*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*

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Quien quiera entender como funciona el mundo deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).

CHAGÃO PERGUNTA

O ‘Chagão!’ quer saber: Mesmo no tempo em que os clubes eram nacionalistas, já haviam seleções repletas de “importados”. A Itália de Mussolini faturou as copas de 1934 e 38 com brasileiros no elenco. A Holanda teve uma geração inteira de importados, com Rijkaard e Gullit. Mas em alguns clubes, a força de representação de um signo de pertencimento ainda persistiu. Qual o clube espanhol da primeira divisão que não possui nenhum estrangeiro em seu elenco? Resposta: embora não seja reconhecido, o País Basco (Euskadi) é uma nação dentro de nações. Ele abrange a Espanha e parte da França. O Athletic de Bilbao, do lendário estádio San Mamés, é o legítimo representante esportivo dos bascos. Em seu estatuto fundador, há um artigo que diz que somente jogadores bascos ou de origem basca podem trajar a camisa alvirrubra. O time é o quinto maior da história da liga espanhola, nunca caiu para a segunda divisão e, junto com o Real Madrid, foi o time que conseguiu um campeonato nacional invicto, na temporada 1929/1930. Recentemente, aderiu às regras do mercado da FIFA e permitiu, pela primeira vez em sua história, que um patrocinador colocasse sua marca na camisa.

CONTA OUTRA, LEONOR!

A Leonor manda avisar que não se surpreende que a malfadada crise de liquidez do mercado tenha chegado ao mundo do futebol. De longa data já se sabe que o dinheiro que percorre as transações de jogadores e de clubes, principalmente na Europa, é o mesmo que percorre as bolsas de valores do mundo, incluindo aí a lavagem em escala multinacional que ocorre no futebusiness. E, é claro, não poderia ser outra a liga mais afetada: a Premier League, da Inglaterra, que já vinha dando sinais de estafa, é a mais prejudicada. Não por acaso, Manchester United, Chelsea, e Liverpool, grandes protagonistas das últimas edições da Champions, estão ameaçados de participar do torneio, por restrição econômica da UEFA. Daí, para auxiliar o leitor intempestivo no entendimento desta crise futebusinesiana, a Leonor traz um artigo feito pelo jornalista Ubiratan Leal, do seu recém updateado site Balípodo.

CRASH À INGLESA

(no Balípodo)

“Vários clubes organizados, estádios lotados, forte consolidação institucional e mercadológica das marcas, projeção internacional. Nos últimos anos, a Premier League se transformou em algo além de um grande campeonato de futebol. Virou um grande negócio, que atraiu milionários com interesses duvidosos (Abramovich, Gaydamak, Shinawatra) e investidores profissionais. O que pode ser o caminho para uma crise.

O principal símbolo disso é o Liverpool. O clube passou para as mãos de Tom Hicks e George Gillet, norte-americanos que não têm nenhuma ligação especial com o futebol (no máximo, a passagem de Hicks como um dos donos da HMTF que fez parceria com o Corinthians e criou a PSN). O objetivo é investir para lucrar, como se faz em qualquer franquia profissional norte-americana.

Parte do plano dos norte-americanos era construir um novo estádio para os Reds. A taxa e ocupação de Anfield na Premier League é altíssima e dá a clara sensação e que a média de público (e a arrecadação em bilheteria) só não é maior por falta de assentos.

Foi por esse processo que passou – com sucesso – o Arsenal ao construir o Emirates e o Manchester United ao ampliar Old Trafford (estádio em que havia espaço físico para ampliações). O próprio Manchester United é exemplo da invasão norte-americana. Malcolm Glazer comprou os Reds depois de uma boa experiência como dono de time no Tampa Bay Bucaneers da NFL.

Entre os pequenos e médios da Premier League, também há casos de pesados investimentos efetivados ou projetados, mesmo que não tenha dinheiro norte-americano na parada. Tudo isso se sustenta em engenharias financeiras elaboradas.

E aí é que aparece o risco. Com a crise imobiliária que se transformou em crise de crédito que se transformou em crise financeira, a economia norte-americana está em um momento de vulnerabilidade extrema. Um cenário desse tem reflexos óbvios na economia mundial, sobretudo no sistema financeiro.

