algo proporcionado com Carinho e Respeito de um governo que sempre os apoiou!!!
    NÃO! Será a *farra* com o dinheiro da Educação Pública …
    Que deveria valorizar o PROFESSOR e também proporcionar EDUCAÇÃO DE QUALIDADE!!!

    Prof. Elisandra

  2. Brilhante, comprometedor e eficiente texto professora-educadora Elisandra. A confirmação de quem, junto com o filósofo Spinoza, percebe o mundo claro e distintamente. E com o filósofo Marx, alguém engajada como potência-história criadora do novo.
    Por si, professor e educação são as potências transcendentes que transforma o estado de coisa imóvel.

    Abraços Afinsophia.org

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