As incertezas do mercado já motivaram Hicks e Gillet a adiarem o plano de construção de um novo estádio para o Liverpool. O momento atual não recomenda investimentos tão longos e altos. O Manchester United teve um problema menor, por enquanto. A AIG, sua patrocinadora de camisa, ficou à beira do colapso, mas foi salva pelo governo dos Estados Unidos.

O West Ham é outro clube que pode sofrer muito com a crise. A quebra generalizada no mercado financeiro vitimou o Landsbanki, um dos maiores bancos da Islândia. Bjorgolfur Gudmundsson, dono dos Hammers, é um dos principais acionistas da instituição. Tanto que o técnico Gianfranco Zola admitiu que o clube não tem dinheiro para usar no mercado de janeiro e só poderá se reforçar se vender algum jogador antes.

Com clubes que se transformaram realmente em empresas e seguem as regras de mercado, a Premier League cresceu, mas se tornou dependente desse mesmo mercado. Imaginar quebras generalizadas é radical demais. O realista seria prever uma retração em certo investimentos até a economia se estabilizar. Talvez os clubes que tenham mecenas sejam menos vulneráveis, o que não torna o panorama menos preocupante para a liga como um todo”.

Ubiratan Leal.

LINHA DE PASSE

O jogador teuto-brasileiro Kevin Kuranyi simplesmente abandonou o vestiário da seleção alemã no intervalo da partida contra a Russia, pelas eliminatórias da Copa 2010. A justificativa seria o fato de ser convocado, mas sequer ter sido relacionado para a partida. Kuranyi não suportou o peso da reserva (ou nem isso) na Nationalelf. Após a fuga, se arrependeu, ligou e pediu desculpas ao treinador, Joachim Löw, que afirmou que não mais o convocará. Terá Kuranyi, que é centro-avante mediano, se estressado em ser reserva de outros centroavantes da lavra (ou laia) de Mario Gomez, o homem que perdeu um gol sem goleiro a menos de um metro da linha? Ou haverá outras razões, extra-campo? De qualquer sorte, o atacante de referência do Schalke 04 não vestirá, por enquanto a camisa tricolor dos alemães. Se a FIFA deixar, quem sabe ele possa vestir a camisa de Porto Rico, onde nasceu, ou mesmo disputar uma vaga no ataque canarinho. Do jeito que está, ele tem chances…

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A Ministra dos Esportes da França, Roselyne Bachelot, anunciou que serão interrompidos todos os jogos da seleção francesa onde o hino nacional for vaiado. A medida ocorre após o amistoso disputado na terça-feira entre os Bleus e a seleção da Tunísia. A maior parte dos torcedores presentes era tunisiano, apesar do jogo ser disputado no Stade de France. Em outros jogos contra ex-colônias francesas, como o Marrocos e Argélia, a Marselhesa também foi vaiada. O tempo de interrupção será determinado pelo presidente da federação, e todas as autoridades presentes deverão se retirar em definitivo do estádio. Pergunta-se à ministra francesa dos esportes: os Bleus devolverão os jogadores estrangeiros, que brilharam e brilham com a seleção francesa nas copas, como o argelino Zinedine Zidane? O secretário de Esportes, Bernard Laporte, defende que não se façam mais amistosos contra países que foram ex-colônias francesas. Jean Marie Le Pen ressuscitou dos mortos para aproveitar a deixa e condenar o que ele chama de “multiculturalismo”. Não ignoram, evidentemente, os franceses, o massacre político e humano empreendido pelo seu governo nestas ex-colônias, em nome do capitalismo nacional. Ignoram menos ainda que, quando este não foi mais necessário à garantia do lucro, pela internacionalização do mercado financeiro, foram os primeiros a abrir mão do entendimento de Nação. Será a reação ressentida dos governantes franceses uma “volta” ao nacionalismo exacerbado do meio-século passado, aproveitando a onda de estatizações bancárias mundo afora? Saberão que a música que enche de orgulho o incauto francês “puro” (se por acaso houve ou houver algum) funcionou durante muito tempo como marcador de poder nas relações de dominação destes países que hoje só podem revidar vaiando o hino francês, e vez por outra, fazer uns gols na combalida seleção azul? Hipocrisia típica do imperialismo europeu, bem ao estilo Berlusconi/Sarko-Bruni. Detalhe: se vaiar hino fosse motivo para não ter jogo, Brasil e Argentina, Brasil e Uruguai, jamais teriam disputado um amistoso varzeano sequer no século passado.

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Representante da intelectualidade na seleção amarelinha, o “matemático” Kaká mostra, por A+B, porque “a ordem dos fatores não altera o produto”:

Infelizmente, nestes últimos anos, a torcida ficou um pouco distante da seleção”.

Kaká, às vésperas da partida contra a Colômbia, no Maracanã, pelas eliminatórias da Copa 2010.

CAMPEONATOS AMÉRICA DO SUL

Tal qual o campeonato brasileiro, as eliminatórias sulamericanas tem times que não prezam pela regularidade. À exceção do Paraguai, que ampliou a liderança. Agora são seis pontos de vantagem, e o time guarani recebeu o lanterninha Peru, em feriado nacional decretado pelo presidente Lugo. O futebol não esteve à altura da data festiva, mas o time venceu com gol solitário no finalzinho. E na altitude de La Paz, a Bolívia passeava, tripudiando sobre as duas estrelas do Uruguai (sem Forlán): poderia ter goleado, mas no final, a garra charrua se fez presente, e aos trancos e barrancos os celestes empataram a partida e não saíram com um resultado de todo mau. No dia de hoje, enquanto a Venezuela só no Equador…

Tanguedia Porteña d’El Coco Basile: no meio da semana, o irmão do treinador da Roja, Marcelo ‘El Loco’ Bielsa (o homem do 3-3-1-3) chamou o DT albiceleste, Alfio ‘Coco’ Basile de antiquado futebolisticamente. No campo, Bielsa mostrou que o irmão também entende de futebol. Sem Riquelme e Tevez, o selecionado (com uma horrível camisa escura) perdeu por 1 a 0, fora o baile, comandado pelo bom Fabián Orellana, e embolou toda a meiuca da tabela.

Dunga Quase Queima o Beiço Com Café: a seleção colombiana é ruim. Chamá-los de medíocres tecnicamente seria um elogio. Um time inseguro, que não tem quem segure a bola no meio de campo com eficiência. Um time acéfalo, que não tem quem arme jogadas. Um time sem condicionamento físico, covarde, que não aproveitou a chance de vencer um selecionado brasileiro pior ainda. Quem assiste a seleção colombiana jogar se convence de que o governo de Uribe é uma tragédia social, pois não é possível que a geração que sucedeu o time que goleou a Argentina em plena Buenos Aires com um futebol vistoso tenha regredido tanto. Estarão os craque colombianos morrendo nas mãos do que restou das FARC e das guerrilhas paramilitares de ultra-direita? Já o torcedor brasileiro viu um Kaká, o intelecto da seleção, fazer o que faz de melhor: cair ao ser tocado, dar cotovelada, socos, empurrões e emitir impropérios contra os adversários e a arbitragem. Tudo, é claro, abençoado por Deus e pelo casal Renascer. De resto, um jogo para ser esquecido. Pelas duas torcidas. Resultados e próxima rodada:

9a Rodada – 11 e 12/10

Bolívia 3 – 0 Peru

Argentina 2 – 1 Uruguai

Colômbia 0 – 1 Paraguai

Venezuela 0 – 4 Brasil

Equador 1 – 0 Chile

10a Rodada – 14 e 15/10

Bolívia 2 – 2 Uruguai

Paraguai 1 – 0 Peru

Chile 1 – 0 Argentina

Venezuela 3 – 1 Equador

Brasil 0 – 0 Colômbia

Classificação:

Paraguai – 23

Brasil – 17

Argentina – 16

Chile – 16

Uruguai – 13

Equador – 12

Colômbia – 11

Venezuela – 10

Bolívia – 09

Peru – 07

CAMPEONATOS EUROPEUS

Nenhuma surpresa nos 22 jogos que fizeram a quarta rodada das eliminatórias européias. Todos os grandes venceram, com destaque para a Espanha, que venceu a Bélgica fora de casa. Teoricamente, os diabos vermelhos são o adversário mais forte da chave. As maiores goleadas foram as da Croácia contra Andorra e Irlanda do Norte contra San Marino: 4 a 0. Confira aqui os resultados, jogo a jogo.

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